Sábado 23 de Novembro de 2024

Moniz Pereira, o Senhor Atletismo, um legado de uma vida que podia dar vida aos Deuses do Panteão Nacional

O “Senhor Atletismo”, como passou a ser conhecido depois que Carlos Lopes conquistou a primeira medalha de ouro para o atletismo, nuns Jogos Olímpicos, e para a história do desporto nacional, completaria nesta quinta-feira, 11 de Fevereiro de 2021, 100 anos de uma vida terrena que terminou em 2016, mas que nunca poderá ser olvidada.

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Não só como desportista ecléctico que foi (praticou sete modalidades) ou seleccionador e técnico de Atletismo e Voleibol, mas também pelo professor, pelo pedagogo e Mestre que ajudou a que muitos dos atletas que treinou chegassem a lugares nunca imaginados por ninguém deste Portugal pequenino, que soube muito soube defender, lutar e … ganhar.

Depois do ouro estar no peito do campeão dos campeões Carlos Lopes, Mário Moniz Pereira, de quem falamos, tornou público o que nunca ninguém tinha ouvido, de que o sonho de ver um atleta português no primeiro lugar do pódio olímpico e com a bandeira portuguesa no mastro mais alto do Estádio Olímpico se tinha concretizado depois “de quase quarenta anos de espera”.

Enquanto isso não se concretizou, Moniz Pereira foi forjando outros atletas, tendo começado com Manuel de Oliveira, que foi o primeiro atleta português a ser finalista dos 3.000 metros obstáculos também nos Jogos Olímpicos; mais tarde, foi José Carvalho a ter a honra de ser o primeiro luso que chegou à final dos 400 metros barreiras.

Depois foi o que se sabe sobre Fernando Mamede, Domingos e Dionísio Castro, além de outros que ajudaram a compor o Museu do Sporting com troféus de campeões.

Mas, acima de tudo, há que falar do Mestre na sua função de pedagogo e criador de um estilo único para orientar largos milhares de atletas que passaram pela sua “oficina”, onde a disciplina era a ordem do dia, ao mesmo tempo que gerava empatia mas com autoridade que todos aceitavam.

E assim foi promovendo o bem-estar de muitos jovens que se tornaram cidadãos de primeira linha, quer no desporto, quer nas múltiplas facetas da vida, aqui a ter em cada atleta um discípulo atento e também possuidor de uma mente que comandava os sonhos de muitos, tal como se foi verificando amiúde.

Enquanto decorria o período de formação de professor de educação física, no então Instituto Nacional de Educação Física (depois Instituto Superior de Educação Física e hoje Faculdade de Motricidade Humana), Moniz Pereira dedicou-se ao andebol, atletismo, basquetebol, futebol, hóquei em patins, ténis de mesa e voleibol, ganhando a “endurance” suficiente para percorrer 95 anos repletos de vida.

Um exemplo sempre presente, que recordo desde a primeira vez que estive a seu lado, a partir de Setembro de 1962, que nunca esquecerei enquanto vivo, porque foi o meu primeiro Mestre e que me marcou, sempre pela positiva, na minha vida dedicada ao desporto, desde essa data.

Falar ou escrever sobre Mário Moniz Pereira torna-se, acima de ler muitos livros, indispensável que se conheçam todas as fases da vida de cada um e de todos, para que possamos recordar, hoje, no dia em que faria 100 anos, que o Senhor Atletismo também deverá estar entre os Deuses do Panteão Nacional.

Como dizem os versos de um fado em que foi o autor da letra e da música – no que se classifica como o hino da Família Moniz Pereira, considerando a mensagem que encerra – Valeu a Pena!

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