Segundo resultados apurados a partir do projecto European Sector Skills Alliance for Sport and Physical Activity (ESSA-Sport), promovido em relação ao caso português por uma equipa de docentes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior (ESDRM/Instituto Politécnico de Santarém), em colaboração com o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) – ora divulgado no site do Comité Olímpico de Portugal – o emprego no desporto teve em Portugal, entre 2011 e 2018, uma taxa de crescimento de 57,8%, passando de 23 883 para 37 680 postos de trabalho.
De acordo com os dados disponibilizados, o peso do emprego gerado pelo desporto, em Portugal, passou, no mesmo período, de 0,54% para 0,82% do emprego total. Comparativamente, nos 28 países da União Europeia (UE), os valores médios de referência passaram de 0,70% para 0,79%. Por sexo, aumentou a percentagem de homens a trabalhar no desporto e diminuiu a das mulheres: 51,3% para 55,8% nos homens e de 48,7% para 44,2% nas mulheres.
Os valores médios na UE tiveram o mesmo padrão de resultados, de 52,1% para 54,4% nos homens e de 47,9% para 45,6% nas mulheres.
Pelo tipo de emprego, diminuiu percentualmente o número de trabalhadores/as independentes, de 15,9% para 13,5%, tendo aumentado a percentagem de trabalhadores/as por conta de outrem, de 84,1% para 86,5%. Por relação contratual, o emprego por tempo parcial aumentou de 21,5% para 26,8% e por tempo integral diminuiu de 78,5% para 73,2%.
As profissões específicas do desporto (atletas e jogadores profissionais, treinadores, árbitros/juízes, instrutores de fitness e instrutores de actividades outdoor) tiveram um aumento de 135,3%, passando de 8129, em 2011, para 19 128, em 2018. Na UE o crescimento médio foi de 19,2%. Para estas profissões, atendendo ao sexo, aumentou também a percentagem de homens (de 62,1% para 68,2%), diminuindo a das mulheres (de 37,9% para 31,8%). Pelo tipo de emprego diminuiu percentualmente o número de trabalhadores/as independentes, de 27,6% para 24,6%, tendo aumentado a percentagem de trabalhadores/as por conta de outrem, de 72,4% para 75,4%. Por relação contratual, o emprego por tempo parcial aumentou de 34,6% para 40,4%, por tempo integral diminuiu de 65,4% para 59,6%.
Estas profissões, comparativamente às restantes que trabalham no desporto, têm a maior percentagem de trabalhadores com o ensino superior (de 48% para 55,0%), com o ensino médio (de 30,7% para 30,5%) e a menor com o ensino básico (de 21,3% para 14,5%).
Por fim, o resumo apresenta, na perspectiva dos responsáveis pelas organizações desportivas, necessidades e tendências de competências para as profissões do desporto; desafios com o recrutamento, a retenção de profissionais, a integração de voluntários e resultados sobre o desenvolvimento futuro da força de trabalho.
O âmbito do trabalho, conduzido em Portugal por Abel Santos, Alfredo Silva, Diogo Carmo, Elsa Vieira, Pedro Sobreiro e Cristina Almeida, foi circunscrito à identificação de competências dos agentes desportivos e a sua adequação ao mercado de trabalho nas organizações desportivas, e teve três objectivos principais: 1) analisar e definir o mercado de trabalho do desporto a partir das estatísticas europeias e nacionais; 2) apresentar as principais características, tendências e perspectivas do sistema desportivo e da actividade física, estrutura e operadores, a nível europeu e nacional; e 3) descrever o sistema nacional de educação e formação, e interpretar os sistemas de formação específicos para o desporto e a actividade física, bem como a oferta de formação existente no sector.
Nos dados relativos ao nível da prática de desporto ou actividade física – Euro barómetro de Março de 2018 – apenas 5% fazem actividade durante cinco dias; 21% com uma a quatro vezes; 6% raramente e, incrivelmente baixo (e já foi maior), 68% nunca fizeram nada.
Quanto às razões apresentadas para a prática do desporto ou actividade física, 51% disseram que é para melhorar a saúde, 24% para estar com amigos, 22% para melhorar a aparência física, 21% para controlar o peso.
Estes e outros dados estatísticos correspondentes ao que os portugueses (não) fazem, a este nível, encontram-se também no site do Comité Olímpico de Portugal.