Marcando cinco golos nos primeiros quarenta minutos de jogo, parece não haver dúvidas – se é que existissem – que Portugal está com uma pedalada do “arco da velha”, como que “trucidando” as equipas que integram o grupo J da fase de apuramento para o Europeu de 2024 (Alemanha).
Como se diz na gíria, de “rodada em rodada se marca na passada e se chega à goleada”. Foi isto que a formação bósnia não conseguiu nem ver, nem travar e, muito mais, sem nunca sentir.
Tal desiderato foi um excelente tónico para a formação portuguesa, que continua sobre rodas, como que patinando em qualquer pista de relva, onde somou o oitavo triunfo consecutivo, levando Roberto Martinez, o selecionador nacional, a bater mais um recorde, com um feito inédito (o melhor tinha sido Fernando Santos, com 7 vitórias consecutivas, no apuramento para o euro’2016).
Posto isto, ficou sem se perceber muito porque é que a equipa da Bósnia, por norma, forte, aguerrida, complicativa até, não correspondeu aos anseios dos seus adeptos, surgindo em campo pronta para todos os desafios, mas que “caiu” a partir do primeiro golo luso (5’), como que deixando o prado verde para Portugal se deliciar.
Jogando com tudo a dar certo, desde as movimentações implementadas em função das características de cada jogador, e à rapidez de ação de cada um dos intervenientes, a máquina esteve quase perfeita, não se dando por qualquer milímetro de terreno desaproveitado, o que deu em mais uma goleada histórica, num ano em que – apesar das guerras, da inflação, do VAR e dos áudios – tudo tem brilhado para a equipa das quinas, qual guerreiros invencíveis (como o são) até agora.
É verdade que foi através de uma grande penalidade, proveniente de um remate de Rafael Leão que levou a bola ao braço do defesa Baisic, castigo máximo que foi confirmado pelo VAR.
Chamado a converter esta primeira grande oportunidade para abrir o marcador, Cristiano Ronaldo não se coibiu de cumprir a missão, chegado ao 1-0.
Pouco mais de dez minutos volvidos, Bruno Fernandes teve tudo a seu favor para chegar ao 2-0, depois de uma jogada (bem preparada e continuada) que acabou por terminal mal quando o médio luso rematou ao lado do poste, depois de um trabalho exemplar de João Félix e João Dalot, que cruzou, mas Bruno não acertou.
Dois minutos depois (20’), Ronaldo – numa jogada que começou em Gonçalo Inácio, passou por João Félix para endossar ao capitão – aproveitou uma paragem da defesa, adiantou-se isoladamente e quando o guardião Sehic saiu a fechar o ângulo viu a bola passar por cima da cabeça e anichar-se na baliza pela segunda vez.
Mas a “artilharia” lusa mantinha-se unida e intocável quanto às pretensões de vencer por margem dilatada, para além de querer vencer para poder ficar isolado no comando do grupo J, com uma vantagem que garantisse o primeiro lugar final, para poder ser um dos cabeças-de-série no sorteio para os oitavos de final do europeu de 2024.
Tanto que, 25’, Bruno Fernandes chegou ao 0-3 depois de um lançamento longo de Gonçalo Inácio que o médio controlou e “fuzilou” da melhor forma.
Mais sete minutos (32’) foi a vez de João Cancelo atingir o 0-4, depois de Bruno Fernandes ter tentado entregar a bola a Ronaldo, mas este “perdeu-se” no caminho e a bola acabou por seguir para Cancelo rematar forte e fazer o golo, da tranquilidade, esperando o final da partida para se saber qual o resultado da Eslováquia para se fazerem as contas finais, que era o objetivo concreto.
Para fechar com “chave de ouro”, João Félix fez o 0-5, depois do atacante remeter a bola para Otávio que, na passada, a endossou ao mesmo João Félix para “molhar a sopa”.
No primeiro tempo – até parece mentira – Portugal rematou 8-0, dos quais 6-0 para a baliza, tendo obtido cinco golos (extraordinário), numa posse de bola que foi lusitana (68/32%).
No segundo tempo, com a Bósnia a entrar com algumas substituições para tentar dar coragem à equipa, passou a haver um maior equilíbrio – Portugal também fez substituições – e a verdade é que o resultado não sofreu alteração, com os lusitanos a terminarem e a vencerem por um expressivo 5-0.
De realçar que Ronaldo continua a somar recordes, agora com 126 golos em 203 jogos realizados na carreira com a camisola das quinas.
Nota ainda para a estreia absoluta na seleção nacional A do jovem (19 anos) benfiquista João Neves, que jogou nos últimos vinte minutos de jogo, mas sem ter um papel mais ativo, porquanto tudo estava decidido.
Numa estatística relativamente “pobre”, Portugal fez 9-3 em remates, dos quais 5-0 para a baliza, todos revertidos em golos, o que é significativo.
Com 24 pontos em oito jogos, Portugal lidera o grupo, seguido da Eslováquia (16), confirmando-se como cabeça de série para a fase final do europeu, enquanto Luxemburgo soma (11), Islândia (10), Bósnia (9) e Liechtenstein (0).
A grande luta para o terceiro lugar – que dá mais uma hipótese de entrada na fase final – está agora voltada apenas para Luxemburgo, Islândia e Bósnia.
A competição regressa no dia 16 de Novembro aos relvados, com os jogos Liechtenstein-Portugal, Luxemburgo-Bósnia e Eslováquia-Islândia, onde poderá haver alguma surpresa de última hora.