Além do triunfo de Pablo Cuevas sobre Pedro Aráujo, mais três embates ocorreram neste domingo no Clube de Ténis do Estoril, num dia onde ficou concluída a ronda de qualificação.
Hugo Dellien (89 do ranking ATP), Bernabé Zapata Miralles (119.º) e Pierre-Hugues Herbert (142.º) juntaram-se ao uruguaio no quadro principal do Millennium Estoril Open, bem como Carlos Taberner (94.º) como lucky loser.
O primeiro a garantir o bilhete para o quadro principal foi o mais cotado. Hugo Dellien, primeiro cabeça de série da fase preliminar, carrasco de Gastão Elias, ultrapassou o australiano Max Purcell (166.º) sem problemas de maior com os parciais de 6-1 e 6-2 em apenas 58 minutos. Na terça-feira vai medir forças com o checo Jiri Vesely (75.º).
No duelo entre amigos espanhóis (tinham até aquecido de manhã), Bernabé Zapata Miralles levou a melhor sobre Carlos Taberner. Num bom momento de forma, o pior classificado na hierarquia mundial do ténis masculino bateu Taberner com maior facilidade do que seria de supor e venceu por 6-1 e 6-3 em 70 minutos, sem ceder o serviço em qualquer ocasião.
O tenista do país vizinho vai agora defrontar o argentino Federico Coria (52.º), nesta segunda-feira. Quanto a Carlos Taberner, finalista do Maia Open em 2020, foi bafejado pela sorte e vai jogar o quadro principal do torneio com o estatuto de lucky loser devido à desistência tardia de Cameron Norrie. O próximo adversário do top 100 mundial será o sul-africano Lloyd Harris (40.º), que tem estado a contas com problemas nas costas.
Para fechar o segundo dia de competição, Pierre-Hugues Herbet e Fernando Verdasco (121.º) proporcionaram o encontro mais emocionante deste domingo. Num autêntico contraste de estilos (Herbert com muitas subidas à rede e variações de ritmo, Verdasco um ‘touro’ do fundo do court com uma direita muita pesada) entre dois jogadores que já viveram melhores dias (o francês foi 36º, o espanhol 7º), foi Herbet a levar a melhor, e até podia ter vencido em dois sets, já que dispôs de match point no 12º jogo do segundo parcial.
No fim de contas, a melhor criatividade e a maior coragem do antigo número um mundial de pares e vencedor de títulos do Grand Slam na variante prevaleceram face a Verdasco, que contava com o apoio do muito público português presente. Para piorar, o espanhol ainda perdeu o sorteio de lucky loser para o compatriota Taberner, enquanto que o carismático gaulês terá uma tarefa dura pela frente na prova principal perante Sebastian Korda, oitavo pré-designado e 37º melhor tenista do mundo.
Pedro Araújo (656 da hierarquia ATP), em estreia no ATP Tour, não andou longe de chegar ao quadro principal do Millennium Estoril Open e derrotar Pablo Cuevas (105.º), antigo top 20 mundial e finalista da prova em 2019. O uruguaio acabou por fazer prevalecer as suas credenciais e bateu o jovem de 20 anos com os parciais de 6-7(4), 6-3 e 6-1 para furar a fase de qualificação.
Empolgado pelo Estádio Millennium muito bem composto, Pedro Araújo não acusou, de todo, estar a competir no momento mais solene da carreira. Com uma entrada em jogo muito bem conseguida, o lisboeta cedo entusiasmou o público. Agarrando-se com unhas e dentes ao primeiro parcial, o vice-campeão nacional absoluto salvou set points quando Cuevas serviu para encerrar o set e ainda saiu na frente depois de um tie-break onde foi o mais consistente e corajoso.
A surpresa chegou a pairar, mas daí em diante o tenista sul-americano colocou em court a sua experiência e as suas credenciais (seis títulos ATP em 10 finais e 19.º posto do ranking em 2016) e interrompeu o sonho de Araújo, que procurava somar a maior vitória da carreira pelo segundo dia consecutivo.
Dominic Thiem de regresso
O longo período de espera terminou e Dominic Thiem está de regresso ao mais alto nível. Recuperado de uma grave lesão no pulso, o austríaco recebeu um wild card e vai competir pela primeira vez no Millennium Estoril Open, ao qual chegou acompanhado de um português – o fisioterapeuta Carlos Costa – que descreveu como fundamental para o regresso aos courts totalmente livre de problemas físicos.
“É muito bom estar de volta depois de tanto tempo ausente com vários problemas, primeiro a lesão no pulso e depois a infecção por covid-19. Em Marbella o tempo esteve horrível e em Belgrado apanhei muito frio e chuva, mas aqui as condições estão excelentes, por isso estou muito feliz”, afirmou o ex-top 3 na conferência de imprensa de antevisão à inédita participação na etapa portuguesa do ATP Tour.
Com a garantia de estar a sentir-se “cada vez melhor” graças a uma “evolução dia após dia”, Thiem revelou que ainda precisa de evoluir sobretudo nos capítulos da movimentação e da antecipação nas pancadas, pelo que o Millennium Estoril Open desempenhará um papel crucial no regresso à sua melhor forma.
“Ainda que não esteja a jogar o meu melhor ténis, vou lutar do primeiro ao último ponto”, prometeu o tenista mais credenciado do elenco, uma vez que ao título no US Open 2020 juntam-se as finais em Roland-Garros (2018 e 2019), Australian Open (2020) e Nitto ATP Finals (2019 e 2020), para além da vitória no ATP Masters 1000 de Indian Wells (2019).
Quanto à decisão de participar pela primeira vez no torneio, foi tomada com base no ”calor” do Estoril e nas boas referências da família, “que já esteve de férias em Portugal”, mas não só – até porque a equipa técnica de Dominic Thiem passou a contar com um português.
“Não o conhecia muito bem antes de se juntar a nós, mas agora estou muito contente por poder contar com ele. Chegou num momento crucial, logo a seguir à minha operação ao pulso, e esteve sempre comigo a partir daí, ao longo do processo de recuperação”, contou sobre o fisioterapeuta Carlos Costa. “É uma peça muito importante na minha equipa e realizou um trabalho incrível ao fazer com que o meu pulso voltasse a ficar saudável. Espero que após tantas horas de trabalho conjunto possamos celebrar algo em breve.”
Tudo a postos para os jogos da primeira ronda – esta segunda-feira – do quadro final deste 7º Millennium Estoril Open, orçamentado em cerca de seiscentos mil euros. Uma boa maquia!