Não há dúvida que o Euromilhões (do Futebol) desta terça-feira ficou em Portugal, porquanto a selecção nacional, depois de ter vencido o Azerbaijão (3-0), acrescentou mais dois trunfos: liderar o grupo A de apuramento com mais dois pontos e com uma maior percentagem (11-4/12-7 em golos marcados), o que modificou por completo o panorama que se verificou após a vitória frente à Irlanda.
Com um domínio de bola (66/34%, dados da UEFA) acima da média que se tem verificado, Portugal também foi melhor nos remates (22-5), dos quais 7-0 para a baliza, com os azeris perfeitamente alheios a tudo e a todos. Por aqui quase tudo ficou dito.
Ainda assim, apesar da supremacia, a formação lusa continuou um pouco à “deriva” – a razão talvez tenha sido a ausência de Cristiano Ronaldo – dado que não fez o que Fernando Santos queria (mais golos), como forma de ganhar vantagem caso a classificação final possa ter uma igualdade em pontos.
Com muitas oportunidades de golo criadas, falhou a finalização, em especial depois de se ter chegado ao 2-0, sentiu-se que a chama apenas estava “semi-acesa”, tendo-se apagado mesmo na parte final face à forte chuvada que se fez sentir.
Palhinha voltou a não ter cuidado – entra com tudo! – e sofreu mais um cartão amarelo (15’) que podia ter tido efeitos perniciosos para a equipa (como aconteceu a Nuno Mendes, aos 90’) em jogadas que não se justificaram as faltas cometidas.
Após o tempo menos bom de início, a equipa nacional começou a carrilar quando chegou o 1-0, num golo marcado por Bernardo Silva (26’), numa jogada simples, em que Bruno Fernandes centrou de pronto e Bernardo chegou-se à frente, isolou-se, e com um remate em que a bola saiu em arco para o poste mais longe, onde ainda roçou mas que entrou “sem espinhas”, o objectivo principal.
Aproveitando o “élan”, Portugal chegou ao 2-0 cinco minutos depois (31’) com num golo obtido por André Silva, dando o melhor seguimento a um centro de Diogo Jota, que passou para o referido André, que mais não fez do que, com a baliza toda aberta, enviou a bola para dentro da baliza.
Mantendo a alta velocidade, Portugal teve oportunidade para chegar ao 3-0 (35’), mas André Silva não deu o melhor seguimento porquanto falhou com a baliza escancarada.
Daí e até ao intervalo, Portugal continuou a dominar mas sem conseguir marcar mais golos, como se confirmou com os 63/37% alcançados pela equipa nacional.
No segundo tempo, Diogo Jota voltou a falhar (47’) o remate para a baliza, quiçá “adormecido” pela vantagem adquirida nos minutos anteriores, o que pareceu ser uma vontade de reduzir a velocidade de jogo, com alguma displicência (passes denunciados e mal direccionados), face à “parede” que o Azerbaijão tinha montado a partir do seu meio campo.
Nova oportunidade (57’) mas o guardião azeri defendeu, tendo Diogo Jota (64’) voltado a falhar, primeiro porque rematou à figura do guarda-redes que, entretanto, deixou fugir a bola e, na recarga, mandou para as nuvens.
No lado contrário, Rui Patrícia parecia uma estátua, porque parado, nem nada para fazer. Os azeris não chegaram lá e, daí, o zero em remates para a baliza contra os sete que Portugal fez, num total de 22-5 para os portugueses.
O minuto 75’ chegou para Diogo Jota, finalmente, conseguir acertar com a baliza, quando João Cancelo centrou para o meio da pequena área, onde Jota estava colocado, sem ninguém por perto, saltou e fez o golo de cabeça, finalizando a partida com um 3-0, ainda assim não muito ao gosto de Fernando Santos, se bem que antes de se saber do empate da Sérvia na Irlanda.
Um triunfo que pecou pela falta de golos (e também alguma falta de vontade para fazer crescer os números) mas cujo balanço final foi muito feliz por Portugal ter passado para a primeira posição.
Num encontro dirigido pelo italiano Marco Guida, Portugal alinhou com Rui Patrício; João Cancelo, Rúben Dias, Pepe e Raphael Guerreiro; João Moutinho, João Palhinha, Bruno Fernandes e Bernardo Silva; Digo Jota e André Silva.
Jogaram ainda Nuno Mendes, Rúben Neves, João Mário, Gonçalo Guedes e Otávio, que substituíram Bernardo Silva, Raphael Guerreiro, João Palhinha, João Moutinho e Diogo Jota.
Em discurso directo para o sita da FPF, Fernando Santos referiu que “quando não se está organizado, não se tem confiança. Pensei, e continuo a pensar, que no jogo com a Irlanda escolhi bem, mas não conseguimos os equilíbrios que devíamos ter. Sabíamos que este seria um jogo de paciência, contra uma equipa que defende bem, e que se fizéssemos um golo cedo obrigávamos o adversário a mudar. Mudou após o 2-0. Fizemos uma boa exibição, com muito equilíbrio em todos os momentos, sempre à procura do golo, quer na profundidade quer na largura. A única coisa que não está bem é a quantidade de golos que fizemos. Foi um resultado escasso para o que produzimos. O resultado lógico seria 4-0 ou 5-0. Portugal tem de ser uma equipa forte, que marca e não sofre. Não é atacar de qualquer maneira e ficar sujeito a sofrer. A equipa correspondeu ao normal desta equipa”.
Também em discurso directo, André Silva salientou que “correu bem à equipa toda e a mim também. Marcar é sempre bom e na Selecção ainda mais. Foi um trabalho de toda a equipa, estivemos bem do primeiro minuto até ao final. Não há nenhum lugar garantido no ‘onze’. Fazemos todos o melhor e tentamos demonstrar o que podemos trazer à selecção. Dou sempre o meu máximo e tento sempre justificar, como todos os meus colegas. Os adversários são difíceis e todos os jogos são finais para nós. Empatámos com a Sérvia e por isso será até à última. Temos de nos focar em nós. Faltam três finais”.
O próximo jogo de Portugal será em 12 de Outubro próximo, recebendo o Luxemburgo.
A 11 de Novembro, o São Martinho será passado na Irlanda, fechando-se o grupo no dia 14, também de Novembro, com a partida entre Portugal e a Sérvia, decisiva ou não, dependendo dos resultados que forem alcançados até lá.