Enquanto se prepara para os novos desafios quanto à retoma dos principais campeonatos nacionais (em cooperação com a Liga Profissional), a Federação Portuguesa de Futebol recomendou, no seu site, que seja esta oportunidade de hiato aproveitada para se poder ler mais, com temas sempre actuais e actuantes, tendo por base (ou não) o futebol.
Daí que, no âmbito da Colecção da FPF, recomende ler duas obras da autoria de Vítor Serpa, director geral do jornal A Bola, como são os casos de “Há Vida nas Estrelas” e “Golos de Letra”. Segundo ele, nesta altura, “ler é uma boa maneira de nos desconfinarmos, sem risco. Fazermos viagens sem receios. Não precisarmos de manter, com as personagens do livro, uma distância de segurança. Convivermos com quem conhecemos e com quem, apenas, julgávamos que conhecíamos”.
O jornalista, de 68 anos, sugere a leitura do “Há Vida nas Estrelas”, ao mesmo tempo que confessa que “quando o escrevi, evidentemente que não me passava pela cabeça poder, mais tarde, sugeri-lo, a todos os que verdadeiramente amam o futebol, como uma forma agradável de matar saudades do jogo que mudou o mundo e uma maneira apetecível de afastar o tédio e a ansiedade”.
Vítor Serpa observou tratar-se de “um livro onde desfilam histórias verídicas de algumas das mais famosas personalidades do futebol português e que atravessa todo o tempo da minha vida de jornalista. Histórias reais, vividas por mim próprio, e que ajudam a traçar um retrato mais humano do povo do futebol”.
Neste tempo de confinamento forçado, Vítor Serpa tem lido bastante. “Acabei de ler, há dias, um interessante livro de António Gaspar, “O Regresso da Anarquia”, que nos fala da história do complexo equilíbrio político das três grandes potências, que definem a ordem mundial; e estou a ler, agora, outro livro, também de autoria de um professor universitário português, Miguel Real, intitulado “Traços Fundamentais da Cultura Portuguesa”.
Esta obra tem entusiasmado Vítor Serpa: “É-nos explicado, da fundação da nacionalidade até aos tempos de hoje, a razão do modo de ser português e que nos fala de um Portugal quase sempre suspenso no tempo, de um povo que inventou a palavra saudade, muitas vezes sebastianista e de “subserviência rastejante ao partido”, habituado na “cunha ao senhor doutor” e “crente no resultado do totoloto ou do euromilhões”. Um Portugal que, entretanto, tenta aprender, em democracia, aproximar-se da Europa e a “abater a ignorância e a incultura”.
Conhecendo, como se reconhece, Vítor Serpa, sem dúvida que faz todo o sentido seguir-lhe o rasto, encontrar a pista certa e centrar-se naquilo que são a razão de ser dos livros já publicados, quiçá à espera de mais algum que possa estar para breve.