Carlos Barbero (Movistar Team), ao vencer a 35ª Volta ao Alentejo, tornou-se, este domingo, em Évora, no primeiro corredor a inscrever, por duas vezes, o nome na lista de vencedores desta clássica do ciclismo nacional.
O espanhol (25 anos) logrou quebrar um “recorde” que durou 34 edições, o que fez desta competição um “case study” desportivo único no mundo do ciclismo em provas por etapas.
Sem ganhar uma única vez mas “especialista” em aproveitar todas as oportunidades para bonificar, Barbero fez questão de, em plena recta da meta, saudar os companheiros de equipa e festejar a vitória em conjunto.
“Sem os meus colegas nada seria possível, pelo que tenho de agradecer o trabalho espectacular que fizeram para que esta vitória acontecesse”, tendo adiantado ainda que “queria quebrar esta famosa tradição. É algo muito importante para mim.”
Ao fim de cinco dias a percorrer todas as latitudes da região alentejana, uma Évora solarenga e com uma imensa multidão espalhada nos últimos metros do percurso que terminou na praça do Giraldo, assistiu a novo triunfo de etapa do colombiano Juan Molano Benavides (Manzana Postobón) na última tirada. Sebastian Molano, como é mais conhecido fora da Europa, provou, tal como na chegada a Mértola, ser bastante forte em sprints discutidos em plano inclinado e empedrado.
Líder e portador da amarela Crédito Agrícola desde a segunda etapa, Barbero chegou a Évora no quinto lugar, mas a vantagem para “bisar” na “Alentejana” era suficiente e o segundo na geral, o italiano do Sporting/Tavira, Rinaldo Nocentini, não assustava. Nas contas finais ficou a 16 segundos enquanto o holandês Jasper de Laat (Metec-TKH) fechou o pódio com mais 25 segundos e a camisola branca RTP de melhor jovem em prova.
O sorriso aberto do astro rei foi o maior amigo da quinta e derradeira etapa da Volta ao Alentejo e encorajou um grupo de cinco corredores a isolar-se na frente com apenas cinco quilómetros percorridos depois da partida de Ferreira do Alentejo.
Andreas Vangstad (Team Sparebanken), Julen Irizar (Euskadi), Adam de Vos (Rally Cycling), Bas Tietema (An Post Chain) e Marcin Mrozek (CCC Sprandi) nunca conseguiram grande vantagem porque o pelotão, sobretudo controlado pela Movistar, não permitiu grandes veleidades.
O grupo foi alcançado a 25 quilómetros da chegada, mesmo a tempo dos dois primeiros da classificação geral discutirem a Meta Volante de Arraiolos onde Nocentini conseguiu roubar um escasso segundo a Barbero.
A passagem na terra dos tapetes deixou o grupo dividido em dois mas as decisões estavam no primeiro conjunto onde seguiam os aspirantes à vitória em Évora. Foi em pleno coração da cidade Património da Humanidade que se fizeram as contas finais e se escreveu mais uma página da “Alentejana”.
Para além de vencer a camisola amarela do Crédito Agrícola, Barbero garantiu também a Camisola Preta KIA (por pontos ou regularidade). Aldemar Ortega (Manzana Postobón) foi o melhor trepador da “Alentejana” e desde o primeiro dia envergou a Camisola Castanha Delta Cafés.
Natural de Burgos, Carlos Barbero tem 25 anos e está a concluir o curso de Engenharia Mecânica Industrial. Iniciou a carreira profissional no ciclismo, em 2012, e um ano depois conseguiu a primeira vitória. Neste momento já soma quatro triunfos.
Considerado um dos corredores mais promissores de Espanha, Barbero estreou-se este ano no World Tour com a Movistar e agora marca a história da “Alentejana” ao vencer pela segunda vez.
Por equipas, o triunfo pertenceu à formação do Axeon Hagens Berman (61.25.40), ficando o Sporting/Tavira em 3º, a 51 segundos.