Mundial’2018 – Portugal, 3 – Hungria, 0
Depois de meia hora mais ou menos a jogar “para o ambiente” (devagar, sem força anímica), quiçá pelo facto de a Suíça ter ganho o jogo frente à Letónia e que podia fugir em caso de alguma falha na Luz, Portugal acordou.
Mas vamos à história do jogo.
Fechada num 4x4x2 mas defensivo do que se poderia esperar, a Hungria não pretendia jogar ao ataque e muito pouco apostar no contra-ataque.
Portugal, por seu lado, demonstrou algum receio em agilizar a frente atacante e foi jogando como que a passo, sem poder de infiltração, aqui e ali chegando à área contrária mas sem perigo de maior, tentando também alguns remates de longe (Cédric, 9’, à figura do guarda redes, foi o mais certeiro), depois de Ronaldo (6’) ter rematado para as nuvens e ter feito outro remate (12’) que deu canto mas sem resultados práticos.
Cerca do primeiro quarto-de-hora, Quaresma trocou com Ronaldo, verificando-se uma maior pressão portuguesa, no que foi o início da “cavalgada” para o triunfo, já que, quinze minutos depois, Portugal abriu o marcador.
Aproveitando uma falha na marcação defensiva dos húngaros (três defesas a ver passar a bola de um lado para o outro), André Silva isolado no lado contrário da jogada desenvolvida por Raphael Guerreiro, que centrou largo, como que se limitou a empurrar (31’) a bola para a baliza, porquanto o guarda-redes estava no outro lado.
Foi o tónico que os comandados de Fernando Santos precisavam para “abrir os olhos”, já que, quatro minutos depois, surgiu o 2-0, da autoria de Ronaldo e a passe de André Silva que, depois de deixar de lado o defesa que o cobria, rematou rasteiro e forte, fazendo a bola entrar entre o poste e a mão do guarda-redes, que não conseguiu chegar por milímetros.
Feito o 2-0 e pelo que a Hungria (não) estava a jogar e, por outro lado, mantendo o sistema defensivo (4x4x2) rígido, pareceu que Portugal tinha o “pássaro” na mão – como veio a acontecer.
Ronaldo (40’) ainda tentou uma bicicleta mas a bola foi à figura do guarda-redes, porque foi um remate sem força, pertencendo a André Silva (42’) mais um remate de longe mas para as nuvens.
Tornou-se evidente que este jogo nada tinha a ver com o do europeu do ano passado (3-3 de aflitos para Portugal, que chegou a estar fora da fase final), numa dinâmica de jogo fora-de-série, até porque, até ao intervalo, nada justificou na Luz.
No segundo tempo, quando se iniciaram as substituições, muito pouco de viu da Hungria, a não ser na parte final em que Portugal já descansava com um 3-0 justificado, porque em cinco remates à baliza fez três golos. E é isso que é preciso: poucos remates mas certeiros.
João Mário (52’) foi egoísta porque preferiu rematar à baliza, sem ângulo para o efeito, com dois colegas (Raphael Guerreiro foi um deles) sós na extrema-esquerda, com Ronaldo (56’) a isolar-se e tentar rematar mas apenas para ganhar um canto.
Portugal manteve a pressão ante uma Hungria que não “pestanejava” de maneira nenhuma e o terceiro golo surgiu naturalmente, com a marca Ronaldo (65’) a marcar um livre perto do bico da grande área dos húngaros e enviá-la directamente para o fundo da baliza de uma guarda-redes também sem sorte.
Mas fica o belo efeito (folha seca) no remate do capitão português, com a bola a bater na relva já perto de Gulácsi e passar rapidamente para dentro da baliza.
Portugal manteve a liderança no jogo, embora com mais calma, o que permitiu a Hungria chegar mais perto de Rui Patrício, mas sem criar qualquer situação que o guardião não resolvesse.
Bernardo Silva ainda esteve perto do 4-0, depois de cabecear a rasar a trave, pese embora por via de um encosto do defesa Kádar, que o obrigou a levantar a cabeça um pouco mãos do que devia.
De registar que a Luz registou a presença de 57.886 espectadores, o que foi excelente, num jogo algo fácil para Portugal mas que ditou outra lei: é que Portugal terá que ganhar os jogos todos para obter um dos melhores segundos lugares, que dará lugar no play off que se jogará ainda a seguir da fase preliminar de grupos.
Isto porque a Suíça (líder com 15 pontos, 5 jogos = 5 vitórias) está muito forte e a Hungria ficou agora a cinco de Portugal, pelo que não pode haver descuidos.
A próxima ronda joga-se no dia 9 de Junho, com Portugal a viajar até à Letónia, enquanto a Suíça “voará” até às Ilhas Faroe.
Na formação lusa, o quarteto formado por Rapahel Guerreiro, Ronaldo, André Silva e Quaresma foi o responsável maior por este triunfo, embora contando com o apoio importante de João Mário, William Carvalho, Cédric, Pepe e Rui Patrício.
Nos húngaros, realce para Gulácsi, Szalai, Giurcsó, Bese, Gera, Kádar, e Nagy.
Equipa de arbitragem polaca, comandada pelo árbitro Szymon Marciniak, esteve muito bem, sem problemas de maior nos vários vectores, enquanto os assistentes Pawel Sokolnicki e Tomasz Listkiewicz também cumpriram a sua missão.
Formação das equipas:
Portugal – Rui Patrício; Cédric, Pepe, José Fonte e Raphael Guerreiro; William Carvalho, André Gomes (Pizzi, 85’) e João Mário (João Moutinho, 82’); Quaresma, André Silva (Bernardo Silva, 66’) e Ronaldo.
Hungria – Gulácsi; Bese, Lang (Lovrencsics, 45’), Kádár e Korhut; Gyurcsó (Kalmár, 68’), Nagy, Gera (Pintér, 85’) e Dzsudzsák; Paulo Vinicius e Szabal.
Amarelos: Dzsudzsák (60’), Gera (76’) e Kádár (83’).