Com mexidas tão acentuadas (e não se diga que foi por isso), com ansiedade demasiada ou “nervo” a menos, com falta de rotinas (ou sem elas), muda-se para dar descanso (o que é bom), mas dois erros inqualificáveis (2’ e 56’) bastaram para mostrar que, nesta quarta-feira Portugal não esteve em campo.
Tudo o que esteve na origem de um resultado que foi sempre negativo para uma seleção que toda a comunicação social europeia (e não só) assumiu que era candidata (e ainda é, e bem) e terminou a perder por um “expressivo” 2-0, numa derrota quase sem “vida!” São coisas que também marcam as pessoas. E os adeptos não mereciam.
António Silva teve azar. É verdade! E os outros? Onde estava a linha defensiva, num início de ataque? O jovem central luso, afastou-se demais e, não tendo espaço para progredir, retornou a bola para a sua defesa, onde ninguém estava por perto, sem ter visto primeiro a situação. O atacante georgiano, atento e rápido, recuperou o esférico, embicou em direção à área portuguesa e, sem oposição, atirou pela certa, com Diogo Costa apanhado de surpresa. Aconteceu! Não devia (nunca deve) acontecer!
A partir daí, a equipa lusa entrou em modo reativo enquanto a formação da Geórgia, mais possante, foi aumentando gerindo as linhas defensivas, ainda que sem deixar de contra-atacar, ainda que Portugal dominou, praticamente, todas as estatísticas, ainda que estivesse muito preocupado em recuperar a desvantagem, ainda que não precisasse porquanto já sabia que seria o primeiro em função do resultado do outro jogo.
Ronaldo (o incansável capitão, mas a dar nas vistas com os gestos nervosos para com o árbitro, pelo viu um amarelo) não atinou com o golo apesar das tentativas, como surgiu (17’) quando, na marcação de um livre de meio campo atirou forte mas o guardião defendeu para canto, enquanto (21’) a equipa lusa podia ter empatado caso António Silva (quiçá na tentativa de querer redimir-se da oferta do golo inicial do jogo) não fosse à linha final e deixando a Ronaldo, que tinha melhor angulo, o cabeceamento que podia dar no empate. Ausência de articulação entre os envolvidos.
Ronaldo teve ainda outra oportunidade, quando se tentou isolar e ficou frente ao guarda-redes, rematando forte, mas o defesa esticou a perna e desviou a bola da baliza.
Palhinha (43’) arranjou espaço para rematar, após boa jogada entre João Félix (que não justificou a chamada) e Francisco Conceição, com este a colocar a bola no ponto certo, mas o central a disparar ao lado da baliza.
Em cima dos 45’ foi João Neto que, ao tentar isolar-se, acabou por cair, reclamando falta – que não existiu – tendo levado cartão amarelo por simulação. Estava toda a gente sobre “brasas”, o que foi complicando o sistema explanado, que não deu resultado.
Pedro Neto quase traiu o guardião da Geórgia – equipa que se estreou numa fase final do europeu – ao marcar um canto, com a bola em arco e surpreender o guardião, colocado no primeiro poste, que evitou o golo quase por milagre, mesmo no final do primeiro tempo.
Na segunda parte, feitas alguns ajustes com a troca de alguns jogadores, a equipa nacional continuou a não atinar com nada, sendo que “a sorte aproveita aos audazes” – ou, parafraseando o Mestre Moniz Pereira, que dizia que “a sorte dá muito trabalho” – o que a formação lusa fez estava muito longe do que pode valer um campeão. Há fases e fases, há ir e vir, há que ganha! Que seja no dia 1, com a Eslovénia, para se chegar aos quartos de final.
Na abertura do segundo tempo, Portugal criou perigo na sequência de um pontapé de canto, mas Ronaldo, estando na zona, a bola fez carambola em vários jogadores, mas não houve tempo para acertar.
À medida que o tempo foi passando, a equipa foi ficando “desconcentrada” por “desatino” coletivo, João Félix manteve-se no seu registo de ter a bola muito tempo nos pés e, infelizmente, António Silva voltou a fazer asneira. Tentou desarmar um adversário, mas acertou na canela, sem gravidade, mas foi real, tanto que o árbitro foi obrigado a ir ao VAR para verificar. Resolução: grande penalidade para a Geórgia. O que correspondeu ao 2-0 (57’), golo marcado por Mikautadze.
A partir dai nada mais se pode compor ou recompor, apesar da substituição de mais jogadores, ficando-se na dúvida se, na realidade, João Félix estava mesmo pronto para jogar e dar o “litro”, ou se houve mais qualquer coisa. O selecionador nacional queria unir, mas, ao que parece, a desunião foi um facto nítido. Que a calma, o bom sendo, a responsabilidade individual e coletiva sem uma realidade até ao final do euro 2024.
Para rematar, analisem-se as estatísticas, com Portugal a dominar a bel-prazer (para sucumbir de forma desastrosa) depois de ter 69/31% de posse de bola, de ter feito mais remates (21-7) e de rematar mãos para a baliza (5-3), para não falar no número de passes (que triplicou face ao adversário), entre outras coisas em que o controlo da máquina ficou sem … fora de controlo.
Para o selecionador nacional, Roberto Martinez, “foi o pior resultado. Um jogo em que entrámos mal, sofrer um golo marcou muito o que o adversário queria fazer. Tentámos ter boa atitude, olhar para a baliza e tentar o primeiro golo, que era importante, mas a Geórgia teve momentos-chave: o segundo golo, toda a energia e força, e o desempenho do guarda-redes. Temos de lhes dar os parabéns e olharmos para os oitavos de final com uma equipa mais preparada.
“Não queríamos perder, mas agora temos todos os jogadores preparados com ritmo e outros descansados. Quando perdemos, é uma mistura. Sofrer o golo cedo deu-lhes energia, força e crença.
“Não precisávamos de ganhar, mas preparar a equipa, os jogadores individualmente. Não arriscar com situações como o Palhinha que só jogou 45 minutos, para não ficar em risco. O mesmo para outros jogadores”.
No dia 1 do novo mês de julho será a última oportunidade para Portugal demonstrar de que campeonato é: candidato ou, apenas, mais um!
Turquia entrou diretamente nos oitavos de final
Nos outros jogos desta quarta-feira, a Eslováquia e a Roménia empataram (1-1) enquanto a Ucrânia e a Bélgica também não passaram de um (0-0), fechando o grupo E com a sincronia de cada equipa ter quatro pontos, com os ucranianos a ficarem de fora. Bastava um golo para poderem ser apurados.
No grupo F, Portugal seria sempre o primeiro (6 ponto), deixando a Turquia ficar também com os mesmos pontos – depois de venderem a Republica Checa (2-1), enquanto a formação lusa perdeu ante os estreantes da Geórgia em europeus por um expressivo 2-0.
Calendário dos oitavos de final
A partir deste sábado, iniciam-se os oitavos de final do Euro 2024, com a realização dos jogos Alemanha-Dinamarca e Suíça-Itália. Seguem-se (dia 30) o Espanha-Geórgia e o Inglaterra-Eslováquia, seguindo-se (dia 1 de julho) o França-Bélgica e Portugal-Eslovénia, para dia 2 se fechar esta eliminatória (17 e 20 horas) o Roménia-Países Baíses