Numa medida completamente acertada, no estrito cumprimento das regras éticas que devem presidir às funções dos dirigentes – quaisquer que sejam as funções nos vários organismos que tutelam as modalidades desportivas e não só – o presidente da Federação Portuguesa de Futebol tornou pública a intenção de “proibir” que os dirigentes da estrutura por si comandada aceitem (ou peçam) convites às entidades que organizem os jogos.
Depois do Conselho de Disciplina ter tomada essa medida já na época anterior – ou não fosse o seu presidente, José Manuel Meirim, um paladino dessa situação, mais a mais porque dirige um órgão que tem que estar equidistante de tudo e todos – surge agora Fernando Gomes a seguir os mesmos passos depois que foi tornado público o “mail gate”, que se refere a eventuais conversas em vários tons e feitios, que atingem o sector federativo da arbitragem.
Cumpridos que fossem os códigos de ética e de deontologia das profissões – incluindo as que, voluntariamente, se praticam na área desportiva mas ressalvando todas as outras profissões – por certo que os “negócios” seriam transparentes, coerentes e muito mais económicos.
Um simples convite, feito seja a quem for e para o que for, é sinónimo de que, mais tarde ou mais cedo, haverá eventuais contrapartidas.
Basta analisar os últimos casos publicamente conhecidos através da comunicação social para se perceber a teia de interesses que, a todos os níveis, grassa a cada dia que passa – sempre com o “mexilhão a lixar-se” (leia-se os mais fracos ou cumprindo a ética e a deontologia definida para a função).
No entanto, será salutar que, no cumprimento das suas funções e como instituição de Utilidade Pública Desportiva, tutelando a modalidade nas suas várias vertentes, a própria Federação esteja presente para poder verificar, de forma independente (dos relatórios seja de quem for), o que acontece nos vários recintos.
Mas que os seus agentes estejam entre o público ou em zonas afastadas dos camarotes presidenciais.
As “mordomias” latentes há longos anos só tem complicado as relações institucionais. É tempo de colocar cada um “no seu galho”.
Saúde-se a intenção de Fernando Gomes, aguardando-se que avance para a decisão formal, até porque, dentro da sua própria casa, já começou a cheirar a “queimado”.
E como soe dizer-se, um mal nunca vem só.
Será bom prevenir desde já!