“A exigência é crescente mas vamos apoiar com energia!”
Uma frase marcante proferida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, depois de assistir ao vivo – e a encerrar – o acto de posse dos novos corpos sociais do Comité Olímpico de Portugal para o ciclo olímpico 2017-2020.
Numa cerimónia inédita – porque foi a primeira vez que um Presidente da República assistiu a este tipo de acto no Comité – Marcelo Rebelo de Sousa teve oportunidade, de uma forma escorreita e demonstrando grande à-vontade ao abordar as temáticas do desporto, reforçar o apoio que dará aos trabalhos até Tóquio-2020, dizendo que “vão ser quatros anos de grandes dificuldades, atendendo a que passar pelos vários campos (social, cultural, com diálogo) até chegar à excelência e competência, é uma missão arriscada”.
Continuou, frisando que “o grau de exigência é crescente, tanto para nós como para os outros países, o que aumenta as expectativas, pelo que louvo a vossa coragem pelo facto de terem aceitado fazer um novo mandato que não será nada fácil”.
Salientou ainda que “estou convosco e os portugueses também, porque são o que pensam, talvez não hoje mas quando há Jogos Olímpicos empertigam-se para apoiar os atletas lusitanos”.
Daí o facto de estarmos todos a “apoiar com energia o espírito olímpico mas sobretudo Portugal.”
Marcelo Rebelo de Sousa teve oportunidade de saudar Fernando Lima Belo, velejador olímpico e que é o representante do Comité Olímpico Internacional em Portugal bem como José Manuel Constantino, o presidente reeleito do Comité Olímpico de Portugal, a quem agradeceu “o trabalho dos últimos quatro anos, tal como o tinha feito ainda no Rio de Janeiro, porquanto a nossa representação foi prestigiante no conceito das relações dos dois países irmãos, não se valorizando a parte qualitativa ou quantitativa do êxito, mas foi um serviço que enobreceu de Portugal”.
Com uma plateia preenchida por cerca de duas centenas de pessoas, com destaque para o Presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, o Ministro da Educação, com o pelouro do Desporto, Professor Doutor Tiago Brandão Rodrigues, bem como o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Dr. João Paulo Rebelo, o mundo do Desporto ao mais alto nível reuniu-se em torno desta cerimónia, dando total apoio ao Presidente José Manuel Constantino, agora reeleito.
Presentes ainda altas individualidades das Instituições desportivas públicas e privadas, das Federações Olímpicas Desportivas, das Autarquias, Universidades e parceiros do COP.
José Manuel Constantino, que começou por recordar o lema da candidatura – “Valorizar Socialmente o Desporto – o Futuro que nos une” – referiu que “ não esqueço o telefonema que Marcelo Rebelo de Sousa me fez logo a seguir aos Jogos do Rio, bem como as palavras de apoio e incentivo que de si recebi, num momento de desânimo pelo que, hoje, a sua presença entre nós é a continuação duma atitude de atenção, de proximidade e de envolvimento que recebemos com muita honra e satisfação”.
Mais à frente, salientou que “tratando-se de uma reeleição, representa um importante reconhecimento do trabalho desenvolvido ao longo do quadriénio anterior e um forte incentivo para a equipa a que tenho a honra de presidir e que hoje inicia funções”
Recentrando o discurso no amanhã, o presidente do COP salientou que “os desafios que teremos de enfrentar rumo aos Jogos Olímpicos Tóquio’2020 serão particularmente exigentes e configuram uma enorme responsabilidade para esta Comissão Executiva, porquanto, entre outras coisas, os portugueses olham para as nossas representações olímpicas e esperam melhores resultados. E ainda bem. Rematou”.
E as mensagens, directas, foram sendo referidas, tal como “a expressão competitiva do talento de um atleta não é imediata. A obtenção de resultados duráveis requer a construção de uma base de sustentação que demora vários anos a construir. Mas a sua queda ou perda de qualidade pode ser brusca e instantânea!”
Depois, “valorizar socialmente o desporto deve significar antes de tido elevar o padrão da qualidade da reflexão que é produzida sobre as questões desportivas, cabendo-nos um papel inquestionável nesse propósito pelo exemplo que consigamos transmitir”.
De seguida: “sabemos que a pressão política e mediática que ocorre sobre as organizações desportivas transforma o trabalho social de promoção do desporto num conjunto de respostas a protocolos de mensuração desportiva para justificar os meios financeiros públicos disponibilizados, numa obsessão que esconde, amiúde, a nossa incapacidade de pensar o país desportivo, pelo que cabe-nos escolher outros caminhos”.
