O que já foi um dos melhores laboratórios de análises de dopagem no desporto em todo o mundo, como foi o caso do português viu, nestes últimos dias, a revogação da acreditação, sanção aplicada (ainda sujeita a reclamação por parte de Portugal) do citado Laboratório, no que se pode considerar um passo atrás e, quiçá, o encerramento definitivo.
Suspenso vai para três anos, o IPDJ, que a tutela, investiu mais de um milhão de euros em equipamento técnico e humano mas não conseguiu o voto favorável após mais um “Teste Cego” que foi feito este ano, teste em que a Agência Mundial Antidopagem (AMA/WADA) apresenta uma amostra (com várias substâncias permitidas e proibidas) para que os técnicos do laboratório “decifrem” não só quais são as proibidas como que características possuem relativamente ao que está definido na própria regulamentação de aprovação dos laboratórios.
Em face desta notícia divulgada pela AMA/WADA, a Comissão Executiva do COP divulgou uma nota, que se transcreve na íntegra:
“O Comité Olímpico de Portugal (COP) tomou conhecimento da decisão da Comissão Executiva da Agência Mundial Antidopagem (AMA), do passado dia 22 de Outubro, de revogar a acreditação do Laboratório de Análises de Dopagem (LAD) de Portugal.
Trata-se de uma decisão que compromete décadas de investimento que colocaram o País na vanguarda deste domínio e a qualidade científica granjeada por um laboratório reconhecido internacionalmente, servido por técnicos de craveira mundial, com danos reputacionais irreparáveis para o desporto português.
O COP, por diversas ocasiões, teve oportunidade de alertar para a iminência deste desfecho, pelo prestígio que notoriamente vinha sendo delapidado no domínio da prevenção e combate à dopagem perante a ausência de uma orientação estratégica, política, técnica e operacional consistente com as referências internacionais.
A vulnerabilidade em que, por tal ausência, o País se colocou resulta evidente desta decisão da AMA, a qual, é aliás, pré-anunciada pela decisão anterior de suspensão do LAD em Abril de 2016.
A situação a que chegámos tem origens muito para além das responsabilidades do actual Governo e ultrapassam a área do desporto. A ausência de políticas para o sector, a par do desinvestimento feito na modernização de toda área da medicina desportiva pública, com especial incidência no período em que Portugal esteve sob ajuda financeira externa, associada a uma inadequada selecção de recursos humanos para áreas de responsabilidade estratégica penalizaram aquele que foi um dos sectores mais qualificados do sistema desportivo nacional.
Perante esta fragilidade, agora evidenciada por acção internacional, oportuna e reiteradamente assinalada pelo COP na luta pela integridade no desporto em Portugal e num momento em que se colocam, neste âmbito, desafios cruciais ao Movimento Desportivo, a decisão da AMA não deve ser desvalorizada ou, considerada – o que seria lamentável -, de efeito nulo no combate à dopagem, pelo que se aguarda seja o apuramento total de responsabilidades, seja o anúncio das medidas políticas que a situação conhecida urgentemente requer.
O COP reitera a sua disponibilidade para cooperar com as autoridades políticas e desportivas nacionais no sentido de minimizar os custos da decisão agora anunciada e de colocar Portugal em linha com aquelas que são as orientações da AMA em matéria de salvaguarda da integridade do desporto.”