Não se trata da conquista de uma medalha de ouro do mais alto quilate – pela qual ninguém esperaria, por certo – mas foi significativa a forma como o Panathlon Clube de Lisboa atingiu um elevado patamar mediático, em especial no espaço lusófono, com a realização da segunda edição do Ética Summit, que teve em 2022 a primeira edição.
Com o apoio e a parceria dos vários países – Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste – Portugal voltou a dar um passo em frente ao reativar os contatos com os países de língua portuguesa, enquanto a CPLP (e o governo português) não avança para a regularização dos encontros formais que tinham atingido um excelente patamar de cooperação na área desporto (e temas associados), que se mantém “bloqueada” desde a pandemia provocada pelo Covid19.
Ao seguir-se alguns dos workshops, foi patente verificar-se que a maioria dos países lusófonos deram passos importantes nas várias matérias em debate, em especial por terem apresentado técnicos (licenciados) com conhecimentos nas questões em debate, onde participaram sessenta oradores, numa média de cinco em cada painel discussão, o que regozija os falantes de português, que continuam a demonstrar a evolução que tem havido nos últimos anos.
Nos workshops que fecharam o último dia – “Políticas e práticas de prevenção e combate à violência” e “Match fixing e a defesa da integridade e da verdade desportiva nas competições”, vulgarmente conhecido nos meios desportivos como “manipulação de resultados” – os oradores souberam, através de diálogos percetíveis, exprimir as suas opiniões sobre os temas em debate e darem a conhecer o que se está a fazer (ou ainda não) nos países que representavam.
Várias experiências foram divulgadas, também tendo presente a diversidade (geográfica e desportiva) de cada um dos países, na ótica dos oradores.
A diferença entre o que se tem feito em Portugal (há muito na linha da frente na luta contra a dopagem no desporto, através de um trabalho árduo e científico do Prof. Luís Horta, que coordenou o processo de acreditação do Laboratório de Dopagem para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, depois de ter feito o mesmo em Portugal) e no Brasil foi grande, mas hoje em dia os dois países conseguiram recuperar a acreditação e continuarem uma ação de grande envergadura na luta contra os prevaricadores.
Quanto aos países lusófonos de África a situação é diferente, está mais atrasada, mas o sistema encontra-se em franco crescimento e no bom caminho. Só por isto, saber que a lusofonia está unida por estas lutas (justas) no desporto, foi muito bom ouvir quem sabe da poda.
No workshop sobre as “políticas e práticas de prevenção e combate à violência no desporto”, que teve abertura feita por Miguel Fachada (CNAPEF-Portugal), com moderação de Victor Osório, Advogado de Cabo Verde e ex-presidente da Federação de Futebol; Vítor Ferreira, antigo hoquista internacional português e vice-presidente da Federação de Patinagem de Portugal; Heloísa Reis, professora de ciências do desporto no Brasil; e Isabel Major, ex-SG da Federação de Basquetebol de Angola, ex-atleta e psicóloga, a primeira dúvida que surgiu foi se “o desporto gera violência” ou se “a violência foi levada para o desporto”.
Uma constatação foi a de que “há leis punitivas” e não há “preventivas”, ainda que a base comum seja ligada ao futebol, o fenómeno das multidões em todo o mundo.
Neste mesmo tema, questionou-se se as sanções devem “ser pecuniárias” ou “punitivas com suspensões”, entrando-se também no quadro legal da sua elaboração, se pelo Estado se pelas entidades que gerem as modalidades desportivas.
Muito mais se abordou nesta área, com um consenso muito alargado, mas com a certeza de que tudo o que se fizer deve ser bem efeito para evitar “desencontros”.
Até surgiu uma frase de se “fazemos a lei para a qual não educamos a população geral e desportiva”, o que assenta que nem uma luva no fator principal de todo o ser humano: ter uma educação global que faça com que a criança siga para jovem e, depois, adulto, com valores morais e sociais que os possa ajudar noutras áreas.
O papel dos “comentadores” na comunicação social também esteve na baila, com relevo sobre “que ética é que defendem” – e se a têm – “que conhecimentos tem das matérias que relevem um currículo e carreira desportiva a bom nível intelectual.
Noutro tema “Match fixing”, moderado por Cassandra Fernandes, ex Directora Global de Lottery Monitoring System, no Brasil, Gustavo Delbin, Advogado na Federação Paulista de Futebol; Mara Dantas dos Reis, Jurista no Comité Olímpico de Cabo Verde e na Federação de Ginástica e Mariana Chamelette, Advogada (Brasil) chegaram ao primeiro entendimento global, que foi o de que este assunto tem maior peso no futebol, a modalidade mais mediática em todo o mundo e, por isso, mais visível.
Este assunto é algo mais complexo, não existem (ainda) em todos os países lusófonos, se bem que os diálogos realizados foram produtivos para o futuro, sendo que, no Brasil, este processo só agora está a ser implementado, por atrasos consecutivos na elaboração da legislação específica, que só este ano se iniciou, ainda que como “medida provisória”.
Como prioridades, para uns é “relativa”, para outro deve-se caminhar para a criação de Uma Autoridade Única” para abordar estes assuntos.
A sessão de encerramento contou com a presença de Mário Almeida – Presidente do Panathlon Clube de Lisboa; Pedro Souza – Presidente do Panathlon Internacional Distrito do Brasil; Avelino Azevedo – Presidente do Conselho Nacional Associações Profissionais de Educação Física e Desporto; Cláudio Boschi – Presidente do Conselho Federal de Educação Física (Brasil); Pedro Sequeira – Presidente da Confederação Lusófona de Treinadores; e Filomena Fortes – Presidente Associação dos Comités Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa (Cabo Verde).
Na intervenção feita, Pedro Souza teve oportunidade de abordar o tema dos “Deveres dos Pais” – um projeto implementado pelo Panathlon Internacional anos atrás, que o Panathlon de Lisboa implementou no ano seguinte em Portugal, que teve uma significativa adesão, tendo referido que “o Panathlon é a gota no Oceano da Éica”.
Assim se realizem ações de trabalho de campo (junto dos jovens) com assiduidade, de forma assertiva, como princípio da educação que deve ser apanágio em todas as casas.