Com a definição final das equipas presentes nos campeonatos de futebol da I e II Ligas, a Liga Portugal lançou mão ao tradicional “Kick off” de abertura de época para distinguir os melhores do futebol profissional nacional, proceder ao sorteio dos respectivos calendários e “reclamar” de que a presença do público nos estádios é um imperativo nacional.
Com alguma razão, pode dizer-se que se a Festa do Avante está autorizada, as Touradas também, evidente se torna que o Futebol também deverá seguir esse caminho, face aos valores (milhões) elevados que estão em jogo e em que todos os clubes envolvidos tem vindo a perder receitas que fazem falta para a gestão dos respectivos “processos”, sob pena de poderem “parar por tempo indeterminado” face à pandemia do Covid-19, que parece estar (de acordo com informações mais recentes de fontes oficiais) para ficar, pelo menos até 2022, situação que, com naturalidade, não agrada a ninguém.
Neste “intermezzo”, a dúvida que assalta a população mais responsável é de que a situação continua a não ser fácil, porquanto nos últimos cinco dias (entre segunda e sexta-feira) os números de casos aumentaram significativamente.
Recorde-se que a semana que ora termina começou com 192 casos positivos (4 mortos), seguiu-se com 362 (2 mortos), 399 (2), 403 (6) e chegou a esta sexta-feira com 374 (3 mortos), revelando-se uma subida quase vertiginosa (192 para 403), com a zona de Lisboa e Vale do Tejo a manter-se na liderança sem que haja informações, concretas e objectivas, que assentem numa justificação clara das causas.
Basta ler o último comunicado da Direcção-Geral da Saúde (esta sexta-feira), onde se pode ler que “o aumento de casos que se verificou nos últimos dias poderá estar relacionado com uma maior movimentação de pessoas dentro e fora do país”, acrescentando que “é precoce conseguirmos explicar tudo, mas há, de facto, um clima, diria, favorável a que isso possa acontecer”.
Lembrando que há um aumento do número de casos em toda a Europa, Graça Freitas explicou que “estamos a tentar um equilíbrio entre medidas de segurança e saúde pública, mas também de retoma da vida das pessoas”, o que “leva, de facto, a uma maior movimentação de pessoas do nosso país para outros e de outros para o nosso, quer em turismo, quer dos nossos emigrantes”, explicou, acrescentando que um maior contacto entre pessoas de zonas que estão afectadas pode gerar um aumento do número de casos.
Adicionalmente, salientou ainda que “estes casos têm constituído surtos, muitas vezes familiares, em instituições, em empresas e nos locais de trabalho”, o que “serão as explicações para este aumento de casos, que não tem sido exponencial”.
Salientou ainda Graça Freitas que “não temos uma vacina, não temos um medicamento, não vamos conseguir ter casos zero. Vamos ter aumentos e reduções conforme for a dinâmica da doença no mundo em geral e na Europa, em particular e no nosso país. Temos que manter a situação controlada para o tal equilíbrio”.
O que levou a especialista em saúde pública a adiantar, esta sexta-feira, que as orientações relativas ao uso de máscara estão a ser “revisitadas”. Em estudo estão três aspectos, entre os quais o uso de máscaras para crianças a partir dos 6 anos, que foi aconselhado recentemente pela Organização Mundial de Saúde, e o uso de máscara em espaços públicos.
Reconheceu a Directora-Geral da Saúde que “é um processo contínuo. Vai haver necessidade de fazer muitos ajustamentos”.
A reabertura das fronteiras, sem condições específicas, permitiu – em todas as plataformas – que o percurso de ida e volta podia ser feito com a normal normalidade. Não estará a dar resultado!
Tanto que, face ao aumento de casos em Portugal, o Reino Unido está a “fazer contas” às normas que definiu, com vista a uma hipótese de voltar a fechar o espaço aéreo português para os seus cidadãos.
Regressando a Portugal, Pedro Proença, num momento único (“Kick off”), aproveitou para homenagear Graça Freitas com o prémio de “Mérito” – o que se justifica pelo extraordinário empenho na luta contra a Covid-19 – sendo que, logo de seguida, salientou que se “pode haver a Festa do Avante, as Touradas, o Futebol também pode ter público”, uma situação, no mínimo, falha de ética, porque não pode e muito menos deve, depois de homenagear a personalidade, dar-lhe uma “ferroada”, o que o presidente da Liga Portugal não soube guardar para mais tarde ou terá sido “pressionado” a referi-lo em público.
É bom recordar, no mesmo enquadramento, que o Conselho de Ministros decidiu, ainda esta semana, que a partir de 15 de Setembro a máscara de protecção deverá ser utilizada por todos, esteja onde estiver, face à abertura do período lectivo do novo ano – com a população juvenil a ter que regressar às escolas – mas também pela maior circulação que a população vai ter no regresso ao trabalho.
Sendo uma certeza, por certo que as actividades desportivas vão desenvolver-se sem público, para defesa da saúde dos desportistas e da sociedade, porquanto não se deve arriscar enquanto não houver razões médicas fortes para o efeito. O desporto não pode querer ser mais “papão” que a sociedade onde vive, porquanto são os seus cidadãos que praticam o desporto!
Sem um povo saudável, bem treinado, não há futuro que resista!
Assim sendo, invista-se o mais possível na saúde para que, logo que seja possível em termos universais, o povo português (e de todos os outros países envolvidos na pandemia) possa arregaçar as mangas e trabalhar em prol de um Portugal mais activo, mais tecnicamente bem preparado, porque é bom que assentemos os pés em terra firme (enquanto a houver) e reconheçamos que muito pouco será como dantes, como a realidade actual nos mostra muito bem!
Tenhamos tento na língua e não recomecemos a “guerra” futebolística que se verificou na época passada.