Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

Palidez táctico-concentração levou a selecção lusa quase para o abismo no Euro’2020

São possíveis várias apreciações – em função dos ângulos e vertentes que se pretendam analisar seja em que latitude ou altitude – no que se relaciona ao que aconteceu no Portugal-Alemanha deste sábado, não se sabendo até que ponto poderão afectar ou não o rendimento da equipa nacional no jogo, mais do que decisivo, frente à França a fechar a fase de grupos do Euro’2020.

UEFA Euro 2020

UEFA Euro 2020

No primeiro quarto de hora, Portugal não existiu. Foi “esmagado” por uns alemães ávidos em “vingar” a derrota sofrida ante uns franceses que não estiveram para brincadeira na primeira ronda.

No entanto, aproveitando uma quebra momentânea e no seguimento de um pontapé de canto contra Portugal, em que Cristiano Ronaldo fez de defesa e aliviou a bola para a zona do meio campo, surgiu Bernardo Silva a infiltrar-se pela direita, ganhou terreno, sem adversários pela frente, teve a visão de lançar a bola para a grande área alemã, onde Ronaldo e Diogo Jota surgiram em posição de poderem tentar chegar ao golo.

Com Ronaldo na situação de fora de jogo, a bola seguiu para o segundo poste onde surgiu Diogo Jota para dominar a bola, deu um passo e lateralizou – estilo passe de bandeja – para o capitão da equipa lusa, desta vez em situação legal, que mais não fez do que encostar o pé à bola e enfiá-la na baliza, até porque não teve oposição de ninguém, porquanto o defesa que devia fazer a cobertura, não estava lá e quando tentou estorvar Ronaldo acabou por escorregar.

Com o 1-0 (15’), os alemães nem por isso se sentiram “oprimidos” e continuaram a jogar ao ataque, para recuperarem o prejuízo de um lapso que originou o golo luso, voltando a criar perigo nos minutos seguintes junto da baliza de Rui Patrício, numa altura em que Nelson Semedo começou a avançar opara o ataque, deixando o corredor direito de Portugal de fácil acesso, o que aconteceu muitas vezes e por onde Portugal começou a “afundar-se”.

Depois de um livre marcado (20’) por Raphael Guerreiro, que Diogo Jota cabeceou por cima da barra, os alemães empataram (35’), depois de um contra-ataque feito precisamente pelo corredor direito português, com Nelson Semedo a deixar passar a bola para o avançado alemão que cruzou para o centro da área, onde Rúben Dias disputou a bola com Havartz e acabou por ser ele a fazer um autogolo ante o espanto de Rui Patrício, que nada podia fazer.

Tão “grave” foi o efeito deste golo que, passados apenas quatro minutos (39’), Portugal sofreu o segundo golo dos alemães, depois de, com a defesa às “aranhas”, Raphael Guerreiro acabou por desviar para a baliza de Patrício, de novo sem pode fazer nada, um remate do atacante alemão, fazendo o segundo autogolo da formação lusa. Tal não foi a palidez da exibição e a ausência de concentração nos momentos cruciais, onde a táctica não funcionou de forma nenhuma, confirmando o corredor direito luso (com Semedo quase sempre ausente no momento da verdade) como um túnel sem controlo do caudal futebolístico alemão.

No último minuto (45+2’) da primeira parte, Bernardo Silva, que surgiu isolado junto da pequena área da baliza alemã, acabou por não encontrar ângulo para rematar, porquanto preferiu fintar, andar com a bola para trás, onde foi captada por um jogador alemão e que avançou a toda a força para a área portuguesa, onde só não deu golo porque Rui Patrício resolveu com uma grande defesa.

Na reentrada para a segunda parte, Renato Sanches rendeu Bernardo Silva mas Portugal regressou com pouca vontade de mudar fosse o que fosse, o que foi latente (51’) quando a Alemanha chegou ao 3-1, com um golo de Havartz, que se isolou, ninguém lhe fez frente e marcou ante um espantado Rui Patrício.

Com esta vantagem, os alemães começaram a rodar mais depressa, para tentar recuperar o atraso, equilibraram a posse de bola, Ronaldo cobrou um livre directo (54’) mas por cima da barra, numa altura em que Rafa rendeu William Carvalho, para dar maior força ao ataque, mas acabaram por ser os alemães a chegar ao 4-1 (60’), com um golo de Gosens, ante o desespero dos portugueses, que começaram a ver o descalabro que podia contribuir para um copiosa derrota – mais uma – o que se confirmou com a 11ª (em 19 jogos), onde Portugal só venceu três (o último em 16 de Outubro de 1985, quando Portugal venceu pela última vez, naquele célebre golo de Carlos Manuel), a que se juntam cinco empates.

Portugal ainda chegou ao 2-4 (67’) com um golo obtido por Diogo Jota a passe de Ronaldo, no seguimento da marcação de um livre e aproveitando uma desatenção da defesa alemã.

Portugal teve oportunidade para reduzir a diferença (78’) quando Renato Sanches fez a bola bater, com estrondo, no poste esquerdo da baliza alemã, não passando nada de significativo a partir daqui, quando ainda faltavam dezasseis minutos para acabar o jogo (12’ de tempo normal e mais 4’ complementares).

Os alemães dominaram em toda a linha, com 58/42% na posse de bola, 12-7 em remates, dos quais 7-2 para a baliza, o que foi impressionante ante uma equipa lusa que até “enfiou” três golos à Hungria.

Na classificação, a França soma 4 pontos (este sábado empatou com a Hungria, por 1-1), seguindo-se Portugal e Alemanha (com 3) e a Hungria com apenas um ponto mas ainda não arredada da fase seguinte, caso vença a Alemanha na última ronda, no mesmo estádio em que os alemães derrotaram copiosamente Portugal.

O estigma de bater recordes tem estado presente dentro do campo e isso não é um bom sinal para a equipa, que joga mais para o individual e não para o colectivo, como se tem provado.

Se se mudar este paradigma algo melhorará? É a dúvida que se coloca. Mas o tempo escoa.

Faltam noventa minutos para se saber o resultado final deste sistema, para depois se tirarem conclusões.

Até lá tudo é possível.

 

 

Espanha voltou a tremer

 

No grupo E, a Espanha voltou a não dar conta do recado, neste sábado, e não foi além de outro empate (1-1 com a Polónia), que a coloca numa situação difícil, com a Suécia a comanda (4 pontos), seguida da Eslováquia (3), Espanha (2) e Polónia (1), pelo que a última jornada é que vai decidir tudo.

Na última ronda (dia 23, quarta-feira) a Espanha joga em casa (Sevilha) com a Eslováquia e a Suécia defronta a Polónia em S. Petersburgo (Rússia).

Que haja verdade desportiva, desportivismo e fair play em campo.

 

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