Bem se pode dizer que a noite esteve negra em Alvalade. Para além da derrota, que podia ter tido números astronómicos não fora a actuação do guardião Israel, uma dupla expulsão (Ricardo Esgaio e Pedro Gonçalves) ensombrou ainda mais o ambiente no Estádio José Alvalade.
Para se ter o melhor treinador do mundo, não é preciso só afirmá-lo; há que ter mão de obra qualificada para poder transformar ideias em coisas práticas. Daí que a primeira não funcione sem a segunda e vice-versa.
Ser derrota (2-0) e tendo dois jogadores expulsos, momentos acompanhados por uma exibição global de bradar aos céus para uma equipa que andar na alta roda europeia, não cabe na cabeça de ninguém que acontecimentos deste tipo se concretizem.
A equipa não é (não foi) um grupo de profissionais com estatuto superior que queria jogar para ganhar, mais parecendo um grupo de amigos que se encontram ao fim do dia para fazer uma peladinha, meter alguns golos e, depois, terminar o convívio convivendo com a família, neste caso, também elas de boca aberta pelo espectáculo que se viu, que muitos qualificaram como surreal ou irreal.
Desde o início que se percebeu que a formação leonina não tinha poder de penetração na defesa marselhesa, que apresentou uma bem elaborada lição de como se deve actuar para “derreter” o adversário – aquilo que o Sporting devia ter feito – em pouco tempo.
Ricardo Esgaio – amarelado por duas vezes (16 e 19’), no segundo caso ao rasteirar o avançado francês que redundou numa grande penalidade em que Guendouzi fez o 1-0 para o Marselha – foi expulso e o Sporting ficou a jogar com 10, ficando cada vez mais longe da baliza adversária, o que se confirmou com a posse de bola dos visitantes (69/31%), somando ainda 14-2 em remates, dos quais 5-2 para a baliza, o que foi marcante.
Ainda antes da meia hora (29’), Alexis Sanchez fez o 2-0 para os franceses, depois de se isolar e a defesa sportinguista ter ficado à espera de um fora-de-jogo, que acabou por não surgir, confirmado pelo VAR. Cinco minutos depois (34’), Coates lesionou-se e foi obrigado a sair, cuja substituição (que foram duas) não produziram efeitos, porquanto tanto Sotivios (saindo Edwrds) e Mousá, não revelaram “frescura” suficiente para dar a volta ao miolo.
O primeiro remate do Sporting à baliza do Marselha fez-se aos 37’, o que diz bem das dificuldades que os leões tiveram para chegarem perto da grande área contrária.
Perdem bolas (por norma em quase todos os jogos) porque preferem o individual e não beneficiarem o colectivo; não conseguem encontrar ninguém para passar a bola. Falta de sorte? Essa conquista-se com trabalho em conjunto.
No segundo tempo, Pedro Gonçalves levou um amarelo por reclamar junto do árbitro e, de seguida, viu o vermelho para ir embora mais cedo (60’), quando havia ainda muito para fazer e tentar recuperar o atraso no marcador.
A única equipa que procurou jogar para marcar foi o Marselha e conseguiu o objectivo porque o Sporting também facilitou, ante os olhares tristes dos 38.126 espectadores registados (menos cerca de 1.700 do que acontecera frente ao Tottenham).
Sabendo o que queria e como o alcançar, o Marselha bloqueou as linhas de acesso à sua baliza e, com rapidez, procurou sempre o caminho para a baliza leonina para marcar. E foram dois, mais que suficientes para conquistar mais três pontos (seis à conta do Sporting), para já, para baralhar a classificação do grupo D da Liga dos Campeões.
Com o triunfo (3-2) sobre o Frankfurt, o Tottenham assumiu a liderança, com sete pontos, ficando o Sporting e o Marselha com 6 e o Frankfurt, com 4,
O que quer dizer que os próximos dois jogos vão decidir tudo, com o primeiro marcado para 26 deste mês de Outubro, com o Sporting a deslocar-se a Inglaterra e os alemães defrontarem, em casa, o Marselha.
Pode ser que o tempo mude e que o Sporting ainda possa reverter a seu favor os desaires cometidos nestas duas últimas rondas, precisamente contra o Marselha.
