Sexta-feira 22 de Novembro de 2024

O VAR que está bem e recomenda-se

IMG_2696Se bem que o VAR esteja para ficar – opinião que recolheu parecer favorável no Congresso “O Futuro do Futebol” que o Sporting está a promover no Pavilhão João Rocha até esta quinta-feira – a verdade é que existem várias arestas para limar, conhecidas que foram também as experiências da Major Liga dos Estados Unidos da América e de países como a Alemanha e Portugal, para além do Internacional Board (IFAB), que “gere” as regras no topo.

Apesar das realidades diferenciadas, a verdade é que o processo inicial em cada um deles começou de forma algo semelhante, pese embora o modelo norte-americano tenha sido o melhor, porque foi pensado, repensado e entrou em funcionamento quando a “máquina organizativa” estava com a “rodagem” feita, pelo que não tem havido entraves de maior, pese embora a grande diferença seja a tecnologia, porque nem toda é igual e porque também é diferente em termos do número e localização dos postos de recolha de imagens.

Comum aos três intervenientes (Greg Barkey, director-técnico da Major League Soccer; Florian Gotte, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação alemã e José Gomes (presidente do conselho de arbitragem da FPF), foi a importância do VAR para que a verdade desportiva não seja defraudada. O que também foi comungado por Lukas Brud, CEO do International Football Association Board).

A questão da qualidade dos realizadores das transmissões televisivas também foi comentado, porquanto disso depende a captação dos melhores ângulos para se analisar cada situação que surja e o facto de essa transmissão não estar afecta a um único operador mas poder ser feita por um canal de clube, o que foi considerado como duvidoso.

O tempo de visionamento dos vídeos por parte dos árbitros também deve ser comedido, segundo o norte-americano, porquanto “não podemos ser demasiados minuciosos na procura das faltas e porque vamos continuar a ter erros e temos de perceber que vão continuar a existir. Só queremos reduzir o número de erros.”

Barkey rematou que “nos EUA temos uma nova filosofia: não vamos interferir no jogo se o árbitro tiver condições para decidir.”

A situação alemã é parecida com a dos EUA, segundo Florian Goette, responsável pelo departamento de arbitragem na Federação Alemã de futebol, que adiantou estar satisfeito porque à medida que se analisam os actos ganha-se tempo no visionamento que estão mais rápidos, deixando de perturbar tanto os espectadores.

Para José Gomes, a realidade portuguesa é outra, começou há meses e tudo tem o seu tempo para afinar, pese embora estar agradado com o bom desempenho que se tem verificado, naturalmente com erro aqui e acolá, que vão sendo afastados com a experiência ganha, como exemplificou.

Tal como tudo na vida, as máquinas não trabalham sós: há sempre uma mão humana para dar um toque ali e acolá ou para explicar situações variadas. Daí o diálogo que se deseja com todos os agentes, qualquer que seja a função que desempenhe.

Uma das questões colocadas foi a localização das câmaras em cada jogo, tendo Lukas Brud defendido que não é tanto os números, mas a posição das câmaras, deixando a mensagem de que “Analisaremos e veremos quais as câmaras recomendadas. O número não é tão importante, mas sim a sua posição em campo, ter câmaras mais afastadas. Também há produtores diferentes, cada um oferece uma imagem diferente. Mas é preciso uniformizar as coisas, queremos regulamentar a posição das câmaras em campo e também o seu número”, disse o responsável da International Board.

Florian Goette lembrou que “o papel do árbitro e o papel do vídeo-árbitro são diferentes. Quando os árbitros tomam decisões baseadas em comunicações com o VAR sem consultar as imagens, há menos aceitação por parte do público do que quando vai ao ecrã ver a jogada. É preciso haver a percepção do público que o árbitro principal é campo é quem toma as decisões e não por alguém fechado numa sala escura”.

Se o VAR é a “estrela” do momento, outras, no passado recente da nossa história, são sempre bem-vindas, como foi o caso de Luiz Felipe Scolari, o seleccionador que levou Portugal à final do Erro’2004, que se debruçou no tema dos adeptos do futebol no mundo.

O técnico passou em revista a passagem por vários países, como China, Portugal, Japão, Uzbequistão, Kuwait, Arábia Saudita onde conviveu com “culturas totalmente diferentes, com adeptos totalmente diferentes, e situações inimagináveis”, dando o exemplo dos adeptos japoneses como os mais concentrados ma sua missão.

Quando à sua presença em Portugal, Scolari referiu que, em Euro2004 os portugueses eram adeptos um pouco introvertidos no apoio à sua Selecção, tendo acrescentado que “o pedido de bandeiras foi uma ideia de Gilberto Madaíl. Todos queriam manifestar-se assim mas acho que havia receio.”

Para além destes oradores, outro houve que, na abertura do congresso, marcou a sua presença: Emanuel Medeiros, o agora CEO da SIGA (Associação para a Integridade no Desporto), mostrando o seu “espirito indomável”, de verticalidade e de que “a organização que represento é constituída por elementos independentes de tudo, apenas se preocupando com a integridade no desporto, numa luta desigual mas que queremos vencer.”

Salientou que “temos uma visão elevada do estatuto do futebol no desporto, com princípios e valores sólidos e pela sua reputação”.

Relevou o extraordinário papel que Fernando Gomes tem feito na gestão da Federação Portuguesa de Futebol e reforçou que “temos tudo para ser uma grande nação no futebol” mas que, para isso acontecer “não podemos ver um terrorismo verbal diário entre os principais dirigentes dos clubes nacionais”, deixando um apelo ao entendimento e ao bom senso porquanto a modalidade está a ter um escrutínio muito grande por parte dos patrocinadores que, de um momento para o outro, podem sair face ao “barulho ensurdecedor” negativo que se faz sentir.

Esta quinta-feira, a corrupção, a manipulação de resultados, a lavagem de dinheiro e a violência abrem o dia (a partir das 10 horas), seguindo-se os bastidores da indústria – o “poder fora das quatro linhas” e o encerramento cerca das 14 horas.

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