Se nos dermos ao trabalho de verificar como se encontram elencados os países nos rankings da UEFA e da FIFA, ficamos a conhecer que Portugal se encontra no 7º lugar (europeu) e no 6º (mundial).
Mais precisamente: na FIFA, a Argentina segue no comando, seguida da França, Bélgica, Brasil, Inglaterra e Portugal; na UEFA, liderança para a Inglaterra, à frente da Itália, Espanha, Alemanha, França, Países Baixos (Holanda) e Portugal.
Daí que o espírito da equipa, que foi transmitido publicamente, fosse o de “porque estamos entre as oito melhores da Europa, o resultado obtido neste europeu da Alemanha foi positivo”. O que não deixa de ser uma verdade exata.
Mas era só isso que os portugueses queriam? Era só isso que a equipa nacional pretendia? Era só isso que a equipa achava que valia? Ou seria chegar à final, para tentar igualar o feito alcançado em 2016, quando se sagrou campeã europeia? Ou mesmo às meias-finais?
A verdade é que se ficou pelos “quartos”, quiçá envolvidos em “lençóis” que acabaram por “embrulhar” uma formação de largo espetro técnico-físico e mental que não soube “diversificar e aprimorar a equipa nacional” para ultrapassar, afinal, o que se verificou na noite deste dia 5 de julho de 2024. Saímos por baixo. Algo longe do até exigido.
Como é que uma equipa pode marcar golos, para ganhar, se durante a primeira parte deste Portugal-França nem sequer conseguiu fazer um remate para a baliza adversária (estatísticas UEFA e outras), ainda que tenha dominado a posse de bola em 60/40%, com uma vantagem de 311-247 passes, numa precisão de 93/90%?
Como se pode criar situações de golo se o corredor direito não teve ninguém para isso? Só funcionou o esquerdo, onde Rafael Leão muito porfiou, mas não teve ninguém na frente para ajudar!
Como aqui referimos na crónica de lançamento e na sequência das palavras ditas por Bernardo Silva e divulgadas no site da FPF, “podemos fazer melhor, claro que sim, mas é completamente diferente jogar uma qualificação e um Europeu. Estamos numa boa posição para garantir o acesso às meias-finais e ficarmos perto de chegar à final.”
Tendo acrescentado ainda que “é preciso Portugal a um nível altíssimo. Não estou de acordo quando dizem que não temos estado a um bom nível. Hoje podemos ir para casa ou ficar entre as 4 melhores da Europa. Para se estar aqui é porque o trabalho foi bem feito. Temos feito um trabalho espetacular. Frente à Eslovénia vou recordar para a minha vida. São momentos difíceis ir a um prolongamento, penáltis. Estar a uma curta distância de ficar fora do europeu. Foi um momento de grande euforia.”
E o que saiu do resultado deste Portugal-França? A eliminação!
Roberto Martínez, em discurso direto (site da FPF), referiu que “precisamos de estar orgulhosos dos jogadores, que lutaram e fizeram um desempenho muito bom. O futebol é cruel. Foi incrível, muito difícil, queríamos dar uma alegria ao povo português, esta equipa mostrou os valores de Portugal.”
“Foi um bom jogo. A França é boa equipa e jogámos olhos nos olhos, criámos oportunidades. Faltou precisão, marcar um golo. Foi um jogo de alto nível técnico e tático. Criámos perigo, chegámos nas duas alas, o Rafael Leão esteve sempre preparado para utilizar o seu talento. Quem entrou do banco ajudou e acrescentou. Foi muito bom desempenho, faltou o resultado.”
“Trabalhámos os penáltis muito, fizemos bem com a Eslovénia. Hoje a bola bate no poste e sai. É a diferença. Não é falta de qualidade ou de preparação. Uma equipa precisa de passar e a outra não pode, o futebol é assim. É cruel.”
Rafael Leão em discurso direto:
“Acabou a nossa caminhada. Agradecer o apoio de todos os portugueses. Não há muitas palavras. Infelizmente acabou. Os que jogaram e que entraram deram o máximo. O jogo decidiu-se nos detalhes, tivemos oportunidades e não fomos felizes. Penáltis é uma lotaria e a França foi feliz.”
“Aprender. É uma aprendizagem. Vai ajudar a crescer. Quero deixar uma palavra ao João Félix, que traz coisas diferentes que no futebol não há. Apesar de ter um episódio mau, é um talento incrível e vai dar a volta por cima.”
Pepe em discurso direto:
“O mais importante é dar os parabéns aos meus companheiros pela entrega que tiveram no jogo, cumprindo sempre o plano que tínhamos traçado para este jogo, mas o futebol é isso, é cruel.”
