Em dois jogos cujos resultados foram definidos apenas na marcação de grandes penalidades, a Croácia afastou o Brasil e a Argentina mandou os Países Baixos para casa mais cedo, no que foi o início dos quartos-de-final do Mundial Qatar 2022.
Realizados esta sexta-feira, os encontros que envolveram as quatros referidas equipas tiveram como condão algum equilíbrio na posse de bola mas uma disparidade enorme no número de remates por parta de cada um, bem como nos que foram direccionados para a baliza, se bem que ambas as partidas tivessem terminado, no tempo regulamentar, empatadas.
Desconcerto que também se verificou na transformação das grandes penalidades, considerando que as equipas que foram eliminadas apenas marcaram 2 (e 3) golos, no que pareceu ser um embaraço complexo pelo facto da perda de tantos golos ter levado ao extremo a vantagem das formações que acabaram por beneficiar do tal desacerto dos respectivos guarda-redes.
Como é que é possível (foi!) que em cinco remates para a baliza, se percam duas e três oportunidades de marcar e seguir em frente?
A tradição do desporto de competição é mesmo esta: nada está definido quando se inicia qualquer jogo, seja em que modalidade for! Isto é a essência do desporto que, no entanto, tem tentado ser desvirtuada através das apostas desportivas (que envolvem milhões de dólares ou euros).
Com o Brasil a pressionar deste o apito inicial (chegando a um número invejável de remates 21-9, dos quais 11-1 para a baliza), nem por isso foram criadas condições para a obtenção de golos, porquanto completaram o tempo regulamentar (90 minutos) com os croatas apenas a fazerem um remate, chegando ao empate final sem golos.
No prolongamento (15+15 minutos), a Croácia foi quem mais porfiou mas foram os brasileiros que primeiro marcaram (105+1’), depois que Neymar, em mais um incursão, dominou a bola com pés, fez uma triangulação pelo meio campo, chegou perto da grande área e abriu o activo, deixando a sensação de que o jogo estava resolvido, pese embora faltassem ainda outros quinze minutos para jogar.
A entrar-se para os últimos cinco minutos do encontro, com o Brasil em vantagem no marcador, a Croácia cerrou os dentes e foi atrás, no mínimo, do empate, para se candidatar ao prolongamento.
Foi assim que Petkovic (117’) – “sugando” a bola para si, num contra-ataque de 4×4 na linha ofensiva – fez soar os sinos do perigo e Petkovic acabou por, em jogada rápida, fazer um alinhamento da bola com a rede da baliza e chegar a empate (1-1), com que terminou a segunda parte da partida.
Mantendo-se o empate, a última situação para desempatar – o que é obrigatório – seria na marcação das grandes penalidades e, aí, os brasileiros não conseguiram o apuramento, porquanto a Croácia marcou 4 contra apenas duas dos croatas, das cinco que tiveram oportunidade de disporem, de acordo com os regulamentos FIFA.
Com o pássaro na mão, Neymar e os seus acólitos não tiveram nem arte nem manha para a marcação das grandes penalidades, concluindo pela positiva apenas duas tentativas, o que é menos de 50%, tendo como base uma certa falta de concentração para o efeito.
Pela segunda vez consecutiva, Croácia chegou às meias-finais do mundial para tentar imitar chegar à final, com se verificou em 2018, quando perdeu com a França. Tudo ainda em aberto para o feito máximo.
Argentina bem pode agradecer aos Deuses estar na meia-final
No outro encontro desta primeira parte de apuramento para as meias-finais, a Argentina começou por assegurar a liderança com o golo apontado por Molina (35’), depois de Messi ter penetrado pela defesa holandesa e ter isolado o seu colega, que surgiu frente ao guardião holandês e não desperdiçou a magnífica oportunidade para marcar, resultado que se manteve até ao intervalo.
No cômputo geral, os argentinos lideraram a estatística, com os 14-6 remates, dos quais (apenas) 5-2 para a baliza, numa posse de bola equilibrada (52/48%), tendo Messi voltado a marcar (73’), na transformação de uma grande penalidade, assinalada por falta sobre Acuna.
De imediato, Van Gaal, técnico da selecção holandesa procedeu a algumas substituições, para tentar reverter a desvantagem e, na verdade, a recuperação começou dez minutos depois, quando Weghorst, no seguimento de um centro longo da direita do seu ataque, subiu às alturas e desviou a bola para dentro da baliza argentina, reduzindo para 1-2.
Os holandeses continuaram a insistir e (85’) tiveram o 2-2 nos pés, mas a bola foi às malhas laterais.
Mantendo o foco de que era possível ir mais além, com o jogo a ter uma compensação de dez minutos, a Holanda acabou por empatar (90+11’) com um golo que se pode classificar de inteligente, porquanto na marcação de um livre frontal à baliza, o mesmo Weghorst foi desmarcado pela linha central e surgiu, com um pontapé à meia-volta, enviar a bola para o fundo da baliza, no que foi um balde de água fria para os argentinos.
Face ao 2-2 verificado, lugar às grandes penalidades, em que os argentinos souberam contornar o “esporádico” caso “psicológico” e vencerem por 4-3.
Portugal joga este sábado para também chegar às meias-finais
A equipa nacional – que continua a sua “fada de novela” – tem este sábado (15 horas), frente a Marrocos, a oportunidade de poder voltar às meias-finais do Mundial, mas tem pela frente um adversário que tem apenas um golo sofrido e ainda não perdeu qualquer jogo.
Nas mãos de Fernando Santos, seleccionador nacional, está a fórmula de como entrar em campo para conseguir o objectivo principal: ganhar!
Por isso, só mais tarde se saberá quem vai alinhar e, daí, se poderem tirar algumas ilacções.
Neste mesmo sábado, a Inglaterra defrontar a França (19h), esta campeã em título, no que será o jogo 59 deste Mundial do Qatar.
Tudo em aberto, para as quatro equipas envolvidos nos dois encontros.