Se bem que o resultado final foi a favor de Portugal, ao vencer a Sérvia por 4-2, Portugal esteve algo longe do que se esperaria como campeão europeu e vencedor da Taça das Nações, porquanto criou um “estado de nervos” ao longo dos noventa minutos que podia ter saído ao contrário.
Pese embora tenha tido maior posse de bola, não dominou o jogo e cometeu vários erros que, em dia menos sim, pode dar para o torto.
À passagem dos 15’ de jogo já tinha 75%-25% de posse de bola, mas apenas porque jogou sobre o seu meio campo, não tentou criar perigo na baliza dos sérvios, pelo menos enquanto estes não se adiantaram no terreno, se bem que foram eles que criaram (3’) o primeiro momento de perigo, quando Rui Patrício foi obrigado a estar atento para defender um remate forte, mas que foi parar directamente para as suas mãos.
Notou-se, também de princípio, que os sérvios não estavam em campo para “brincadeiras” e demonstraram o futebol rijo que praticam, também pela compleição física de alguns dos seus elementos, dando vantagem nas jogadas em que Portugal é menos prático, como retenção de bola, com passagens laterais, para trás e para a frente, sem qualquer tipo de avanço, de onde não resultou nenhum remate a sério.
Patrício volta a estar atento para novo remate que defendeu, ainda que sem dificuldade, mas a Sérvia podia ter marcado (27’) quando a bola, com efeito contrário, roçou a trave de Patrício, com este fora da jogada.
Dez minutos depois, a Sérvia voltou a criar perigo pelo lado esquerdo do ataque, com um remate que saíu muito perto do poste, ainda que sob controlo de Rui Patrício.
Neste período, que durou até cerca dos 40 minutos, a Sérvia manobrava a partida, sem que marcasse, enquanto os jogadores lusos “pensavam” o que iam fazer, sem chama.
Até que aconteceu o inesperado. Num centro para a baliza dos sérvios, o guarda-redes e dois defesas atrapalham-se ao mesmo tempo, na pequena área, onde William, mais lesto, rematou para o 1-0 (42’), face ao desnorte do referido trio defensivo.
Na resposta, a Sérvia voltou (45’) a criar perigo junto da baliza de Patrício, mas a situação resolveu-se sem problemas, terminando o primeiro tempo com uma posse de bola de 43/57% para Portugal.
No segundo tempo, Portugal entrou melhor e Ronaldo (47’) rematou a rasar o poste da baliza sérvia, o que voltou a acontecer dois minutos depois quando Ronaldo, na marcação de um livre, também fez a bola passar muito perto do poste.
Logo a seguir (51’) a Sérvia voltou a criar perigo junto da baliza de Patrício mas, na resposta, Portugal chegou (58’) ao 2-0, com um golo de Gonçalo Guedes, no que foi a melhor jogada da equipa portuguesa, com uma triangulação entre Ronaldo, Bernardo Silva e a bola a seguir para Guedes que, pela esquerda, tirou o defesa da frente e marcou com o pé esquerdo, sem hipóteses para o guardião sérvio.
Com dois golos der vantagem, Portugal voltou a “adormecer” e foi a vez da Sérvia (67’) reduzir para 1-2, com um golo marcado na sequência de um canto, em que nem Patrício saiu de entre os postes nem os centrais conseguiram parar o ímpeto de Milenkovik, que vindo de trás, elevou-se sem ninguém por perto e cabeceou para a baliza deserta.
Dois minutos depois Patrício voltou a “safar” o golo, defendendo para cima da barra, com Portugal a manter a posse de boa mas sem efeitos práticos em termos de caminho para o golo, ainda que tenha entrado João Félix para “parar” ainda mais a velocidade portuguesa.
Aos 80’, Ronaldo surge isolado na grande área da Sérvia e fez o 3-1 com um desvio de bola subtil ante o guarda-redes, ainda que se colocou a hipótese de estar fora-de-jogo. Mas como não há VAR e o árbitro assistente “nada disse”, o golo foi confirmado.
Nova “paragem” no tempo da turma lusa e aproveitou a Sérvia para chegar ao 2-3, com um golo de Mitrovic (85’), depois de Bruno Fernandes, displicentemente, ter colocado literalmente a bola nos pés do marcador do golo, que subiu mais alguns metros e disparou forte para o ângulo superior da baliza.
A relva voltou a “tremer” para o lado luso mas, numa jogada de triangulação junto da grande área (86’), a bola vai a Bernardo Silva que, friamente, rematou sob as pernas de um defesa e a bola entrou quase junto ao posto, sem hipótese de defesa do guardião da casa.
Chegados aos 90’, houve necessidade de se avançar mais cinco minutos onde, também de forma displicente, sem necessidade, William comete falta sobre um adversário, que originou um cartão amarelo, que pode fazer falta nas próximas partidas.
Se bem que Portugal tenha uma vantagem que outras equipas não tem (tem o play off assegurado por ter ganho a Liga das Nações, pelo que não precisa de ficar nos dois primeiros lugares de apuramento do grupo), a verdade é que ou passa a jogar como campeão que é, ou pode correr riscos desnecessários.
A próxima partida, na terça-feira, frente à Ucrânia, é um jogo em que todas as precauções têm que ser tomadas para evitar erros e omissões como as que se verificaram este sábado na Sérvia.
Na outra partida do grupo, disputada também este sábado, a Ucrânia derrotou facilmente (3-0) a Lituânia, mantendo uma liderança absoluta (tem dois jogos a mais do que Portugal), com 13 pontos, contra 7 de Portugal, que passou ao segundo lugar.