Sábado 23 de Novembro de 2024

Devagar, cansados, à espera do “salvador” Cristiano Ronaldo para ganhar à Islândia

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Diogo Pinto/FPF

Sabia-se, porque não era novidade, que a Islândia possuía uma equipa mais musculada, do ponto de vista físico, que advém dos ares frios (gélidos até) da sua existência geográfica, pelo que Portugal teria dificuldades para impor o seu jogo tecnicamente mais evoluído.

Tal como se disse, tal como aconteceu.

No âmbito da inércia mental (pelo cansaço) face ao quadro táctico ditado pelos islandeses – que se apresentaram para não perder – não se podia esperar outra coisa do que fechar todos os caminhos possíveis para que Portugal chegasse perto da grande área e poder rematar para golo.

Pelo efeito deste ditame, a parte psicológica também não podia fazer mais do que a resultou, porquanto foi “massacrante” ter uma posse de boa de 64/36% sem que houvesse hipótese de resolver o jogo até ao minuto 89.

O resultado viu-se: apesar dos muitos cantos conquistados (11-3) e até dos 10-7 remates alcançados (3-1 apenas para a baliza), a verdade é que os golos não surgiram, a não ser no último minuto do tempo regulamentar, com o mítico maior goleador do planeta Terra (200 golos pela selecção de Portugal) – que valeram vários prémios, um dos quais pelo Guiness Book dos Recordes – a fazer o golo que salvou o triunfo português, o quarto consecutivo nesta fase de grupos de qualificação para o Euro’2024.

Passes para trás, de forma lateral, com progressão lenta – que parecia mais um empatar de tempo – foram o ambiente em que se viveu, pese embora forçado pela actuação dos islandeses, que apenas queriam não perder, tal como se tinha verificado no euro 2016, em que se registou o único empate entre as duas equipas nos quatros jogos em que se encontraram.

Não funcionando o sistema psicológico, o físico não ajudou, por falta de “oxigénio”, porquanto o desgaste de um vaivém sucessivo começou a fazer-se notar à medida que o tempo de jogo foi escoando.

Se de início Portugal conquistou uma mão cheia de cantos, dos quais não resultaram golos, a tendência manteve-se como que entediante, com os últimos dez minutos do tempo regulamentar a criar mais choques, mais faltas e até a uma expulsão para os islandeses, face a uma maior luta para cada uma das equipas chegar ao que mais interessava.

Mais feliz, Portugal acabou por conseguir, no último minuto, uma jogada com princípio, meio e fim – depois de Bernardo Silva centrar para a o miolo da pequena área islandesa, com a bola a chegar diretamente a Gonçalo Inácio que, sem adversários por perto, cabeceou para o segundo poste, para onde se deslocou, oportuno, Ronaldo, para rematar a bola para dentro da baliza, ainda sem a certeza de que o golo seria válido, considerando que ninguém festejou, face aos braços no ar por parte dos defesas da Islândia.

Chamado o VAR a rever o lance (posição de Ronaldo), o veredicto foi favorável a Portugal (confirmado pelas imagens de TV), com o capitão da equipa nacional a poder fazer a festa à sua maneira.

Foi um jogo “mole”, de fim-de-estação, mas a felicidade virou-se para Portugal quase no cair da folha do encontro. Diz-se que a “sorte protege os audazes” e assim aconteceu. De forma justa porquanto a firmação lusa foi a que mais lutou pelo triunfo, ante uma Islândia que apenas não queria perder.

Nos outros encontros deste grupo J, a Eslováquia, segunda classificada, venceu o Liechtenstein por 1-0, com um único golo de Vavro nos descontos da primeira parte, com o Luxemburgo a derrotar a Bósnia-Herzegovina por 2-0, graças aos golos de Sanches e Sinani.

Portugal comanda com 12 pontos (quatro vitórias em quatro jogos consecutivos, o que tem sido raro e, até, inédito, acontecer), seguindo-se a Eslováquia (10), Luxemburgo (7), Bósnia Herzegovina e Islândia (3) e Liechtenstein (0).

A próxima ronda está marcada para 8 de Setembro.

Roberto Martínez, selecionador nacional, à RTP3, salientou que “no futebol internacional, depois de 72 horas, todos os jogos são difíceis. Equipa cansada? Sim, mas não fisicamente, uma fadiga mental. A Islândia é uma equipa que joga com pouco risco, muito organizada, mas os ataques de futebol direto precisam de muito foco, muita concentração, e tivemos isso. Foi uma vitória merecida, porque sem jogar um jogo atrativo, um jogo como podemos [jogar], tivemos de mostrar os valores de uma equipa ganhadora, que tem uma motivação e um orgulho para ganhar. São três pontos muito importantes”.

Acrescentou ainda Roberto Martínez, em declarações ao UEFA.com, que ”foi um belo guião (para Ronaldo). Foi uma celebração incrível, o primeiro jogador masculino de sempre no futebol mundial a conseguir 200 jogos internacionais. É preciso muito empenho, muito esforço e é um exemplo. Um exemplo para o futebol português e um exemplo para o país de Portugal e para o futebol mundial.”

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Diogo Pinto/FPF

Ronaldo, por eu lado, adiantou que ”não fizemos uma boa exibição, mas nem sempre podemos jogar como queremos. A Islândia não nos deixou jogar. Jogou com um bloco muito baixo, físico e foi um jogo com muita porrada. É difícil, mas como disse o mister no final do jogo, as qualificações ganham-se com este tipo de jogos. Jogos de luta. Nem sempre pode haver brilhantismo e talento. Hoje foi na luta, na guerra. No sofrimento. Lutámos todos do princípio ao fim, acreditámos e estamos de parabéns. Foi um jogo de luta.”

Sverrir Ingason, defesa islandês, em declarações ao UEFA.com, triste, declarou que “é realmente uma desilusão, depois de todo o esforço que fizemos no jogo. Penso que merecíamos, pelo menos, conquistar um ponto, mas foi difícil, especialmente depois de termos perdido um homem. Temos de aprender com isto. Equipas como Portugal têm muita qualidade e muita qualidade individual. Mantivemo-los [à distância] durante a maior parte do jogo, mas desligámo-nos por um momento e eles marcaram.”

 

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