Mais adiante: “Não deve o Comité Olímpico cair na armadilha de que pode tudo, de que é omnipotente para todos os problemas do sistema desportivo, deixando subentender, por essa via, a ideia de que, se a situação desportiva nacional não se altera, é porque não faz o suficiente para a mudar.”
Ainda mais: “não deve também ceder ao tecnocratismo que só valoriza o que é mensurável e nele o que corresponde a resultados desportivos “medalhados, porque nem um Comité Olímpico é uma agência exclusiva para o alto rendimento desportivo, nem a excelência que o Olimpismo reclama dispensa a presença constante de outros valores culturais.”
Depois: “cabe-nos entender que a nossa acção é de responsabilidade partilhada com as federações desportivas o que significa respeito pela sua autonomia, pelo seu distinto grau de desenvolvimento e por concepções organizativas e políticas que podem ser diferentes das que partilhamos, mas que têm de ser respeitadas, porquanto usar a posição dominante para impor esta ou aquela solução é, a prazo, o caminho mais curto para o vanguardismo, o isolamento e o insucesso.”
Seguidamente: “tem sido um caminho pensado, naturalmente também marcado por algumas desventuras e insucessos, mas os resultados são deveras animadores. Não me refiro aos resultados desportivos, financeiros ou organizacionais, pois esses são públicos. Refiro-me à aprendizagem, ao conhecimento, ao respeito e à confiança gerada ao longo deste processo, interesses que recusam uma visão empobrecida do papel do desporto na sociedade, a começar na escola e no processo educativo e de desenvolvimento das crianças e jovens, cujas debilidades naturalmente se propagam para outros escalões etários, domínios de actividade e políticas públicas onde os assuntos do desporto persistem no fim da agenda.”
Afirmativamente: “Temos de ser capazes de incutir nas nossas organizações, a começar na que presido, a cultura de competitividade, de superação, de trabalho por objectivos e a excelência que se exige aos atletas, treinadores e oficiais que representam o país ao mais alto nível, havendo uma cultura de compromisso, onde a cooperação e a parceria colaborativa, fundada no debate aberto e democrático de ideias, prestigie as instituições que servimos e os propósitos que nos mobilizam, através do respeito pela diferença e da capacidade de convergência com outros interlocutores.”
Mais para o fim: “ É preciso estar perto dos atletas e perceber o seu mundo, as suas ambições e dificuldades, os seus afectos e os seus medos e o desejo legítimo de procura de melhores condições de preparação desportiva. Como é preciso estar também perto dos atletas para explicar pacientemente que muitos dos dirigentes de hoje foram atletas de ontem e, enquanto tal, praticaram desporto em condições muitas vezes mais precárias às que a actual geração tem à sua disposição. Que foram as suas reivindicações enquanto atletas que permitiram, apesar de tudo, ter hoje melhores condições que outrora. Precisamos, pois, de acreditar que podemos ter um desporto melhor, mais forte, mais competitivo e mais desenvolvido se formos, os que gostamos do desporto, mais unidos e mais solidários perante a complexidade e a dificuldade dos obstáculos que temos de superar.”
Quase a concluir: “Os enunciados proclamatórios sobre o elevado impacto deste extraordinário bem público que vale muito mais do que aquilo que economicamente custa aos cofres públicos, carecem de ser traduzidos em acções que lhe dêem expressão, como saibam reconhecer o serviço público prestado por inúmeros agentes desportivos benévolos, cujo inestimável valor económico do seu trabalho voluntário persiste negligenciado. Que saibam corrigir as disfuncionalidades de um regime fiscal que tributa mais o praticante do que o espectador, sem reconhecer e incentivar os benefícios de uma actividade cujo impacto se dissemina muito para além de quem a pratica. Que saibam concretizar medidas que salvaguardem a integridade e a boa governação das organizações desportivas, preservando a sua reputação moral.
Conquistamos a nossa credibilidade a pulso, mas perdemos essa reputação num ápice, quando transformamos causas e missões de serviço público em projetos de poder, não estando à altura de valorizar este bem que professamos e de dignificar as instituições que servimos.”
