Pedro Sousa (29 anos e 107º no ATP) foi o herói nacional no primeiro dia do encontro com a congénere da Alemanha no “play-off” de promoção ao Grupo Mundial da Taça Davis, que esta sexta-feira se iniciou no “Central” do Jamor.
Contra o que seria a previsão teórica, como é evidente, (o alemão Jan-Lennard Struff, 27 anos, 1,96 de altura e 54º), Pedro Sousa soube construir um triunfo que, ainda assim, deu alguma dificuldade, dadas as características morfológicas dos dois tenistas (a altura do alemão e os 1,70 de Pedro), em especial no segundo e, mais, no terceiro jogo, a causar alguns “calafrios” à boa moldura humana presente nas cerca de cinco horas que duraram os dois encontros da ronda.
No primeiro jogo foi fácil concluir com um folgado 6-2, enquanto no segundo houve ume “tremideira” a partir do 4-1 de vantagem, com Pedro a “deixar” apanhar até aos 5-5 (4 pontos para o alemão contra um do lusitano, que pareceu demonstra alguma ansiedade, com baixa de rendimento talvez também por algum cansaço e, porque não, o facto de João Sousa ter perdido o primeiro jogo, que podia causar efeitos psicológicos negativos.
Para chegar ao 5-5, os parciais estiveram quatro vezes nos 40-40, com Pedro a ter hipóteses de chegar ao seis e acabar (6-4) mas foi o alemão que fixou mesmo os 5-5. O que deu maior trabalho – mercê de uma garra forte – “gozo” a Pedro que conseguiu chegar ao 7-5 e sair vencedor do segundo jogo de forma perfeita, com um “amortie” de belo efeito.
O terceiro encontro foi ainda mais “nervoso”. Pedro começou melhor, chegou ao 3-0, mas o alemão – aproveitando uma certa falta “de gás” do nosso representante – chegou ao 3-3 e continuou a responder aos avanços, chegando novamente ao 5-5 e indo aos 5-6, quando Pedro iniciou o 12º jogo em desvantagem, acabando com um 7-6 (4) depois de duas horas e vinte minutos de jogo.
O triunfo, o primeiro de Portugal, resultou num empate (1-1) no final da primeira ronda.
Pedro salientou que “desde miúdos que sempre treinámos no Jamor e, por isso, foi bom voltarmos ao Central para matarmos a saudade. Sobre o enguiço que existia, se soubesse qual era naturalmente que já o tinha “desfeito” há mais tempo”, tendo manifestado ainda a esperança de que Portugal pode conseguir o apuramento para o mundial, o que seria um feito inédito.
João Sousa “atrasou” Portugal
O número um português ( 28 anos e 57º ATP), João Sousa não esteve mos melhores dias e baqueou ante Cedrik-Marcel Stebe (90º), apesar de, teoricamente, ter a maior parte do favoritismo por seu lado, o que no final não se verificou, deixando o capitão Nuno Marques e a equipa a “tremer”, até porque teve várias oportunidades para dar a volta ao resultado desfavorável.
Ganhou o primeiro por um equilibrado 6-4, mas a partir do 2º começou a “descolar” e a dar origem a três jogos em que como que foi irreconhecível para os tempos áureos de João Sousa.
Perdeu o 2º e o 3º por 6-3, denotando como que uma “ausência” em campo, reclamando de pontos perdidos (que psicologicamente também contribuiu para a tal “ausência” mental – está o corpo mas a mente não).
No que que foi o 4º e último jogo foi “cilindrado” por um 6-0, que apenas confirma o atrás descrito, que o próprio jogador salientou na conferência de imprensa, ao afirmar que “não comecei bem, tentei recuperar mas fisicamente não estive à altura do desafio, porquanto não joguei o “meu” encontro”.
Acrescentou que “espero que esta derrota não seja penalizante para a equipa porquanto nem tudo o que começa mal … acaba mal”.
Num jogo que durou poucos mais de duas horas e meia, o que ficou foi uma derrota de alguma inesperada mas com o empate tudo vai depender do jogo de pares deste sábado e dos outros dois (ou só um) singulares de domingo, consoante seja a marcha do marcador.
Nuno Marques confia na equipa
Para Nuno Marques, o capitão da equipa, “continuo esperançado de que podemos ganhar este play off, dado que o passo de hoje foi importante, com o empate, depois de uma excelente e suada vitória do Pedro Sousa”, tendo acrescentado que “o João Sousa estava bem encaminhado para vencer mas a ansiedade traiu-o face ao poderio que os alemães representavam”.
Quando à escolha de Gastão Elias para o jogo de pares (e não Pedro Sousa), Nuno Marques “esclareceu que tanto um como outro estão dentro do espirito da equipa, tem a minha confiança e que qualquer que fosse a escolha o que importa e que possamos ganhar esse jogo”.
O hómologo alemão, Michael Kohlmann, revelou alguma surpresa pelo empate, dizendo que “não estou satisfeito com o 1-1, mas claro que aceito o resultado. Se estivéssemos a perder por 2-0 seria muito pior. O par vai ser decisivo”
Neste sábado, o encontro de pares, com início às 14h30 horas, permitirá desfazer a igualdade. João Sousa (57º/174º ATP em pares), que cedeu no primeiro embate individual, e Gastão Elias (153º/349º) defrontam Yannick Hanfmann 134º/563º) e Tim Puetz (464º/115º).
Com o sol presente, ainda que provavelmente algum vento forte de vês em quando, é mais uma boa oportunidade para apoiar a equipa portuguesa a chegar ao grupo mundial, o que seria pela primeira vez. Tudo é possível quando a alma não é pequena. E a dos portugueses é muito elevada segundo nos revela a história desta Nação Imortal.