No que terá sido um dos piores jogos desta campanha para o Mundial 2022, Portugal esteve pobre de mais para aquilo que vale e, em especial, que pretende, que é apurar-se para a fase final no Qatar, no Inverno de 2022.
Ainda que se tenha visto, na parte inicial do jogo, uma certa vontade em jogar “certinho”, dominando a bola na maior parte do tempo e com os jogadores como que embalados para uma exibição melhor do que acabou por acontecer, a verdade é que este ensaio geral para a decisão final (frente à Sérvia, no Estádio da Luz, no próximo domingo) acabou por ser um misto de admiração por tão pobre exibição, deixando quem viu o jogo de boa aberta pelo alheamento global, erros sistemáticos de passes, falta de atenção em lances cruciais e pouca “fome” de baliza, porquanto apenas dois remates (segundo as estatísticas) foram direccionados para a o último reduto dos irlandeses.
Isto diz bem da ineficácia atacante, com relevo para a parte defensiva, onde toda a gente acertou e ganhou … o empate, o tal do mal, o menos, porque sair derrotado do “Aviva”, o novo estádio em Dublin, seria muito mais grave, em especial pelos efeitos psicológicos (negativos) que se fariam sentir.
A juntar a uma pujança física mais saliente, a Irlanda apresentou ante o seu público (estádio completamente repleto) uma equipa mexida, quer atrás quer à frente, “desfazendo” todas as tentativas de Ronaldo e seus pares, enquanto o grupo luso não atinava com os passes, asa jogadas tinha mais culto pessoal do que grupal, o que originou uma maior vantagem dos irlandeses.
Sem soluções de desmarcação e falta de posição quase sempre errática de cada jogador, levou a que não houvesse avanços rápidos e afinados para o golo, resultando um pecúlio de 1-1 em remates para a baliza, dos 7-5 em termos gerais do que as duas equipas fizeram, que resultaram numa posse de bola de 59/41% para Portugal no primeiro tempo.
Daí o nulo no final dos 45+2’.
No segundo tempo, o estilo de jogo não mudou muito, apesar das substituições efectuadas de ambos os lados, chegando ao fim com um score de 12-11 remates para Portugal, dos quais 2-2 para as balizas, numa posse de bola de 54/46% ainda para a formação lusa, mas sem atingir o triunfo que se esperaria, até para poder “folgar” frente à Sérvia (domingo), ainda que ambas as equipas se encontrem em igualdade na pontuação (17 pontos) e vão decidir, entre si, quem será o vencedor do grupo e que seguirá directamente para a fase final.
O pior momento foi (81’) quando Pepe (que ficou afastado do jogo com a Sérvia) foi brindado com o segundo cartão amarelo e foi expulso, o que enfraqueceu a equipa nos últimos quinze minutos de jogo (com muito tempo para se encontrar o caminho para o golo), acrescentando-se ainda que as substituições (cinco) concretizadas não alteraram em nada o “stato quo” exibicional da formação lusa.
O melhor momento aconteceu (67’) quando Cristiano Ronaldo, a centro de André Silva, cabeceou para o segundo poste e a bola passou a milímetros do poste e, outro, menos bom, quando Rui Patrício (90+4’) andou às “aranhas” para segurar a bola que se escapava bem perto da linha de baliza, safando-se de sofrer um golo (ainda que tenha entrado na baliza) porque o árbitro, em cima da jogada, decidiu apitar segundos antes para assinalar falta do avançado sobre o guardião português.
Em caso de empate pontual, tudo ficará igual e a ordem dependerá de factores como o maior número de golos marcados por cada equipa, os resultados verificados entre as mesmas equipas, cujos números são favoráveis a Portugal.
Aguarda-se com esperança que o Estádio da Luz volte a ser o talismã para garantir o triunfo e o apuramento directo, para fugir ao play off que se seguirá.
Sob a direcção do árbitro espanhol Jesús Gil Manzano, Portugal alinhou com Rui Patrício; Nélson Semedo, Pepe, Danilo e Diogo Dalot; João Palhinha, Matheus Nunes (João Moutinho, 56’) e Bruno Fernandes (Renato Sanches, 75’); Cristiano Ronaldo, André Silva (João Félix, 75’) e Gonçalo Guedes (Rafael Leão, 56’, depois José Fonte, 83’).