Com astúcia, espirito de campeão e superando-se a si próprio, especialmente no que à mente respeita, Miguel Oliveira venceu o primeiro grande prémio na sua carreira, no que foi também um êxito inédito para o Motociclismo e para Portugal.
O triunfo aconteceu no BMW M GP de Styria (Áustria), no circuito Red Bull Ring-Spielberg, que teve lugar este domingo, tendo contribuído para o efeito o “sangue frio” que a própria prova o obrigou a ter, face a dois factos de significado diferentes mas impactantes: primeiro a paragem forçada da prova devido ao facto do espanhol Maverick Viñales ter sentido que a sua Yamaha ficou sem travões, o que o brigou a saltar da moto (da qual não resultaram ferimentos graves), que só parou nas barreiras de segurança, onde se incendiou; segundo, porque, com subtileza e inteligência, soube aproveitar o erro cometido pelos dois primeiros (Miller e Espargaró) na última curva antes da recta de chegada para os ultrapassar pela direita, porquanto os dois fizeram a curva larga demais.
Na corrida propriamente dita, Miguel saiu da sétima posição e, rapidamente, saltou três lugares, onde se manteve até à paragem forçada, recomeçando da melhor forma porquanto, pouco tempo depois, chegou ao terceiro posto, onde “rodou” na “sombra” de Miller e Espargaró), até que, no ponto crucial, na última oportunidade para fazer história, o piloto português entrou no eixo central da pista a caminho da primeira grande vitória na principal competição de Motociclismo (Moto GP), depois de algumas dezenas de outras vitórias em Moto 3 e Moto 2.
No dia em que se comemoraram as 900 corridas desde que se iniciou esta competição, Miguel cumpriu as 150 provas, um que também é um feito de grande envergadura, numa história de uma vida dedicada ao desporto e ao Motociclismo em especial.
Miguel Oliveira (KTM) venceu com o tempo de 16.56,025, à média de 183,5 km/h – numa corrida disputada com 22º de temperatura e 60% de humidade, com a temperatura do piso a 35º – seguindo-se o austríaco Jack Miller (Ducati),a 0,316 milésimos do vencedor, e do espanhol Pol Espargaró (KTM), a 0,540.
O espanhol Joan Mir (Suzuki) ficou na quarta posição (a 0,641) e o italiano Andrea Duvizioso (Ducati) (a 1,414) ocuparam as posiçºoes seguintes.
Com este triunfo, Miguel subiu ao 9º lugar da classificação geral do MotoGP’2020, com 43 pontos, apenas a 13 pontos do terceiro lugar do actual pódio, que é liderado pelo francês Fabio Quartararo (Yamaha), com 70, seguindo-se o italiano Andrea Duvizioso (Ducati), com 67 e o austríaco Jack Miller (Ducati), com 56, o que abre maiores espectativas para esta competição, que terminará em Portugal, no Autódromo do Algarve, que poderá servir de talismã para Miguel se pode tornar campeão mundial.
Quem espera sempre alcança, diz o ditado, podendo acrescentar-se que o poder da mente tem uma grande influência no desempenho humano. E, aí, Miguel provou que está em alta.