Dado que o triunfo do Sporting não merece contestação alguma – porque foi melhor do que o Estoril, que soube ser um digno vencido – o interesse maior do jogo advém do papel que os árbitros assistentes devem desempenhar enquanto ajudantes do árbitro principal.
Ao longo dos anos, continua a verificar-se que a referida função se resume a um papel de embrulho, tal o elevado número de decisões incorrectas.
O que está a ser mais agravado ainda face a um “maior descanso” que o Vídeo-Árbitro (VAR) proporciona. Isto porque o “citado” VAR tem poderes para avisar o árbitro de que tem que esperar até se ver a repetição das imagens.
E foi isso que se verificou neste Sporting-Estoril, precisamente nos últimos minutos e já no tempo de compensação (4’), quando Sporting (Dost) e Estoril (Pedro Monteiro) marcaram golos que … acabaram por não ser homologados, em primeiro lugar pelo VAR e, em último, porque lhe compete essa responsabilidade, ao árbitro.
Como ficou provado – e que se viu muito bem a olho tudo por uma parte significativa dos espectadores – quer Gelson quer Pedro Monteiro, em especial este último, estavam colocados muito para além da linha de fora de jogo.
Isto quer dizer que os árbitros assistentes não estão devidamente colocados nos lugares, não tem visão lateral nem sonora (quando a bola é rematada ouve-se), o que origina a falta de atenção e a criação de problemas ao árbitro, porquanto é obrigado a suspender o jogo para ver as imagens gravadas.
Posto isto, ressalta outra questão: que tipo de sanção é que estes elementos têm, pelas irresponsabilidades cometidas? Ao que se sabe, nenhumas! Retirada de pontuação em relação ao jogo? Suspensão na “jarra”? Seria bom atalhar a direito e criar o quadro penalizador para este tipo de falhas que o VAR, depois, vem reparar. Mas a falha foi cometida e devem ser sancionados, pelo mínimo na retirada de pontuação na classificação de cada jogo em que isso aconteça. E se se repetir muitas vezes, então assim a “jarra”. Aguardemos o que os senhores da APAF e do Conselho de Arbitragem tem para dizer sobre isso.
Sobre o jogo, o Sporting entrou forte para tentar abrir o activo o mais cedo possível e depois gerir com mais calma o resto da partida.
E se o pensou, melhor se concretizou, obtendo dois golos em onze minutos, o que fez “abanar” os canarinhos, que não pensaram o mesmo, se bem que sem entrar num sistema totalmente defensivo.
Para isso, até foi o Estoril a “colaborar”, porquanto o golo (4’) de Gelson só se verificou, pleno de oportunidade, porque o defesa esquerdo (Mano) não está no seu lugar e o avançado correspondeu da melhor forma a um centro largo de Acuña, tendo a bola passado por Dost (mais perto da baliza) e chegando ao extremo direito que, mais veloz, conseguiu chegar à bola e empurrá-la para dentro da “gaiola”.
Logo de seguida (6’), foi Gelson a cruzar mas Dost não chegou à bola.
E o Sporting chegou ao 2-0 (11’), com um magnífico golo de Bruno Fernandes, na marcação se um livre frontal para a baliza de Moreira, fazendo passar a bola pela lateral da barreira e enviar a bola para o fundo da baliza bem perto do canto superior esquerdo da baliza do guardião estorilista.
A partir daqui, o Sporting “amainou” o seu ímpeto, o que deu origem (23’) a uma hipótese de golo por parte do Estoril, quando Pedro Monteiro, com a baliza aberta, estando só por ausência do defesa directo (Piccini), mas falhou o remate
Até ao intervalo, as jogadas de perigo eminente não foram vistas e houve ainda um alongamento de dois minutos para “cobrir” atrasos com jogadores “caídos”.
Depois de Nélson Évora se apresentar no relvado para receber as palmas dos adeptos leoninos pela conquista da medalha de bronze no recente mundial de atletismo, em Londres, o segundo tempo iniciou-se com um Estoril “refrescado” com a entrada de dois novos jogadores, se bem que em termos de emoção só aconteceria algo nos últimos seis minutos de jogo (dois regulamentares e mais quatro complementares).
