Taça de Portugal Feminina “Allianz”
Valeu ao Sporting ter uma Capeto a saltar do banco (69’) para dar o segundo golo ao Sporting e, com isso, levar o clube do Visconde de Alvalade à primeira dobradinha (campeonato e taça) no ano do regresso do futebol feminino aos leões.
Sob a batuta do “batido” Nuno Cristóvão, a equipa leonina voltou a levar de vencida a formação de Braga – que foi uma “sombra negra” durante o campeonato – numa final de taça empolgante, não tanto pela qualidade do futebol produzido mas pela emoção que gerou, em especial depois das leoas se verem a perder desde os 12 minutos de jogo.
Uma caminhada “penosa” que durou 128 minutos (tempo regulamentar, descontos e prolongamento para desempatar) e em que meia dúzia de futebolistas se destacaram de entre as restantes, salientando Ana Borges, Diana Silva e Ana Capeta (Sporting) e Andreia Norton, Vanessa Marques e Jéssica Silva (Sporting de Braga).
No primeiro tempo, as bracarenses tomaram conta do jogo desde o início, com Jéssica Silva (6’) a criar perigo ao rematar forte mas ao lado, muito perto do poste da baliza de Patrícia Morais, o que voltou a verificar-se (8’) quando fez uma arrancada fulminante até quase à linha final e centrou atrasado, para o miolo da área, onde não se encontrava nenhuma companheira para rematar, culminando os primeiros momentos de predomínio sobre as leoas.
Ao cumprirem-se dez minutos, surgiu a grande penalidade – existe contacto entre as jogadoras envolvidas (uma de cada clube) ainda que tivesse ficado a ideia de um encontro de pés apenas – mas o vídeo-árbitro decidiu já que a árbitra Sandra Bastos só decidiu após a resposta áudio vinda da central de visionamento.
Chamada a marcar, Vanessa Marques marcou (e bem) e colocou (12’) o Braga a vencer, com alguma justificação por ter sido até aí mais afoita e com uma melhor estruturação das “peças” em campo.
Embalada com o golo, o Braga acentuou a invectiva ante a baliza sportinguista, criando mais perigo aqui e ali, enquanto o Sporting tentava sair do seu meio campo, se bem que até ao intervalo pouco conseguiram fazer.
Nos “encontros” e “desencontros” quanto a faltas cometidas, saliente-se uma maior força mental das jogadoras em não terem receio de ir ao choque, cair e voltar a levantar-se, não se “queixando”, fazendo ver ao dito sexo “forte” que “mariquices” não era com elas.
Uma boa notícia ao intervalo foi de que estiveram no Jamor 12.213 espectadores, o que é recorde nacional em termos de assistência no feminino mas sabendo-se que o desafio final seria efectuado entre equipas que representam duas cidades das mais importantes do país: Braga e Lisboa.
No segundo tempo, o Sporting surgiu com outra forma de jogar, mais activo e acutilante, porque tinha que tentar dar a volta ao resultado. E assim começou, não antes de a árbitra não permitir uma paragem do jogo por lesão de uma jogadora, durante cerca de três minutos. É preciso ter uma visão global do campo e não só periférica.
Numa jogada (57’) que se pode garantir como um exemplo a fazer muitas vezes, Ana Borges fugiu pelo corredor (direito) acima e no, momento próprio, centrou para área, onde surgiu Diana Silva a rematar na passada e a obter um golo de belo efeito, chegando ao empate.
No minuto seguinte, a mesma Diana rematou, dentro da grande área, mas a bola não chegou à baliza porque a defesa bracarense aliviou par canto, do qual nada resultou.
Mantendo a liderança, aproveitando uma quebra do Sporting de Braga, Fátima Pinto isola-se e rematou mas à figura da guarda-redes, toada que se manteve mas da qual nada resultou, apesar de, no último minuto do tempo complementar, o Sporting ter falhado uma grande oportunidade de resolver o jogo a seu favor, quando beneficiou de um livre directo junto à linha da grande área bracarense, com Ana Borges a atirar para a nuvens.
Assim sendo, lugar ao prolongamento de trinta minutos, dividido por duas partes de 15 cada, que começou com o Braga a ficar perto de marcar, mas perdeu o passe de bola e o perigo passou, o mesmo sucedendo logo a seguir quando as bracarenses beneficiaram de um livre direito mas a bola foi chutada contra a barreira.
Na resposta, a ”salvadora” da pátria (que tinha entrado aos 69’), Ana Capeto, no seguimento de um lançamento lateral que levou a bola aos pés de Ana Borges, esta centrou para o miolo da grande área onde surgiu Capeta a dominar a bola, rodar uma adversária e rematar para fazer o 2-1, resultado que não foi alterado até final, quando o frio se começou a intensificar, pese embora Adriana Gomes (entrada aos 87’) tenha perdido a oportunidade da sua vida dois minutos depois.
No ano de regresso à actividade feminina do futebol, como se referiu, o Sporting conquistou o campeonato e a Taça de Portugal. O Pleno. Com mérito e alguma sorte.
Para além das atrás mencionadas, referências positivas ainda para as sportinguistas Patrícia Morais, Solange Carvalhas, Catarina Lopes, Tatiana Pinto e as bracarenses Rute Costa, Sílvia Rebelo, Andreia Mirón, Gessica e Pauleta.
A liderança da árbitra Sandra Bastos teve altos e baixos: deixou jogar mas também deixou de marcar faltas flagrantes e mostrar mais um ou outro amarelo, manifestando alguma desatenção quando algumas jogadoras caíam no chão e nem sequer olhou ou ligou para o assunto. Ainda assim uma nota positiva para a equipa de arbitragem chefiada por Sandra Bastos, tendo como assistentes Olga Gomes e Teresa Oliveira.
As equipas alinharam:
Sporting: Patrícia Morais; Rita Fontemanha, Matilde, Catarina Lopes e Joana Marchão;Tatiana Pinto, Fátima Pinto e Sara Granja; Ana Borges, Diana Silva e Solange Carvalhas.
Sporting de Braga: Rute Costa; Géssica, Andrea Mirón, Sílvia Rebelo e Ana Barrinha; Cristina Garcia, Vanessa Marques, Jéssica Silva e Andreia Norton.
Disciplina: amarelo para Sara Granja (75’), Ana Borges (77’), Andrea Mirón (83’) e Ottília Lívia (90+3’).