Se dúvidas havia – e seriam poucas após a prova de qualificação, como aqui registámos – Pedro Pichardo confirmou tudo o que dele se esperava e que confirmou em pista, com mérito desportivo, o título de campeão olímpico, o quinto da história portuguesa nos Jogos Olímpicos.
No capítulo do medalheiro, não há dúvida que estes são os melhores resultados da história portuguesa (quatro medalhas) porquanto o recorde era de três (em Los Angeles – 1984 – e em Atenas – 2004).
Para outros balanços, falta saber a soma dos finalistas (4º ao 8º lugar, se não se considerarem os medalhados) e dos meio-finalistas (9º ao 16º), para além de outros factores a ter em conta, se atendermos a parâmetros que tem acuidade, em termos de pandemia – que está no cerne de tudo – tendo ainda em apreço os resultados globais alcançados por Portugal.
Nesta quinta-feira, deve ser realçado o extraordinário resultado obtido por Pedro Pichardo, face à “ligeireza” no voo a 17,98 metros – que também é recorde nacional – face a uma corrida quase perfeita, um primeiro apoio longo, um segundo (com troca de perna) apoio excelente e um terceiro brilhante, face à longitude do voo perfeito que o levou ao registo feito, como que uma pena a levitar sobre o ar na capital do Japão, propriamente no Estádio Olímpico de Tóquio.
Depois de Carlos Lopes (Los Angeles 1984), Rosa Mota (Seul 1988), Fernanda Ribeiro (Atlanta
1996) e Nelson Évora (Pequim 2008) terem chegado ao ouro, ainda que em condições diferentes, coube a Pedro Pichardo atingir também o ponto mais alto do mastro olímpico, destinado apenas aos grandes campeões.
Esta quarta medalha da Equipa Portugal em Tóquio 2021, eleva para 28 o total de presenças no pódio que Portugal ostenta na história da participação nacional em todas as edições dos Jogos Olímpicos.
Com o ouro do Pedro Pichardo e o 7.º lugar da Teresa Portela, atingido esta quinta-feira na final da prova de Canoagem, K1 500, a Equipa Portugal atingiu também o objectivo de 12 diplomas (que incluem as posições de pódio) e somou 50 pontos, obtidos com as classificações de atletas até ao 8.º lugar, ultrapassando a marca dos 44 pontos conseguida em Atenas 2004, a melhor até agora.
Depois do triunfo e da medalha de ouro ao peito, Pedro Pichardo salientou que “dá trabalho, não é fácil. O salto não correu como estava à espera, estava à espera de fazer um salto maior e de bater o recorde Olímpico ou Mundial. No aquecimento senti algumas interferências e quando comecei já tinha algum receio na fase do ‘hop’. As medalhas são importantes, mas também gosto de ficar nos livros de recordes. Vou continuar a trabalhar para isso.”
Sério candidato às medalhas antes da competição se iniciar, confirmou esse estatuto ao vencer a qualificação (com 17,71 metros), mas afastou o cognome de invencível, tendo justificado que “não podes dizer ‘sou imbatível’, isso não é respeitar os meus adversários. Quando comecei a saltar fiquei mais tranquilo. Estava à espera que os adversários fizessem mais competição. Competiram entre eles mas esqueceram-se de mim!”.
Sem demasiada euforia, Pedro Pichardo aceitou o título de Campeão Olímpico como corolário do trabalho que desenvolveu com o pai nos últimos anos, afirmando que “o dia foi bom, mas sou muito exigente e gosto de fazer grandes marcas. Não sou muito emotivo. Hoje sou campeão Olímpico, mas amanhã é um dia normal, já estou a pensar em Setembro, na Liga Diamante. Mas a medalha vai ficar num lugar especial”.
Por alcançar ficou a marca Olímpica ou Mundial. Dispensou o quinto salto para chegar a esse objectivo na última tentativa. “Na minha cabeça só estava isso. Era o último salto e queria dar tudo o que tinha nesse salto” – reforçou ainda o novo campeão olímpico português.
Yaming Zhu (China) foi 2º, com 17,57 e Hugues Fabrice Zango (Burundi), com 17,47, foi terceiro, bem longe de Pichardo.
As provas de atletismo, neste 13º dia dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, terminaram com os 50 km Marcha, realizados na cidade de Sapporo (300 km a norte de Tóquio), onde João Vieira obteve um excelente 5º lugar aos 45 anos de idade, tendo terminado com 3h51m28s a 1m20s do vencedor, o polaco David Tomala, cronometrado com 3.50.08, depois de ter tomado o comando da competição a partir dos 25 km.
Na Canoagem, Teresa Portela concluiu com um 7º lugar na final de K1 500 metros e o tempo de 1.55,814, que referiu que “o meu objectivo era o K1 200, foi a prova que preparei, mas tive oportunidade de participar também em 500 metros. Estava muito competitivo e foi uma surpresa ter esta entrada na final. Já são os meus quartos Jogos e ter tido a oportunidade de disputar a final deixou-me muito contente. Mas quando estamos numa final queremos sempre melhor. Preferia que a pista estivesse como ontem, que estava mais rápida, mas mesmo assim estive bem.”
A prova foi ganha pela nova-zelandesa Lisa Carrington, seguida da húngara Tamara Csipes e em terceiro lugar ficou a dinamarquesa Emma Aastrand Jorgensen.
Tiago Campos terminou os 10 Km de Natação em águas abertas na 23ª posição, naquela que é a sua primeira participação em Jogos Olímpicos.
Na competição disputada na Marina de Odaiba, o atleta da Equipa Portugal ficou a 11.08,3 da medalha de ouro, o alemão Florian Wellbrock (1.48.33,7).
Tiago Campos chegou a nadar no 14.º lugar do grupo de 26 finalistas, mas alguns problemas, entre os quais um abastecimento falhado, fizeram-no descer na classificação, tendo referido, no final, que “eu e o meu treinador tentámos preparar-nos para que eu pudesse superar esta prova muito difícil, com a água a 29 graus. Eu ia bem, mas de repente comecei a vomitar, faltavam três voltas, e fiquei quebrado. Nunca senti algo assim tão mau. Podia ter desistido, mas lutei até ao fim. Tentei dar o meu melhor”.
Nesta sexta-feira, dia 14 de competições no Japão, Portugal vai estar representado na maratona (feminina) e nos 20 km Marcha (também no feminino), a que se soma o K4 500 metros (masculino) na Canoagem.
Na Marcha, Ana Cabecinha estará na estrada a partir das 8h30 da manhã, enquanto Salomé Rocha, Catarina Ribeiro e Sara Moreira sairão para a estrada pelas 22h30 (noite).
O K4 500 metros, na canoagem, estará na pista de água pelas 2h30 da madrugada desta sexta-feira, quarteto que é formado por Emanuel Silva, João Ribeiro, David Varela e Messias Baptista.
Boa sorte #Equipa Portugal