Sem dúvida que o Benfica conseguiu, na época de 2016/2017, um dos seus melhores resultados de sempre ao conseguir uma triplete de títulos, que se iniciou com a Supertaça, depois o tetra Campeonato e, este domingo, a Taça de Portugal.
Por outro lado, foi a décima primeira dobradinha para os encarnados depois da primeira dupla acontecida na época de 1942/43, com Janos Biri ao comando da formação da Luz, confirmando-se que esta foi a segunda triplete alguma vez verificada em Portugal, tendo pertencido ao Benfica também a primeira, na época de 2010/2011. O chamado “mar vermelho” passou pelo Estádio Nacional.
Esta foi a 26ª Taça conquistada pelo Benfica em 36 presenças na final, competição que se iniciou em 1938/1939 com o triunfo da Académica (4-3) ante o Benfica, num jogo que teve lugar no então Campo das Salésias, em 25 de Junho, tendo completado este ano 77 edições.
Posto isto, no que se refere ao jogo e se o Benfica mereceu mais este título porque jogou mais com a cabeça do que com o coração e aproveitou duas oportunidades flagrantes, algo concedidas pela defesa vimaranense, para fazer dois golos em cinco minutos, no início do segundo tempo, para como que acabar com o jogo.
O Vitória também se pode queixar do azar – não por não ter obtido mais golos porque até nem provocou jogadas com perigosidade eminente – dado que Pedro Martins foi obrigado a fazer duas substituições, uma aos nove minutos e outra aos 45, por lesão de Hernâni e Hurtado, que fragilizaram a equipa no segundo tempo, onde tudo foi decidido.
Aliás acontecendo o mesmo com Rui Vitória, que (23’) foi forçado a fazer sair Fejsa por lesão.
Por azares dos azares (mas previsto), a chuva começou a cair no início do jogo, o que começou a dificultar a movimentação dos jogadores, o que levou a algumas cautelas, com a primeira jogada de perigo a surgir (13’) quando Pizzi marcou um livre e Luisão desviou mas para o lado de fora da baliza.
Cerca da meia hora foi Ederson que se teve de empregar a fundo para defender um remate de Hernâni, em jeito de bicicleta, com Rafael Miranda a cabecear, no seguimento do pontapé de canto, a centímetros do poste do guardião benfiquista.
Nessa altura, o Benfica dominava a posse de bola (67%) mas o rendimento em jogadas de perigo eram diminutas para cada lado.
Num centro de Bruno Gaspar, o principal motor vimaranense no primeiro tempo, para o lado contrário, Nelson Semedo falhou a intervenção mas Rapinha não aproveitou a deixa porque ficou “espantado” com a oferta.
Com o campo mais encharcado, a bola começou a rolar menos, mas foi ainda Raphinha que fez chegar a bola às mãos de Ederson, mas apenas para este segurar, porque à figura e fraco.
No último minuto da primeira parte (45+3) Ederson garantiu o zero-zero depois de defender, com os punhos, um remate frontal proveniente de Marega.
No segundo tempo – com duas bolas a serem substituídas por arrebentamento, o que não é nada comum – o Vitória voltou a tentar surpreender o Benfica, de novo com Bruno Gaspar a arrancar até à +área do Benfica sem grande dificuldade mas, já dentro, foi “fechado” pela defesa benfiquista e o perigo passou.
Na resposta, a formação encarnada gizou uma boa jogada, que começou em Nelson Semedo, subiu pela direita, passou para Jonas, na zona central do meio campo, rematar com força e que levou Miguel a defender para a frente, com a defesa parada na linha da grande área, surgindo Jimenez a fazer um chapéu ao próprio guardião e abrir o activo. Foi ao minuto 47.
Aproveitando a embalagem, o Benfica aproveitou da melhor forma o “toque” do golo e demorou apenas cinco minutos para chegar ao 2-0, com um golo de Salvio, que cabeceou da melhor forma a bola recebida de um centro emitido por Nelson Semedo, depois de mais uma desatenção da defesa vimaranense, ainda a contas com o “buraco” do primeiro golo.
Daqui para a frente, o Benfica controlou o jogo, deixou jogar mas o Vitória não conseguiu dar a volta que pretendia, provavelmente temendo sofrer uma derrota copiosa, como se verificou na Luz (5-0) para o campeonato.
Ainda assim, conseguiu chegar ao 1-2, com num golo de Zungu (77’), de cabeça, no seguimento da marcação de um canto por Raphinha, com o avançado vitoriano a ficar atrás.
Mesmo com este “acordar tarde”, o Vitória tentou “reactivar” as hostes, entrou em “pressing” sobre a baliza de Ederson mas a verdade é que nada aconteceu para o se lado. Para o Benfica ainda surgiu a hipótese do 3-1 mas a oferta de Pizzi a Jimenez não teve neste o caminho ideal, chutando a bola para as nuvens.
Ederson, Grimaldo, Luisão, Jimenez, Salvio, Pizzi, Cervi e Nelson Semedo foram os melhores no Benfica, enquanto no Vitória se destacaram, Miguel, Pedro Henrique, Josué, Rafael Miranda, Zungu, Marega, Bruno Gaspar, este em especial, Raphinha e Celis.
Hugo Miguel liderou a equipa de arbitragem sem problemas de maior, apesar de uma ou outra falha sem influência de maior, bem acompanhado pelos assistentes, onde o videojogo foi a grande novidade e que não causou eventuais “transtornos”, que terão levado Rui Vitória a anunciar que não devia haver neste jogo.
As equipas alinharam da seguinte forma:
Benfica: Ederson; Nélson Semedo, Luisão, Lindelof e Grimaldo; Sálvio, Fejsa (Samaris, 23’), Pizzi e Cervi (Rafa, 81’); Jimenéz e Jonas (Filipe Augusto, 89’);
V. Guimarães: Miguel; Bruno Gaspar, Josué, Pedro Henrique e Konan (Teixeira, 56’); Zungu, Hurtado (Celis, 45+1’) e Rafael Miranda; Marega, Rafinha e Hernâni (Sturgeon, 63’).
Disciplina: amarelo para Bruno Gaspa (18’), Marega (20’), Grimaldo (45+2’), Jimenez (51’) e Josué (87’).
Equipa de arbitragem: Hugo Miguel, auxiliado pelos assistentes Paulo Soares (Coimbra) e Nuno Roque (Setúbal), bem como o quarto árbitro (Rui Costa) e ainda os vídeo-árbitros Artur Soares Dias (árbitro da final de 2016) e Jorge Sousa, ambos do Porto.