Na estreia em fases finais do Campeonato do Mundo femininos, a Seleção Nacional perdeu (1-0) frente aos Países Baixos, no primeiro jogo da fase de grupos (grupo E), mas deu boa conta de si, nos primeiros minutos da partida e, sobretudo, na segunda parte.
No estádio Forsyth Barr, em Dunedin, na ilha sul da Nova Zelândia, as internacionais portuguesas fizeram história, mas não tiveram “encouraçado” suficiente para suster uma fisicamente poderosa formação dos Países Baixos (Holanda).
Com uma entrada aguerrida e muito pressionante, Portugal deixou as neerlandesas em sentido nos primeiros minutos, mas viu-se em desvantagem ao minuto 13, numa jogada de bola parada: após um canto, Stefanie Van der Gragt conseguiu saltar mais alto que as portuguesas e cabeceou para o fundo da baliza defendida por Inês Pereira. O lance ainda foi anulado num primeiro momento, mas a árbitra Kateryna Monzul reverteu a decisão após consultado VAR.
Entretanto, não se percebeu porque é que a guarda-redes lusa não se saiu ao remate proveniente do pontapé de canto, porquanto estava ao segundo poste, para onde foi a bola), porque as duas defesas lusas por perto não saltaram mais e, ainda, porque a própria guardiã viu a bola passar à sua frente e não se fez ao lance, com a bola a entrar paulatinamente na baliza.
Em desvantagem no marcador, o importante foi avançar a “toda a força” para a área adversária, sem se pensar e jogo organizado, mas apenas em tentar ultrapassar um bloco defensivo coeso por parte das neerlandesas, onde Jéssica Silva não conseguiu penetrar porque fez tudo de forma individual (como se confirma pela imagem).
Este foi o momento em que, depois da euforia inicial, Portugal “tremeu”, como se verificou no ora referido quanto à avançada mais adiantada, que lutou, lutou, mas não ganhou, com a equipa a passar um mau bocado em termos psicológicos, com Jéssica Silva a recuar até à zona de defesa para tentar reencontrar o caminho para a frente, o que também não resultou.
A formação lusa mostraria a sua melhor versão no segundo tempo, após as substituições operadas por Francisco Neto – o que foi tarde, porquanto só verificadas cerca dos 80 minutos (fazendo lembrar os tempos de Fernando Santos no masculino) com Telma Encarnação a criar muito perigo e a obrigar a guarda-redes neerlandesa a aplicar-se aos 82 minutos. Mas o resultado manteve-se até final.
Pelo meio ficou patente o desconforto moral na equipa lusa, com Jéssica Silva (56’) e Diana Gomes (84’) a serem bafejadas com cartão amarelo.
Com o resultado deste domingo, os Países Baixos igualam os Estados Unidos na liderança do Grupo E, com três pontos cada, enquanto Portugal e Vietname fecham a primeira ronda sem pontos.
Recorde-se que seguem para os oitavos de final os dois primeiros classificados de cada grupo.
Portugal volta ao relvado na próxima quinta-feira.
As equipas alinharam da seguinte forma;
Países Baixos: Daphne van Domselaar, Sherida Spitse, Stefanie van der Gragt, Dominique Janssen, Victoria Pelova (Kerstin Casparij, 90+4), Jackie Groenen, Jill Roord, Daniëlle van de Donk (Damaris Egurrola, 80), Esmee Brugts, Lieke Martens e Lineth Beerensteyn (Katja Snoeijs, 87).
Portugal: Inês Pereira, Ana Borges, Carole Costa, Diana Gomes, Tatiana Pinto, Dolores Silva (Kika Nazareth, 67), Fátima Pinto, Catarina Amado (Lúcia Alves, 78), Andreia Norton (Andreia Jacinto, 78), Jéssica Silva e Diana Silva (Telma Encarnação, 78).
O Selecionador Nacional Feminino, Francisco Neto, mostrou-se orgulhoso da equipa de Portugal após a derrota tangencial com os Países Baixos (0-1), que recordou que as holandesas têm uma das melhores equipas do Mundo e diz que houve momentos em que Portugal esteve por cima.
“Não sinto que tenham entrado ansiosas. Saio com uma sensação de muito orgulho por elas, pelo que fizeram. Mostraram o porquê de se terem qualificado. A forma competitiva como disputam os jogos, sabendo que é um Mundial e que estamos a jogar contra uma das melhores equipas do mundo (9ª no ranking FIFA). Tivemos de sofrer, mas houve momentos em que estivemos por cima e criámos intranquilidade. Numa situação de bola parada acabámos por sofrer o golo, porque de resto há provavelmente uma situação de perigo para os Países Baixos”.
Francisco Neto acrescentou, dizendo que “tivemos dificuldades em tirar a bola da zona de pressão, por mérito da Holanda. Pressionaram-nos muito. Não vou comentar as inúmeras situações em que podíamos ter saído, mas a pressão mais agressiva não permitiu. Independentemente disso, é o jogo, temos de crescer e perceber onde não estivemos tão bem”.
Salientou ainda que “tudo está em aberto. Não compromete a passagem, há mais dois jogos, mas também não garantiria se o resultado fosse outro. Entrar a pontuar seria sempre muito melhor, mas o que há em jogo é o que depende só de nós. Temos mais dois jogos e acredito que se formos competitivos vamos chegar ao último dia a depender só de nós”.
Por seu lado, Ana Borges lamentou a derrota de Portugal frente aos Países Baixos, garantindo, no entanto, que a equipa vai corrigir os erros para o duelo contra o Vietname, quinta-feira pelas 8h30.
Salientou que “sabíamos do potencial dos Países Baixos e que ao mínimo erro podíamos pagar caro. Infelizmente foi outra vez numa bola parada. Na segunda parte mostrámos o nosso futebol. Temos de chegar mais, de querer fazer golo, mas agora não vale a pena pensar mais neste jogo. Temos de ver os erros que cometemos e pensar no Vietname”.
Esta foi a oitava derrota frente aos Países Baixos.