Numa noite das mais brilhantes para a selecção nacional, Portugal “empandeirou” a chapa seis a uma Suíça que esteve muitos furos abaixo do que tem demonstrado nos últimos anos, e ficou mais “esburacada” ante a plateia do Mundial de Futebol Qatar2022, de onde foi afastada nesta terça-feira.
Um “teenager” chamado Gonçalo Ramos foi o grande culpado da situação, porquanto marcou o golo de abertura do jogo, chegando a um “hat-trick” que o transplantou para o segundo lugar dos melhores marcadores deste mundial, juntando-se às estrelas como Messi (Argentina), Rashford (Inglaterra), Richarlison (Brasil) e Morata (Espanha), podendo ser a grande surpresa desta competição.
Num jogo que foi um hino ao futebol, protagonizado pela equipa portuguesa, registe-se ainda que Portugal voltou a chegar aos quartos-de-final, o que não acontecia há 16 anos, depois de um “mau estar”, ao que parece ainda latente, com o onze luso a dominar o jogo nos principais eixos, em especial pelos 15-10 remates, dos quais 9-3 para a baliza (quiçá um record), de onde surgiu o final 6-1, no que foi a segunda maior goleada neste campeonato, depois dos 7-0 da Espanha à Costa Rica, realçando-se o facto de Portugal apenas ter tido 47% de posse de bola, porque o esférico girou sempre para a frente, na procura de golos e mais golos.
E por goleadas, recorde-se que Portugal venceu, no mundial de 2010, a Coreia do Norte por 7-0, no que ainda é o recorde português neste âmbito.
Percebeu-se desde o princípio que toda a gente estava mais importada com o colectivo do que o individualismo (bacoco, ao costume das estrelas), pelo que foi um desfilar de jogadas simples, bem arquitectadas e mais bem interpretadas pelos jogadores em campo, afinal o que foi o fio condutor do triunfo “alambazado” e útil nesta altura em que tudo podia descambar.
De resto, foi a história dos golos.
No seguimento de um lançamento da linha lateral, Gonçalo Ramos foi servido pela esquerda, deu dois pasos e rematou forte, com o pé esquerdo, levando a bola a subir até ao ângulo superior direito da baliza suíça, por onde entrou a uma velocidade estonteante, fazendo o 1-0 da melhor forma, no que foi um golaço.
Com uma “pressão” pouco vista – pelo menos neste campeonato – a equipa lusa entrou em “velocidade de cruzeiro”, criando oportunidades atrás de oportunidades, ante uma Suíça como que parada do tempo, sem acção, cujo primeiro remate sério foi conseguido por Shaqiri (30’), ao qual respondeu Digo Costa com uma grande defesa para canto, tendo respondido Portugal para ganhar um canto, quando Gonçalo Ramos estava preparado para rematar e poder marcar.
No seguimento desse canto, Pepe elevou-se até às nuvens e, entre os centrais suíços, e cabeceou para o 2-0 (33’), ante a “apatia” da defesa.
A Suíça ripostou, a bola surgiu na área portuguesa, Diogo Costa antou à “deriva”, mas a bola foi afastada da zona quente, com Portugal a (43’) voltar a criar perigo, depois de João Félix ter endossado a bola a Gonçalo Ramos – sempre em perigo iminente – que obrigou o guardião suíço a esticar-se o mais que pode para desviar a bola da sua baliza.
Com tudo sob controlo, Portugal chegou ao intervalo a vender por 2-0, mais que justo e, até, com um score curto para o trabalho que tinha desenvolvido.
No tempo complementar, Gonçalo Ramos (51’) chegou ao 3-0 (segundo golo da sua parte), depois de Diogo Dalot ter feito a assistência de forma precisa, para poder apenas fazer um pequeno desvio, em antecipação, para marcar.
Para tentar “dar a vota ao texto”, o técnico suíço fez entrar Seferovic (54’) que, como se provou, não teve nem espaço para ser criativo e, muito menos, marcar, tendo Raphael Guerreiro (55’) chegado ao 4-0, depois de ser lançado pela esquerda (Gonçalo Ramos, sempre na jogada), entrar na grande área, sem ninguém a estorvar, dar mais um passo e rematar, levando a bola a entrar ao segundo poste. A goleada estava a caminho.
Os suíços ainda reduziram (1-4) por intermédio de Manuel Akanji (58’), no seguimento de um pontapé de canto para o segundo poste, com toda a gente a ficar no centro da pequena área, onde surgiu o avançado a marcar sem problemas.
Sentiu-se uma pequena quebra na equipa nacional, mas (67’), o 5-1 esteve nos pés de Gonçalo Ramos, para um “hat-trick” (feito apenas conseguido antes por Pauleta e Ronaldo) de se tirar o chapéu, quando se isolou e fez um chapéu quando o guardião suíço se atirou aos pés.
Tempo (73’) para que Fernando Santos colocasse em jogo Cristiano Ronaldo e Ricardo Horta, comprovando-se que o capitão da selecção não tinha condições (físicas e anímicas) para jogar, numa altura em que se soube que estavam 83.720 espectadores no Lusail Stadium.
Com o tempo a correr para o final e em tempo de compensação, Portugal chegou ao 6-1 – pouco lisonjeiro para a Suíça, mas a superioridade lusa foi magnânima – com um golo marcado (90+2’) por intermédio de Rafael Leão, que tinha entrado ao mesmo tempo que Ronaldo.
Lançado pela esquerda do ataque, Leão isolou-se e rematou em arco para o segundo poste para fazer o último golo e Portugal e marcar o segundo golo neste mundial, o que é importante.
Com isto e por tudo o que foi escrito, Portugal entrou em grande nos quartos-de-final deste Mundial, restando saber-se como vai reagir a este triunfo magnífico no próximo jogo, frente a Marrocos que, nesta terça-feira, afastou a Espanha depois de um empate (a zero) no tempo regulamentar e no prolongamento, sendo derrotada (3-0) nas grandes penalidades, num encontro em que os espanhóis dominaram: 13-6 em remates, dos quais apenas 1-2 para a baliza e uma posse de bola de 77/23%.
Esta foi a segunda vez que Marrocos defrontou a Espanha, recordando-se que na primeira partida, no mundial de 2018, o jogo terminou com um empate a dois golos.
Os quartos-de-final iniciam-se na próxima sexta-feira, com o Croácia-Brasil (15h), seguindo-se o Holanda-Argentina (19h). No sábado (dia 10) será a vez do Marrocos-Portugal (15h) e o Inglaterra-França (19h), de onde sairão os meio-finalistas.