O território que inclui os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Nisa, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão foi declarado pela UNESCO como Geoparque, constituindo o Geopark Naturtejo.
Este vasto território inclui um património geológico reconhecido internacionalmente, o qual inclui paisagens geomorfológicas, estruturas tectónicas, formações sedimentares, metamórficas e magmáticas, solos, nascentes termais e fósseis.
A Naturtejo foi criada pelos municípios referidos para administrar este património reconhecido pela UNESCO. Para além das actividades de promoção turística que preconiza, incluem-se também actividades educativas realizadas em toda a região, assim como o estudo ou apoio à investigação científica.
No presente decorrem dois projectos de investigação no Geopark Naturtejo relacionados com o seu Património Geológico. O primeiro projecto resulta de um protocolo de cooperação entre o Município de Idanha-a-Nova e o Departamento de Geologia da Universidade de Lisboa. Coordenado pela Professora Dr. Isabel Fernandes desta mesma universidade tem por objectivo analisar as vertentes graníticas de Monsanto para estabelecer um plano de monitorização de risco de erosão. Deste estudo resultará uma tese de mestrado que facultará ao Município de Idanha-a-Nova cartografia de detalhe que deverá ser utilizada no ordenamento da área urbana de Monsanto, incluindo percursos pedestres.
Desde a semana passada que decorrem trabalhos de campo em Penha Garcia e na Serra do Muradal, em Oleiros. No âmbito de um projecto de cooperação internacional com o Instituto de Estudos Avançados de Zanjan, no Irão, o Professor Dr. Aram Bayet-Goll está de visita ao Geopark Naturtejo com o objectivo de estudar as estruturas sedimentares preservadas nas rochas de Penha Garcia e da Serra do Muradal, e assim, reconstituir com maior precisão os paleoambientes que aí existiram há quase 500 milhões de anos.
Uma amostragem camada-a-camada já realizada permitirá desenvolver análises petrográficas e geoquímicas que deverão reforçar o conhecimento paleogeográfico e paleoclimático para os fósseis estudados nestas duas zonas por Carlos Neto de Carvalho, coordenador científico do Geopark Naturtejo – Geoparque Mundial da UNESCO. Entre estes fósseis são sem dúvida os mais conhecidos e visitados os icnofósseis de Penha Garcia, ou “cobras pintadas” no dizer dos penagarcienses, que se orgulham deste património geológico singular que todos os anos traz milhares de visitantes curiosos à região. Os estudos agora desenvolvidos por estes investigadores farão ainda correspondência com o Geoparque de Villuercas-Ibores-Jara, na vizinha Extremadura, com o apoio das autoridades e dos paleontólogos espanhóis, contribuindo para o projecto transfronteiriço de valorização do Património Geológico conhecido como “Ponte sobre o Quartzito Armoricano”.