Quinta-feira 25 de Novembro de 1283

Israel cilindrado (4-0) por um Portugal com falta de afinação!

FPF

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Portugal, apesar de ter “abafado” Israel com um 4-0 que se pode considerar normal, não fez uma exibição correspondente à categoria dos jogadores que compõem a formação nacional e à titularidade de campeão europeu.

Se é verdade que Portugal começou bem, teve mais posse de bola (61/39%) e rematou mais para a baliza no decorrer do primeiro tempo (12-0, dos quais 5-0 para a baliza), há duas notas que devem ser realçadas.

Uma, que corresponde a uma quase obsessão de jogar para um único jogador poder marcar, com os médios a direccionarem-se quase sempre na mesma direcção, o que fez surgir hiatos em que mais parecia estar-se em ”passeio” no meio campo; a outra, correlacionada, que levou a uma mudança de estratégia nos cinco minutos do primeiro tempo, quando Portugal chegou ao 2-0 num ápice.

Não tanto porque Israel estivesse cansado – a diferença de categoria é elevada a favor de Portugal, valendo, quiçá, um poder mais atlético dos israelitas – mas porque a equipa nacional se decidiu a procurar outras alternativas para chegar ao golo.

Se assim foi pensado – aliás o objectivo, que era ganhar, foi cumprido de forma dilatada, pelo que não se discute a supremacia lusa – a estratégia funcionou em pleno, quando Bruno Fernandes (42’) aproveitou o corredor aberto pela defesa visitante e, dando seguimento a um passe milimétrico de Cancelo, atirou a contar, depois de um contra-ataque rápido, que apanhou de surpresa a defesa de Israel, impotente para defender a baliza.

Dois minutos depois (44’) – ainda a comemorar-se o golo português – Cristiano Ronaldo chegou ao 2-0, noutro “forcing” pelo centro do terreno, com a bola a seguir nos pés de Diogo Jota, desviou para a esquerda, onde Ronaldo surgiu a marcar com alguma facilidade.

No segundo tempo, com um atraso de dois golos, Israel como que entrou “meio a dormir” e a partida decaiu de forma sistemática de nível, que se foi agravando com as substituições entretanto feitas pelas equipas em confronto.

A estatística final disse que Portugal voltou a ter maior posse de bola (60/40% – muito na base dos passes laterais e para trás, a queimar tempo, do que procurar golos) com um total de 24-3 remates, dos quais 9-1 para a baliza, o que veio a comprovar o 4-0 que só foi cimentado nos últimos cinco minutos de jogo.

Novo contra-ataque (86’) guiado por Cancelo, que seguiu pela direita e, mais perto da grande área, derivou para o centro, entrou na área e rematou, em arco, para o segundo poste, com o guardião israelita a não conseguir chegar à bola apesar do voo feito.

O 4-0 chegou cinco minutos depois (90+1’), com Bruno Fernandes de novo na brecha e a fazer um remate frontal, com a bola “enfeitada” a passar a milímetros do guardião, que estava tapado por um defesa, pelo que nem viu a bola sair dos pés do médio português.

Até ao dia 15, dia do primeiro jogo do grupo F da fase final do Europeu’2020, há ainda arestas a limar para evitar que possam surgir surpresas menos positivas, sendo o ponto principal o da táctica a utilizar, criando factores de surpresa que possam servir como “escudo” para o capitão da selecção, cada vez mais “fustigado” do ponto de vista pessoal e psicologicamente algo longe, por exemplo, do que fez meses atrás.

Caldos de galinha e cautela nunca fizeram mal a ninguém. Todo o cuidado é pouco. Será bom pensar primeiro para poder actuar depois, assente num juízo objectivo. E é bom recordar que Ronaldo, quando Portugal se sagrou campeão europeu, não completou o jogo da final, por motivos de lesão.

Sobre o jogo, o seleccionador nacional referiu ao site da Federação Portuguesa de Futebol que “a primeira parte bem, não extraordinária, mas bem. Os primeiros 20 minutos muito bem, com muita intensidade no jogo, quer defensiva quer ofensiva, criamos seis situações de golo, podíamos ter feito dois ou três golos e o jogo seria naturalmente diferente.

Tivemos muita intensidade quer nos processos individuais do jogo, na recuperação da bola, em termos da circulação da bola, poucos passes errados, a equipa a circular com objectividade, a procurar os flancos. Tivemos depois um quarto de hora em que ficámos um bocadinho só com a bola, perdemos a objectividade no jogo. Depois acelerámos outra vez e fizemos dois golos. Foi uma boa primeira parte, no cômputo geral.

Na segunda parte mudei um pouco as coisas, procurei por um homem mais junto do Ronaldo e, depois, com dois médios a entrar mais dentro, entre linhas, para os laterais se soltarem mais, mas distendemo-nos muito no jogo, começámos a falhar muitos passes, a circulação não foi tão objectiva e tivemos um período em que as coisas não estiveram tão bem, apesar de termos sempre o controlo do encontro.

Voltámos bem na parte final, em que fizemos o que era previsto, mais uma vez o Cancelo a entrar e a criar problemas. Mas há coisas a melhorar certamente.

Não podemos falhar vários passes, como fizemos em alguns períodos do jogo. Agora vamos preparar o Euro com calma.

O ‘nós’ está óptimo, nesse aspecto não tenho dúvidas, os jogadores estão na realidade com uma vontade enorme, são fortes colectivamente e no sentido do espírito de grupo isso não tenho dúvida nenhuma”.

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