Segunda-feira 23 de Novembro de 1891

Deficiências pagam-se caras, ainda que com ajuda externa

22nov_SCP_RMadrid_1540Liga Campeões – Sporting, 1 – Real Madrid, 2

Em função do que se verificou ao longo do jogo, até pareceu uma partida semelhante ao que se passou em Madrid, na primeira volta, com uma “mãozinha” do árbitro da partida, se bem no Alvalade XXI os leões se tenham queixar de si próprios.

Frente a um Real sem grandes rasgos – Ronaldo esteve presente e pouco mais e Bale saiu mais cedo por lesão – o Sporting não atingiu a clarividência que se desejava, tendo entrado para o campo numa disposição de ataque (4x2x4) mas que funcionou aos solavancos à medida que os madrilenos também não conseguiram implementar o (igual) 4x2x4 que Jesus delineou para o jogo.

Por outro lado, a impensável actuação de João Pereira ajudou a ofuscar o Sporting, primeiro a não conseguir travar os ataques pelo seu lado (Bale ou Marcelo), em que não recuperava totalmente a posição em que devia estar e, mais grave – pese embora a decisão do árbitro talvez tenha sido exagerada – porque foi expulso (65’) e deixou a equipa a jogar com dez elementos numa altura crucial para poder recuperar o atraso do golo que tinha sofrido no primeiro tempo.

A articulação da equipa também não funcionou em pleno, continuando a privilegiar-se o individualismo, à espera que Gelson seja o “milagreiro”, sendo que Bas Dost esteve “ausente” durante muito tempo e não teve uma intervenção “pública” à altura que se esperava.

Depois de uma avançada do Sporting após o apito inicial do árbitro, que não deu resultado porque deu em fora de jogo, Ronaldo, na reposta, com um remate à meia volta obrigou Patrício a estiar-se para a agarrar quase junto ao poste esquerdo.

Ainda o jogo não tinha atingido e já se notava uma diferença da condição física dos jogadores das duas equipas, com o Real a levar vantagem, o que deu, em dois minutos, em situações perigosas, a primeira com Coates a cortar para canto e a segunda por Ruben Semedo a fazer o mesmo, numa altura em que o jogo estava virado para uma parada e resposta que, no entanto, não deu em golos, notando-se uma grande dificuldade dos defesas sportinguistas (João Pereira e Zeegelaar) em bloquear os alas madrilenos, em especial Bale, Carvajal ou Marcelo quando estes subiam.

E foi de bola parada que o Real foi o primeiro a marcar (28’). Num livre directo, frontal para a baliza de Patrício e perto da linha de grande área e depois da marcação, a barreira dos leões abriu-se e surgiram dois jogadores do Real sós frente ao guardião leonino, aproveitando Varante para marcar facilmente.

O Sporting sentiu o toque, tentou ir para a frente, mas quase sempre sem jogadas apoiadas, com Gelson a fazer tudo – ou a tentar – não tendo tido capacidade para fazer melhor do que, pelo menos, levar para junto de si dois ou três jogadores, situação não aproveitada por ninguém.

Ainda uma oportunidade, no primeiro tempo (39’), para o Sporting poder criar perigo, quando Gelson foi rasteirado, assinalada e marcada por Bruno César, que levou a bola a “raspar” o lado externo do poste da baliza de Navas, que pouco trabalho teve.

No segundo tempo, o Sporting entrou disposto a recuperar no marcador, com Gelson, uma vez mais, a ultrapassar Marcelo mas a centrar muito baixo para a cabeça de Bas Dost, surgindo um momento de perigo quando Bryan Ruiz fez um remate de bicicleta e levou a bola a bater no braço de um defesa, optando o árbitro por marcar falta perigosa ao avançado sportinguista.

E depois (64’) veio o acto impensável (mas muito comum na sua carreira) de João Pereira, que terá agredido um jogador madrileno junto da linha final, levando o árbitro escocês a mostrar o vermelho directo, sendo que o árbitro assistente também estava na linha da jogada.

Faltava muito tempo, era possível recuperar – até porque Bale já tinha saído por lesão e a equipa de Ronaldo acusava cansaço – mas a expulsão como que deixou o Sporting de “rastos”.

Mas renasceram das “cinzas” e, num contra-ataque rápido, o Sporting chegou rápido à grande área espanhola, onde Modric cometeu falta para grande penalidade, assinalada pelo árbitro e consumada (79’) por Adrien, com um tiro forte e sem defesa.

A esperança renasceu e Campbell esteve à beira de poder marcar (82’) mas rematou fraco e à figura de Navas, respondendo o Real com perito e foi por pouco que não marcou, tal como não aproveitou também Campbell que (86’) cabeceou ao lado.

E o Avalade XXI “gelou” pouco depois com o segundo golo do Real. Contra-ataque rápido, com Karim Benzema a atirar opara a baliza e bater Patrício sem apelo nem agravo.

Com este triunfo, o Real passou aos oitavos de final e o Sporting irá à Liga Europa se não perder em Varsóvia, frente ao Légia, no dia 7 de Dezembro. Espera-se que o Sporting demonstre que tem categoria – o que é real – para seguir em frente.

No Sporting, Gelson voltou a ser a estrela da companhia, bem acompanhado por Coates, juntando-se Bruno César, Adrien, Rubem Semedo, Zeegelaar e William, enquanto nos espanhóis se salientaram Carvajal, Varane, Bale (enquanto jogou), Kovacic, Vasquez, Modric e Isco.

Um jogo em que o Sporting voltou a bater o recorde de espectadores (50.046) em termos de jogos europeus, depois dos 46.609 frente aos alemães do Borussia.

O árbitro escocês William Collum, conseguiu “equilibrar” o jogo, ficando-se na dúvida na situação em que expulsou João Pereira, com os assistentes Francis Connor e Douglas Ross a cumprirem de forma positiva.

Constituição das equipas:

Sporting – Patrício; João Pereira, Coates, Ruben Semedo e Zeegelaar; Wiiliam e Adrien Silva; Gelson, Bas Dost (André, 75’), Bruno César (Campbell, 61’) e Bryan Ruiz (Schelotto, 66’) .

Real Madrid –Navas; Carvajal, Varante, Ramos e Marcelo (Fábio Coentão, 70’); Modric e Kovacic; Lucas Vasquez, Isco (Karim Benzema, 65’), Reinaldo e Bale (Asensio, 58’).

Disciplina: amarelo para Marcelo (39’), Bryan Ruiz (57’), Kovacic (65’), Campbell (89’), André (90+2’); vermelho para João Pereira (64’)

 

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