Quinta-feira 24 de Novembro de 6411

De manhã é na … caminha!

SportingBelenenses_H0P0246Liga NOS – Sporting, 1 – Belenenses, 3

A exibição do Sporting frente ao Belenenses faz lembrar a frase que ficou célebre, proferida pelo atleta Marco Fortes (curiosamente um dos reforços leoninos para a presente época), de que “de manhã é na caminha!”.

Se em relação a Marco Fortes a situação não foi única (mais atletas também adormeceram noutros Jogos Olímpicos), parece não restar dúvida que o “pesadelo” vivido no Alvalade XXI – num dia da Mãe, que eternizará a expressiva derrota (1-3) – vai permanecer com consequências para já imprevistas, a fazer fé no que Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, referiu à Sporting TV.

“Trouxe a minha mãe para ver o jogo e o que podemos dizer aos sportinguistas que vieram em massa é pedir desculpa. Este jogo não tem nada a ver com o Sporting, os sportinguistas não merecem, depois de terem lotado o estádio, este resultado, não interessa aquilo que viram, pouco me interessa o caudal ofensivo, o que fica na história é a derrota”.

Depois de salientar que “não encontro explicação para esta derrota”, Bruno Carvalho elevou o tom da crítica à equipa ao dizer que “foi um jogo deprimente para o Sporting, o Sporting não é isto, não pode ser isto, não há justificações que, para chegarmos a um ponto, em que temos o estádio cheio sem estar a lutar para nada e dar um dia tão mau aos sportinguistas. Enquanto adepto, sócio, presidente, achei deprimente.”

Mais exasperante, Bruno falou ainda na copiosa derrota da equipa de Futsal, na final four do Challenge, dias antes, acrescentando que “não posso ir ao Cazaquistão ver uma derrota daquelas e, hoje, ver uma derrota cheia de erros num dia de festa. Enquanto presidente e máximo representante, para mim chega e tudo tem de mudar na próxima época.”

Posto isto, depressa se chega ao âmago da questão. Três golos em meia hora viraram o jogo ao contrário, com o azuis do Restelo a apresentarem soluções para saíram de Alvalade com três preciosos pontos – que garantem desde já a permanência – depois de uma prestação leonina em que o jogo individual (Adrien, Matheus Pereira, por exemplo, com maior carga para o capitão, que ia a todas, marcava tudo, mas acertava pouco e que não deu resultado) se sobrepôs ao colectivo.

Por outro lado, o Belenenses também “ajudou” à festa, porquanto se apresentou em campo com um 4x4x2 pouco flexível, o que travou qualquer investida da comitiva sportinguista, como se provou.

Sem espaço e, pior, sem saber criá-los – a criatividade estava em saldo de ”fim-de-época”, a que se juntaram muitos passes falhados – o Sporting não teve arte para chegar à baliza de Ventura com convicção de golo, com a defesa azul e branca a ser superior em quase todos os aspectos, apesar dos leões terem tido maior domínio no meio campo. O que não chegou. Pelo que Bas Dost quase nem se viu a tocar na bola.

Se no primeiro tempo foi assim, no início do segundo a situação melhorou, porque surgiu o primeiro golo e para os comandados de Jorge Jesus (que teima em infringir na saída da sua área e nenhum árbitro cumpre a lei).

Num raro momento de rapidez, Bryan Ruiz foge pela esquerda e já perto da linha final centrou para o meio da pequena área, levando a bola a raspar na barra, com Ventura a não conseguir desviá-la por cima, e seguir até ao segundo poste onde surgiu, mais rápido que Florent, Bruno César a meter a bola na baliza (51’), ainda assim com grande dificuldade.

Quando se pensava que o Sporting ia aproveitar este momento para se impor de vez, a verdade é que foi o Belenenses que quis mostrar que não estava a jogar a “feijões”, tendo chegado o empate dez minutos depois.

Isolado pela direita, o defesa Edgar Lé centrou a bola para a área, a bola foi bater nos braços de Matheus Pereira – com movimento de cima para baixo – que Bruno Paixão considerou grande penalidade.

Camará, com um potente remate rasteiro, para o lado direito de Patrício (que adivinhou a trajectória), introduziu a bola junto ao poste, com o guardião sportinguista a ver a bola passar milésimos de segundo antes de lá chegar com o braço. Um excelente pontapé e uma boa estirada de Patrício mas infrutífera.

Se estava adormecido, o leão ainda ficou mais, tendo tentado mudar o curso do resultado mas sem resultado, enquanto os azuis – sentindo o fraco labor sportinguista – começaram a chegar-se maus à frente.

Schelotto (76’) colocou a bola à frente de Dost mas com força demais e dois minutos depois foi Maurides que podia ter feito melhor do que marcar um livre, frontal, fazendo-o contra a barreira sportinguista.

Dost ainda teve outra oportunidade, flagrante, ao surgir (80’) isolado frente a Ventura, que saiu da baliza a destempo, mas enviou a bola para as nuvens com a baliza toda aberta.

Cinco minutos depois, o Belenenses passou à situação de vencedor, ao marcar o segundo golo na sequência de um livre cobrado por Benny (tinha entrado três minutos antes) com a bola seguir para o segundo poste da baliza de Patrício, onde apareceu, livre, Dinis Almeida a rematar forte e a meia altura, sem hipótese de defesa.

E aos 89’ a formação sob a direcção de Domingos Paciência chegou ao 3-1, com um golo de Gonçalo Silva a passe de Maurides.

Sessenta e dois anos depois (a última tinha sido em 1955), o Belenenses voltou a vencer no campo do Sporting.

De estranhar que Jorge Jesus fez três substituições entre os 67 e 75’, o que não tem sido normal (por norma só acontecem mais tarde e, algumas, bem perto dos 90’).

No Sporting, realce ainda assim para Bruno César, Zeeglaar e Coates, enquanto o colectivo do Belenenses se mostrou muito igual, destacando-se Camará, Dinis Almeida e Gonçalo Silva.

O árbitro Bruxo Paixão deixou jogar, não teve problemas de maior, bem como os seus assistentes (António Godinho e Rodrigo Pereira) e nem sequer mostrou cartões, porquanto também não houve situações para isso.

As equipas alinharam:

Sporting – Rui Patrício; Schelotto, Coates, Paulo Oliveira e Zeegelaar (Francisco Geraldes (75’); Mattheus Pereira, William e Matheus Pereira (Campell, 67’), Bruno César; Bryan Ruiz (Castaignos, 67’), Adrien e Bas Dost.

Belenenses – Ventura; Edgar Lé, Dinis, Gonçalo Silva e Florent; João Diogo (Benny, 82’), Vítor Gomes, Ahman Persson e Abel Camará (Mica Pinto, 77’); Ortuño (Maurides, 57’) e André Sousa.

 

 

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