Definido pelas Nações Unidas há quatro anos atrás, o Dia Internacional do Desporto ao Serviço do Desenvolvimento e da Paz voltou a ser comemorado, em Portugal, pelo Comité Olímpico, instituição que o promove desde 2015.
Para além de abordar temas dentro do próprio nome, a resolução da ONU também defende que deverá ser homenageado alguém que, dentro das áreas temáticas subjacentes, se tenha distinguido no desporto.
Aliás, foi isso precisamente que o Desportivo Operário do Rangel (Amadora), como “motor” inicial deste evento em Portugal, organizou a primeira conferência sobre o assunto e distinguiu o Senhor Atletismo, o Prof. Moniz Pereira e um dos seus predilectos atletas, Domingos Castro.
Esta quinta-feira, o auditório do Comité encheu-se para, primeiro, ouvir o dinamarquês Michael Pederson falar sobre as experiências que tem desenvolvido em projectos na África do Sul e no Perú, tendo considerado que o desporto é uma ferramenta essencial para a inclusão.
É fundador da “M INC.” Change the Game” e trabalha na área da boa governação, transparência, ética, integridade e capacitação.
Pederson referiu o exemplo de como é que, no Perú, os locais trataram de fazer uma pista de areia semelhante a uma de neve e desenvolveram não o snowboard mas sim o sunny board, projecto que tem sido auto-sustentado pelos turistas que cada vez mais acorrem àquela zona do globo.
Situação que já levou a que um praticante de sunny board já tenha tido participado numa competição internacional de snowboard.
Na África do Sul salientou o trabalho que se desenvolve na área do Soweto pela Associação Love Life, que abrange os jovens com condições de vida socialmente desfavoráveis.
Viver o Desporto, Abraçar o Futuro foi o segundo tema da conferência, sob a “batuta” de Dora Estoura, do Conselho Português para os Refugiados, que recordo o enorme trabalho que se tem feito ao longo de vinte e cinco anos, citando os casos específicos dos refugiados que há já alguns anos começaram a vir para Portugal, tendo alguns a falar português quase fluentemente.
Farid, um turco que veio do Afeganistão e que apenas falava em persa, contou a sua história de vida desde que há cinco anos chegou a Portugal, que não sabia a mínima ideia onde ficava e que, para além de estudar, queria jogar boxe, tendo referido que era para ser campeão. E em apenas num ano chegou a campeão.
Hicham, já muito avançado também em português, veio de Marrocos mas só falava árabe e agora já fala quatro línguas: portuguesa, francesa, inglesa e espanhol. Um exemplo de sucesso nato.
Dorien acabou por ser a “estrela”, porquanto se dedicou ao atletismo, representando o Sporting, expressou-se ainda em francês, mas teve direito à bela foto que acompanha esta peça de reportagem, da autoria de Clara Azevedo.
Aproveitando a comemoração este Dia Internacional para o Desenvolvimento, Desporto e Paz, o presidente do COP, José Manuel Constantino, entregou o Troféu do Comité Olímpico Internacional “Sport Beyond Borders”, ao Conselho Português para os Refugiados, na pessoa da sua presidente e fundadora Maria Teresa Tito de Morais Mendes, que agradeceu a simpatia de todos para esta causa dos refugiados e também o prémio, merecido, pelo trabalho que tem feito.
No final da sessão foi inaugurada a exposição “Sem Muros” da autoria da fotógrafa Clara Azevedo, que espelha os refugiados em várias práticas das actividades desportivas.