Dost, por duas vezes, criou perigo, a primeira (46’) quando chegou atrasado a um cruzamento e a defesa antecipou-se e, depois (47’), quando se preparava para rematar, viu Diakhité antecipar-se.
O Sporting mantinha o ascendente e Moreira evitou (68’) o golo, desviando uma bola cruzada por Acuña que tinha como destino Dost.
Na sequência de mais um ataque liderado por Acuña (75’), que cruzou para o centro da área, Battaglia cabeceou para a baliza mas Moreira fez uma excelente defesa, passando o perigo.
No seguimento de um canto (83’), que Patrício rechaçou, a bola chegou aos pés de Evangelista que rematou forte para Patrício defender superiormente. O que foi o sinal de que o Estoril não estava em campo apenas para “ver” jogar.
Tanto que, no minuto seguinte, o mesmo Evangelista, fora da área sportinguista, fez um remate que levou selo de golo, fazendo a bola sobrevoar até ao canto superior e anichar-se na rede da baliza de Patrício, algo apático, quiçá por não ter visto a bola partir.
O Sporting “tremeu” – até porque Jorge Jesus tinha ainda uma substituição para fazer e não a fazia, a menos de três minutos do final do jogo – e Dost voltou a procurar o golo, só não o conseguindo (87’) porque Moreira cobriu o ângulo de remate e defendeu com os pés.
Acuña estava sempre na frente e voltou a endossar a bola a Dost (89’) que a enviou, de cabeça, ao lado da baliza de Moreira.
Entrando-se no tempo da compensação (4’), Dost marca golo, no seguimento de um cruzamento de Gelson, golo assinalado mas, logo depois, anulado por fora de jogo de Gelson que o árbitro assistente não viu e foi preciso ser confirmado pelo VAR.
Em forma de resposta, Pedro Monteiro, em nítida posição de fora-de-jogo, marcou para o Estoril, no que seria o empate, golo que também foi anulado revistas as imagens do VAR, voltando tudo ao normal, isto é, com o jogo a terminar com o resultado de 2-1 a favor do Sporting, mantendo-se o F. C. do Porto (venceu o Sporting de Braga por 1-0) e o Sporting na liderança, com 12 pontos, contra 10 do Benfica e do Rio Ave.
De registar a presença de 45.367 espectadores do Alvalade XXI.
No Sporting, Patrício, Gelson, Bruno Fernandes, Coates, Acuña, Mathieu, Battaglia e Gelson foram os que mais sobressaíram, enquanto no Estoril se salientam as exibilções de Moreira, Pedro Monteiro. Kléber,Diakhité, Duarte e André Claro.
Luís Godinho (Évora) acabou por ter trabalho suplementar com a questão do recurso ao VAR (valha a verdade desportiva), numa partida sem grandes casos, a não ser no capítulo disciplinar onde mostrou cartões a mais, usando uma dualidade de critérios que deve rever. Sem interferência no resultado final. Os assistentes André Campos e José Braga é que precisam de muito mais treino para evitar o que se verificou no Alvalade XXI.
As equipas alinharam:
Sporting – Patrício; Piccini, Coates, Mathieu e Coentrão (Bruno César, 60’); Gelson, Battaglia, Bruno Fernandes e Acuña (Iuri Medeiros, 90+1’); Dost e Alan Ruiz (Petrovic, 66’).
Estoril – Moreira; Mano (Joel Ferreira, 45’), Diakhité, Pedro Monteiro e Fernando; Evangelista, Duarte (Pêpê, 74’) e Allano; Tocantins (Jorman, 45’), Kléber e André Claro.
Amarelos para Battaglia (34’), Duarte (44’), Evangelista (52’), André Claro (58’), Bruno Fernandes (65’), Acuña (73’), Pedro Monteiro (90’) e Petrovic (90+1’)