Poderá ser à volta deste tema que se medirá – ou se irá medir a partir desta edição – o valor da realização dos Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang’2018, sobre todos os pontos de vista.
Do desporto à política – cada vez tudo é mais politizado, seja onde for e porque for – existiram factores que tem que ser analisados à luz desta organização, não esquecendo que, afinal, a dopagem continua a campear e na mesma área geográfica.
Na verdade, a Coreia do Norte como que foi “obrigada” a abrir a porta a um “entendimento” (Trégua Olímpica) – tal como nos Jogos Olímpicas de outrora – vertente que se espera possa ser uma realidade mais efectiva.
Fixemo-nos apenas no campo desportivo, na alegria e tristezas de uns e outros, nas medalhas que conquistaram, nos comportamentos que tiveram, enfim, na festa que devia ser uma festa e que o foi, pelo menos pelas reacções (positivas) que foram soando dia a dia.
Contaram-se (e contam-se) histórias – verdadeiras ou não nem tanto – somam-se as medalhas que cada um conseguiu amealhar, conhece-se um pouco mais da vida de cada um, mas … será que houve “rei” e “rainha” dos Jogos?
Que parâmetros devem ser considerados? Pelo número de medalhas e pelo valor de cada uma?
A única estatística global que sai deste tipo de (mega) eventos corresponde ao número de medalhas conquistadas. A nota “artística” também é um importante vector de avaliação.
É preferível utilizada a escala do medalheiro e aqui surgem, à cabeça, o claro triunfo da Noruega na questão das medalhas – 39, sendo 14 de ouro, 14 de prata e 11 de bronze – que é um novo recorde das Olimpíadas de Inverno, ainda que a Alemanha também tivesse conquistado 14 medalhas de ouro, pelo que se pode considerar um “empate técnico”. Mas não é assim porque contam todas.
No aspecto individual, diz-se à boca cheia que a norueguesa Ester Ledecka foi a “rainha”, ainda que apenas tenha conquistado duas medalhas, em duas disciplinas diferentes: esqui alpino (super gigante) e snowboard, mas sendo a primeira mulher a fazê-lo.
E porque não a também norueguesa Marit Bjoergen, que conquistou cinco medalhas (2-1-2), porque em cinco provas diferentes, o que obrigou a um maior esforço prolongado?
No lado masculino, parece não haver dúvidas que os “reis” foram dois: o norueguês Johannes Klaebo e o francês Martin Fourcade, que conquistaram três medalhas de ouro.
Além disto – e muito mais que se poderá comentar – fica para a história o facto da Noruega e da Alemanha terem conquistado o maior número de medalhas de ouro, sendo seguidas pelo Canadá (11-8-10), os Estados Unidos (9-8-6), a Holanda (8-6-6), a Suécia (7-6-1) e que a Coreia do Sul saltou para o 7º posto (5-3-6) com a Suíça a subir ao 8º posto (5-6-4), fazendo descer a França ao 9º (5-4-6) e a Áustria ao 10º lugar (5-3-6).
Nesta breve “viagem” pelos magníficos espectáculos que foram proporcionados, uma referência para a dupla portuguesa presente que, apesar de não terem sido os melhores dos melhores, cumpriram a sua missão com brio e até com um lugar que se deve enaltecer para quem, há quatros anos, esteve muito abaixo das capacidades normais, como or se verificou.
Foi o caso de Arthur Hanse, que brilhou a grande altura na prova de Slalom Gigante ao obter um extraordinário 38º lugar na classificação geral após as duas mangas da competição, tendo alguém lembrado que a melhor presença lusa foi um 21º lugar de Mafalda Queiroz Pereira, no esqui acrobático, em Nagano’1998. O que é verdade, porque os registos estão feitos.
Mas o número de participantes há 20 anos era o mesmo do que agora? Toda a envolvência era semelhante? Por certo que não!
Hanse que obteve ainda um bom registo (66º) no Slalom Gigante (Esqui Alpino), depois de completar as duas mangas regulamentares.
Na primeira, Hanse conseguiu o 76ª posto entre os 110 que estavam inscritos, com o tempo de 1.22.43, ficando a 14,16 do vencedor, o austríaco Marcel Hirscher, que completou com 1.08.27, tendo terminado 85 concorrentes.
Na segunda, Hanse foi ainda melhor, porquanto chegou na 66ª posição (1.21.52) ganhando alguns segundos e que o fixaram no referido lugar, com um total de 2.43.95, a 25.91, do austríaco, que repetiu o triunfo, com o tempo 1.09.07 (total de 2.18.14.
O outro português – de origem macaense – Kequyen Lam – que se estreou nestes Jogos, acusou, de alguma forma, o peso da estreia e obteve o 113º lugar na prova de 15 km no esqui alpino, finalizando com o tempo de 54.34,1.
Esta disciplina do esqui alpino remonta à pré-história, se bem que a vertente moderna seja do século XIX, na Noruega. Faz parte dos Jogos desde 1936 e é um dos desportos de inverno mais espectaculares com provas de velocidade e técnica.
Posto isto, ponto final!