5 de Setembro de 1972, Aldeia Olímpica de Munique (Alemanha Federal), foi o palco onde organização terrorista “Setembro Negro”, criada no âmbito do conflito israelo-palestino, levou a cabo o mais horroroso crime contra a Humanidade, no quadro da XX edição dos Jogos Olímpicos.
De uma festa que se pretendia repleta de desporto e espirito desportivo e a escassos cinco dias do seu final (início em 26 de Agosto e fim em 11 de Setembro), a “Setembro Negro” entrou a matar na Aldeia Olímpica, especialmente tendo como objectivo único “deitar por terra” o referido espírito e aproveitar para tirar a vida ao maior número possível de representantes de Israel, tendo como desiderato a falta de sintonia política existente com a Palestina.
Pelas quatro horas e trinta minutos da madrugada de 6 de Setembro, um grupo terrorista irrompeu pela Aldeia Olímpica, saltando as vedações exteriores do complexo e atacando o local onde se encontrava a representação israelita.
Apanhados de surpresa – tudo e todos, sendo que ninguém se apercebeu que isso podia acontecer, em especial as forças policiais alemãs federais – morreram seis técnicos e cinco atletas de Israel, bem como um polícia local, enquanto a “Setembro Negro” ficou com apenas cinco baixas, num total de 17 mortos num “campo de batalha” inaudito e contra as mais elementares regras da vida humana, ainda que os restantes (3) terroristas tivessem sido mortos mais tarde.
Acto que deu origem ao filme “Munique”, lançado em 2005 e dirigido por Steven Spielberg, tendo sido proposto para cinco prémios Óscar, incluindo melhor filme e melhor director.
O filme conta a história da suposta operação de retaliação do governo israelense lançada logo após o massacre contra os responsáveis pelo atentado.
Apesar disso, a vida não parou e os 7.134 atletas de 121 países (entre os quais 29 atletas portugueses, que nada sofreram) voltaram às pelejas do desporto, na procura de mais medalhas, se bem que num ambiente de tristeza imposta pela brutalidade do ser humano.
A competição foi suspensa por 24 horas e 80.000 pessoas apresentaram-se no estádio principal a fim de prestar o serviço memorial, com os Jogos a continuarem apesar da oposição dos Judeus.
Sem dúvida que estes foram os mais trágicos Jogos Olímpicos da Era Moderna e que nunca mais vamos esquecer, não só pelos que estiveram presentes mas também pelos que, de longe, acompanharam a par e passo um atentado à civilização.
E por testemunhas, recorde-se que o repórter Eduardo Gajeiro foi o único fotógrafo do mundo a fotografar os terroristas que sequestraram os atletas israelitas da aldeia olímpica nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972.
Para a história desportiva, ficou que a União Soviética (URSS) conquistou o maior número de medalhas (99, sendo 50 de ouro, 27 de prata e 22 de bronze), à frente dos Estados Unidos da América, com 94 (33-31-94), da República Democrata Alemã (RDA), com 66 (20-23-23) e da República Federal da Alemanha (RFA), com 40 (13-11-16).
Ainda que com uma equipa formada por atletas como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Armando Aldegagela, José Carvalho (atletismo), António Roquete (judo), Fernando Lima Belo, Mário Quina, José Manuel Quina (vela), Armando Marques (tiro), entre 29 participantes, as melhores posições acabaram por ser conquistados por elementos menos badalados.
O melhor foi António Mardel Correia (6º na classe Star, na Vela), a par de outro velejador, Henrique Ulrich Anjos (na mesma classe e na mesma posição), que entraram nos oito primeiros lugares e classificados como “finalistas”.
Como meio-finalistas (entre o 9º e o 16º lugar), ficaram Luís Grilo (Luta Greco Romana) com o 9º lugar na categoria de -57 kg, José Manuel Quina (na classe finn, na vela) na 11ª posição, António Roquete (no judo, na categoria de -70 kg) no 12º lugar, e Carlos Campos (Equestre, Equipas) cm o 13º posto no Concurso de Saltos de Obstáculos, fazendo equipa com Francisco Caldeira e Vasco Esteves Ramires, categorias que só mais tarde foram definidas para apoio aos atletas.
Na modalidade rainha (desporto individual), Alberto Matos (110 barreiras e 4×100), José Carvalho (400 e estafeta de 4×400 metros), Fernando Mamede (800, 1.500 e 4×400) e Carlos Lopes (5.000 e 10.000) ficaram-se pela primeira eliminatória nas respectivas provas.
No atletismo, ainda não era tempo de os portugueses entrar na alta-roda, porquanto o “plano revolucionário” de Moniz Pereira só chegou mais tarde.
Mas “Valeu a Pena” e, hoje, Portugal pode orgulhar-se de ter quatro medalhas olímpicas de ouro, todas alcançadas no Atletismo, através das glórias conquistas por Carlos Lopes, Rosa Mota, Fernanda Ribeiro e Nelson Évora.
Quanto a Munique, fica a lembrança e a esperança que nunca mais volte a acontecer.