“Todos estávamos aqui com o objetivo de querer ganhar, de querer dar o nosso melhor pelo nosso país, obviamente não conseguimos dar essa alegria ao nosso povo, mas infelizmente o futebol é isso. É muito cruel. Há cinco dias ganhámos nos penáltis, hoje perdemos, há que dar força aos meus companheiros aos meus companheiros, que estamos num bom caminho.”
Fica registado!
“Quem faz o quê” e “saber estar e ser” foram outras “dicas” deixadas na perspetiva de algo acontecer. Não aconteceu!
Na segunda parte, a situação começou a melhor, com maior dinamismo – de um lado e do outro – mas a proficiência goleira não se vislumbrou, apesar de algumas incursões em que Diogo Costa e
Maignan (os guarda-redes) se impuseram e cortar o mal pela raiz.
À medida que o jogo caminhava para o final, os franceses criaram mais perigo e a bola só não entrou na baliza de Diogo Costa porque estava a atento, ainda que, por vezes, todos sentiram um “arrepio” quando a bola ainda deslizou pelo poste ou pela barra, sem que o guardião nacional tivesse oportunidade de chegar ao esférico. A sorte mantinha-se “portuguesa”.
Completando-se os 90+3’ minutos, o registo estatístico destes 90 minutos passou para 10-15 em remates (vantagem da França), dos quais 3-5 para a baliza (franceses ainda na frente), e bem que Portugal continuou a manter a posse de bola (60/40%) com vantagem, que não aproveitou, porque essa posse era de passes laterais e ou para trás, também com Portugal a chegar aos 643-438 passes (percentagem de precisão de 93/90%) mas, na prática, nada aconteceu.
Entrou-se na meia hora de prolongamento e aos 93’ Portugal teve uma oportunidade soberba para chegar ao golo, num passe de Francisco Conceição, a que Ronaldo não correspondeu como se esperava, tendo Pepe salvo Portugal de ficar em desvantagem (97’) quando a França chegou à área lusa.
Nos últimos 15’ de jogo, João Félix integrou a equipa e (108’) teve uma oportunidade para marcar, a assistência de Francisco Conceição – que foi outra alma viva depois de ter entrado (75’) – mas cabeceou para a malha lateral.
O “espalha brasas” manteve-se em bom nível – para tentar “acordar” o pessoal – mas partia sozinho, avançava e tinha que recuar porque não havia jogadores portugueses na frente, na linha de golo.
Mateus Nunes ainda entrou (118’) para o lugar de Vitinha (cansado), mas nada resultou, pelo que a última decisão seriam as grandes penalidades.
Neste final dos 120’, Portugal continuou com menos remates (14-19), dos quais 3-5 para a baliza, ainda que mantendo os 69/40% de posse de bola, com 865-585 passes (com uma precisão de 93/91%), que não foram transformados em golos. Zero absoluto.
Nas grandes penalidades, tudo foi diferente do que aconteceu frente à Eslovénia: Diogo Costa não defendeu nenhum dos cinco remates dos franceses e, no lado de Portugal, João Félix, quiçá entrado em campo por “obrigação” e não por “devoção”, acabou por rematar ao poste e colocar Portugal fora do europeu de futebol.
Mais uma oportunidade perdida para uma geração de ouro (e de milhões de milhões em transferências “transatlânticas”), em que Portugal perdeu a oportunidade de poder mostrar o que vale, com uma seleção nacional repleta de estrelas que, por motivos que não se descortinam (ou não se querem descortinar), vai perdendo fulgor atlético e histórico.
No outro jogo dos quartos de final, a Espanha venceu (2-1) a Alemanha, numa partida em que ambas as equipas se equilibraram durante os noventa minutos regulamentares (11-16 em remates, dos quais 5-4 para a baliza), numa posse de bola de 46/54% e numa previsão de passe de 85/85%.
Dani Olmo (51’) marcou para a Espanha e Florian Wirtz (89’) para a Alemanha, antes de se partir para o prolongamento.
Aos 119’ Merino colocou os espanhóis na dianteira, que se manteve até aos 120+6’, depois de Carvajal ter visto o cartão vermelho (120+5’), com as estatísticas a darem vantagem aos alemães, mas ao “de leve”.
Terminou a viagem de Portugal neste europeu’2024, mas a bola vai continuar a rolar até ao dia 14.
Para este sábado estão marcados os restantes jogos dos quartos de final, começando (17h) com o Inglaterra-Suíça e acabando (20h) com o Holanda-Turquia, recordando-se que a primeira meia-final terá lugar no dia 9 (20 h), entre a Espanha e França, para os vencedores dos jogos deste sábado se encontrarem no dia 10 (20h) na segunda meia-final.