Terminando: “ O futuro que nos une começa aqui e assenta na discrição do trabalho empenhado desta equipa e daqueles que servem esta instituição. Na confiança que as federações depositam nesta equipa para servir o Olimpismo e o desporto português, rumo a horizontes que nos mobilizam a valorizar socialmente o desporto. No trabalho para que o Comité Olímpico possa cumprir a sua missão de garantir as melhores condições possíveis àqueles que no desporto representam o país ao mais alto nível. No trabalho para que tornar o Comité Olímpico de Portugal uma casa de todos, modalidades olímpicas e não olímpicas, mais sólida e coesa. Onde se saiba valorizar o que nos aproxima e debater, com elevação, o que nos divide, na certeza porém que não há receitas pré concebidas, preconceitos de superioridade moral e intelectual ou soluções mágicas. Resistindo ao imediatismo; compreendendo a complexidade do mudo atual; praticando a humildade intelectual; respeitando a divergência e assumindo um intransigente sentido de serviço e de missão. O ímpeto reformista e o progresso são forjados no sonho e na paixão em torno de uma visão e na inquebrantável construção de um bem comum, o desporto, que não dispensa ninguém nesse desígnio. Esse foi porventura o maior testemunho que nos legou o fundador do Olimpismo Moderno. Um testemunho que respeitamos e estamos vinculados a preservar e a difundir mais longe, mais alto e mais forte.”
Neste ano zero para o caminho para Tóquio’2020 – os pós-Jogos é sempre assim, independentemente de se ganharem medalhas ou não em competições internacionais.
Importa que se definam as regras concretas na forma dos apuramentos (mínimos) dos atletas mas, essencialmente, no momento de forma de cada um a alguns meses do início dos novos Jogos, porquanto nada pode ser como antes.
Aconteceram muitas coisas, como se sabe e foi líquido apurar de forma directa e em presença dos resultados obtidos, mas nada se sabe – que seja público – quais as causas que estiveram na origem das desistências e nos resultados menos conseguidos, em função do que alguns atletas fizeram, ao longo do ano dos Jogos.
É uma questão de transparência, até para que os portugueses menos atentos possam perceber porque acontecem determinadas situações.
LISTA DOS ÓRGÃOS SOCIAIS (2017-2021)
COMISSÃO EXECUTIVA
Presidente José Manuel Marques Constantino da Silva
Vice-Presidente António Nogueira Lopes Aleixo
Vice-Presidente Artur Manuel Moreira Lopes
Vice-Presidente Hermínio José Sobral Loureiro Gonçalves
Vice-Presidente Rosa Maria Correia dos Santos Mota
Vice-Presidente Vicente Henrique Gonçalves de Araújo
Secretário Geral José Manuel Saraiva de Lemos Araújo
Tesoureiro Joaquim José de Oliveira Lopes
Vogal Beatriz Branquinho Gomes
Vogal Carla Maria Gil da Silva Ribeiro Mendes Maria
Vogal João Paulo Vilas Boas Soares Campos
Vogal Jorge Pessanha Viegas
Vogal Pedro Miguel dos Santos Farromba
Vogal Rafael Luís Furtado de Castro Vidigal Salgueiro
Vogal Ulisses Manuel Brandão Pereira
CONSELHO FISCAL
Presidente Leandro Rodrigues da Graça Silva
Vice-Presidente António Pedro Vieira Nunes
Secretária Fernanda Maria Guerreiro Piçarra
CONSELHO DE ÉTICA
Presidente Manuel da Silva Brito
Vice-Presidente Luísa Maria Nunes Filipe Dahamonde de Freitas
Vogal Lara Pestana Vieira
Vogal Pedro Manuel Gomes Fragoso Mendes
Nesta orgânica registaram-se algumas alterações em relação ao mandato anterior, com a entrada de mais um vice-presidente (Vicente Araújo, antigo presidente da Federação de Voleibol e membro do Conselho de Administração da Federação Internacional da modalidade).
Nos Vogais entraram Beatriz Branquinho Gomes, Carla Ribeiro (subiu da Comissão do Desporto para Todos), Jorge Pessanha Viegas, Pedro Miguel dos Santos Farromba, Rafael Salgueiro (subiu da Comissão do Ambiente e Desporto do COP), Ulisses Pereira e João Paulo Vilas Boas Soares Campos manteve-se – deixaram a Comissão os vogais Amílcar Saavedra, Elisabete Jacinto, Luis Claro e Margarida Dias ferreira – enquanto Leandro Silva passou da Comissão Executiva para presidente do Conselho Fiscal, que manteve os dois vogais em exercício.
Novidade foi a criação do Conselho da Ética, com Manuel Brito (ex-vereador da Câmara de Lisboa) a entrar como presidente.