Gala da Confederação do Desporto de Portugal
Conquistando três (em cinco) prémios de melhores do ano na Gala da Confederação do Desporto de Portugal, sem dúvida que o Futebol continua a “mandar” no desporto português.
E não foram mais porque Telma Monteiro e Fernando Pimenta – quiçá este a surpresa da noite – se intrometeram no que se previa fosse quase uma “chita”, com a excepção do prémio da melhor atleta porque, aí não havia mulheres futebolistas.
Com casa cheia, o Salão Preto e Prata do Casino Estoril assistiu a mais uma manifestação promocional do desporto, que se espera seja uma forma de levar mais jovens à prática das actividade físicas, no que o governo parece ter, finalmente, acordado para o país ser mais activo.
Isto porque já definiu que haverá nota na área da educação física e desporto até ao terceiro ciclo e, em estudo, um novo programa para que se comece mais cedo na sua prática, conjugando a actividade dos professores do ensino primário com os de educação física, o que saúda.
Aliás, como é o facto de, para a alta competição, já haja um conjunto de escolas com programas integrados – aliando os estudos com a actividade desportiva a alto nível – o que também se saúda. Resta esperar o que acontecerá até e nos Jogos Olímpicos de 2020.
Voltando à Gala propriamente dita, aquilo que se pode considerar como uma surpresa terá sido a vitória de Fernando Pimenta, quando era expectável que Pepe – alinhando no diapasão dos três primeiros, onde o Futebol predominou.
Não foi um “tiro no escuro” mas, por certo, foi uma vitória muito bem propiciada pela “malta” da canoagem, que se uniu em torno de Pimenta – o campeão europeu no K1 1.000 e no K1 5.000 metros, além de 5º na final olímpica – e até da modalidade, porquanto conquistaram seis títulos de campeões europeus, caso único no desporto nacional em 2016.
A equipa nacional de futebol, o seleccionador nacional da principal equipa, campeã europeia, no que foi o primeiro título conquistado pelo futebol português a este nível, e a revelação Renato Sanches, comprovaram o ano espectacular de Portugal no mundo do desporto, digamos que assessorados por Fernando Pimenta e Telma Monteiro, dois pilares do verdadeiro desporto, porque individual – o que valoriza mais os êxitos, porque dependem deles próprios para serem campeões – onde um pequeno erro pode deitar tudo a perde. E terá sido por isso (erro, mesmo que milimétrico), que Telma e Pimenta não foram mais além.
No entanto, como referimos na peça publicada esta quarta-feira, face ao elevado número de campeões a concurso, entendemos que dar um prémio só ao mais votado é curto, devendo ser reconhecido o mérito dos outros finalistas, no mínimo, com um Diploma.
No desfile das estrelas, brilhou uma vez mais a iniciativa da Confederação do Desporto de Portugal (a quem continuam a chamar por C. D. Português, o que é esquisito), que mantém viva uma história que outros começaram, o que a enobrece.
Calou fundo o facto de Pimenta ter, a abrir o seu pequeno discurso de agradecimento, realçado todos os elementos da canoagem, incluindo os que não integraram o lote dos favoritos, enquanto Tiago Brandão Rodrigues, ministro da educação, ter aproveitado a oportunidade para salientar o que se está a fazer nos “bastidores” para que a curo prazo, a expressão motora, a actividade física e o desporto na escola (em todos graus) sejam uma realidade e que sirvam de uma autêntica “maternidade” dos futuros campeões.
Salientou ainda que, a par disso, também há que trabalhar na formação de técnicos e de dirigentes que possam acompanhar a “pedalada” dos mais jovens, num processo integrado e melhorativo ano após ano.
Pelo que se conhece da estrutura desportiva nacional, não vai ser fácil mudar mentalidades de um momento para o outro mas fica a mensagem de que “temos que mudar para avançar”, porquanto estar no fim da lista dos países europeus no que se refere à actividade física não é nada bom, apesar de todos os êxitos alcançados, que chegaram aos 50 campeões europeus e mundiais, a nível do desporto federado, universitário e paralímpico.
Como é hábito, foram atribuídos diplomas aos representantes que as federações propuseram (37) para o prémio “personalidade/entidade do ano”.
No prémio “Ética Desportiva”, o motard Paulo Gonçalves foi o escolhido, por ter, no decorrer do Dakar’2016, parado para ajudar um concorrente que se tinha despistado e estava caído no chão, situação que, sem dúvida, é eticamente louvada, pese embora os regulamentos da modalidade definiam isso como uma função específica de cada concorrente. Valeu o acto, muito divulgado em termos de redes sociais.
O Prémio Desportista do ano foi outorgado a Mário Gonzaga Ribeiro, um dirigente que muito tem feito à frente da Federação de Motonáutica.
Para o fim, o Prémio Mérito Desportivo-Alto Prestígio CDP, foi atribuído às Federações Portuguesa de Futebol e de Surf, o primeiro face ao primeiro título de campeão europeu conquistado na sua história (secundado pelos conquistados pelas selecções de sub-23, sub-21 e sub-19) e, o segundo, pelo incremento que a modalidade teve como ponto principal no canhão da Nazaré, catapultado para o mundo por um McNamara quase extraterrestre o que, em termos de turismo, fez subir vertiginosamente a economia do mar e não só.
E quando assim é, ficamos todos a ganhar.