O primeiro relatório global sobre corrupção no desporto, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU), sinalizou a necessidade urgente de uma resposta unificada e internacional às práticas ilícitas, estimando que as apostas ilegais movimentem anualmente 1,5 mil milhões de euros, de acordo com a notícia veiculada pelo Comité Olímpico de Portugal no respectivo site.
Produzido pelo Escritório das Nações Unidas para as Drogas e o Crime (UNODC), em parceria com cerca de 200 especialistas de vários governos, o relatório disponibiliza também um manual para combater eficazmente o crime e a corrupção no desporto.
No documento é feita uma análise ao papel das apostas ilegais, manipulação de competições, abusos e à susceptibilidade de grandes eventos desportivos estarem expostos à corrupção e ao crime organizado. Por outro lado, explicita também as iniciativas existentes para enfrentar o problema, além das questões relacionadas com a detecção e denúncia de irregularidades, bem como a forma como as estruturas jurídicas existentes podem ser utilizadas para combater a corrupção nesta área.
Projectado para benefício de governos e organizações desportivas, o relatório do UNODC – citado pelo COP – alerta para necessidades consideradas “urgentes”.
Em termos específicos, importa salientar que o referido documento recomenda que se deve:
“- Fortalecer as estruturas jurídicas, políticas e institucionais para prevenir e responder a diferentes manifestações de corrupção e crime no desporto, a nível global, regional e nacional.
- Desenvolver e implementar políticas abrangentes de anticorrupção no desporto, focadas na corrupção ligada à organização de grandes eventos desportivos, manipulação de competições, apostas ilegais e envolvimento do crime organizado no desporto.
- Promover e aumentar a cooperação e o intercâmbio de informações e boas práticas entre organizações desportivas, de prevenção do crime e autoridades de justiça criminal.
- Aumentar a compreensão em relação às interligações entre a corrupção e o crime organizado no desporto e desenvolver as capacidades de entidades governamentais relevantes e de organizações desportivas para os enfrentar”.
Divulgar preocupações é o primeiro passo a dar, como se pode retirar do contexto referido no documento, se bem que – pela pressão que este tipo de actividade ilícita provoca na sociedade – seja, nos tempos que correm, imperioso combater o crime com as mesmas “armas” pedagógicas mas de forma mais “musculada”, sob pena, como se tem constatado, não se chegar a lado nenhum.
Há muito que este tema tem sido debatido na geografia mundial, alguns quantos já sofreram penalizações (quiçá leves de mais) pela actuação criminosa promovida ao longo de décadas, mas será bom não esquecer os vários patamares por onde passa a corrupção.
Da alta à pequena, passando pela média corrupção, começar pela base (onde talvez se possa trabalhar melhor o assunto) é indispensável, sob pena de se perder mais uma etapa desta batalha que aflige a sociedade global.
A falta de meios, em especial humanos, tem sido o problema mais grave, porquanto a corrupção vai aumentando e os agentes para a combater não conseguem acompanhar a velocidade de cruzeiro a que este tema chegou.
Outro, também grave, é o facto de a legislação não ter também a mesma velocidade, no mínimo, do aumento dos casos de corrupção, porque nada célere, complicativa, complexa, quase sempre a favor de quem prevarica.
Os múltiplos casos que vão surgindo, dia a dia, nos escaparates da comunicação social, dizem bem a morosidade de todo e qualquer processo tendente a ser resolvido no mais curto tempo.
Mas, como se diz, o tempo há-de ter tempo para, no tempo incerto, dar o tempo que for preciso para, ainda sem tempo, deixar os criminosos à solta pela vida fora no seu tempo der vivência.