Se é verdade que o 4-1 final espelha a superioridade que a equipa das quinas teve ao longo dos 94 minutos de jogo, não o é menos que só nos últimos 20+3 minutos é que Portugal decidiu a contenda, ao obter o segundo golo e embalar para a goleada depois das mexidas na equipa.
Não se percebe muito bem – e a pecha não é só da selecção mas está “estabilizada” nas principais equipas portuguesas – como que é, num jogo (em casa) que é para ganhar e o mais depressa possível, se deixem três médios-extremos que resolvem jogos (casos de Quaresma, Gelson e Renato Sanches) no banco, de onde saltaram apenas quando a Letónia empatou (67’) e pareceu que a terra tremeu, quem sabe a pensar também no “tsunami” que se podia ter seguido.
Essa é a grande verdade, de nada interessando a maior posse de bola (71-29%), onde fazer passes para a frente, para o lado, para trás, avançando timidamente e sem ninguém a “resolver” nada (marcar golos), pese embora as duas dezenas de tentativas, das quais apenas uma dúzia foram para a baliza e das quais resultaram, bem tarde (mas ainda a tempo) os quatro golos.
É evidente que Nani, André Silva (mais estes, porque mais mexidos) e Cristiano Ronaldo tentaram, aqui e ali, atirar ao golo. Mas nunca acertaram. A não ser no primeiro golo (28’), obtido de grande penalidade mal marcada por Ronaldo, que teve a sorte de ver a bola passar sob o corpo do azarado guardião Vanins.
André Silva e Cancelo (44’) ainda tentaram chegar ao golo mas o guardião letão fez o seu papel e defendeu.
No tempo complementar, as tabelinhas lusas (quais tabuinhas empenadas) não davam em quase nada, salvando-se a jogada em que André Gomes (58’) conseguiu penetrar na grande área e ser rasteirado por um defesa letão, que deu origem à segunda grande penalidade a favor de Portugal.
Confiante de mais (ou displicentemente), Ronaldo fintou o guarda-redes mas a bola foi bater no poste com grande estrondo, seguiu para o lado contrário, bateu nas costas do guardião Vanins e foi afastada da pequena área.
E foi aí que começou a “dança das cadeiras”, com Quaresma a entrar para o lugar de Nani (dando mais consistência ao ataque e jogando praticamente a extremo direito), muito embora Portugal se “deixasse” empatar (67’) logo de seguida, com um golo do recém-entrado Zjuzins, ao recargar uma bola afastada pela defesa de Portugal, que foi directamente opara o fundo da baliza de Patrício, sem qualquer hipótese de o evitar.
Mas Quaresma “entrou ao serviço” logo de seguida (69’), esgueirando-se pela extrema-direita e centrou para o miolo da pequena área, onde apareceu o gigante William, completamente só a cabecear para dentro da baliza, fazendo o 2-1.
Dois minutos depois entrou Gelson e saiu João Mário, para um tudo ou nada antes que a “gerigonça” desse para o torto, mas só aos 82’ Ronaldo voltou a a rematar à baliza, uma vez mais depois de um passe bem medido emitido por Quaresma, mas que CR7 não conseguiu mais do que ganhar um canto, sem efeitos práticos.
E o 3-1 chegou (84’) de novo na sequência do trabalho produzido por Quaresma que, na direita, fez um passe largo para o lado contrário, onde apareceu Ronaldo a rematar sem deixar a bola cair no chão. Um golo de belo efeito.
Cinco minutos depois (89’), Renato Sanches substituiu André Gomes e Quaresma, uma vez mais, fez mais um centro para a grande área, onde surgiu Ronaldo a atirar com estrondo à trave.
Desta vez (90+1’) foi Raphael Guerreiro que trabalho bem a bola no lado direito e centrou para junto da baliza, onde surgiu, oportuno, Bruno Alves a cabecear para o 4-1 final, isto porque o árbitro não deixou (e muito bem, porque se tinha concluído os 3 minutos complementares) seguir uma jogada em que Portugal tinha dois jogadores a caminhar, sem oposição, para a baliza da Letónia. No que podia ter sido o 5º golo.
Uma boa vitória, destacando-se praticamente toda a equipa lusa, enquanto a Letónia não conseguiu fechar os caminhos – apesar de atrasar muito tempo o triunfo português – aos génios que Portugal tem, pelo menos quando querem.
A próxima jornada (5ª) desta fase de grupos está marcada para 25 de Março de 2017 e comporta os jogos Andorra-Ilhas Faroé, Suíça-Letónia e Portugal-Hungria.
Sob a direcção do escocês Bobby Madden – que não teve grandes problemas para resolver e nem as grandes penalidades foram contestadas) – a par dos seus assistentes David McGeachie e Stuart Stevenson, as equipas alinharam:
Portugal – Patrício; João Cancelo, Bruno Alves, José Fonte e Raphael Guerreiro; Nani (Quaresma, 65’), João Mário (Gelson, 71’) e William Carvalho; André Silva, Ronaldo e André Gomes (Renato Sanches, 89’).
Letónia – Vanins; Freimanis, Jagodinskis, Gorkss e Maksimenko; Gabovbs, Tarasovs e Laizans; Kluskins (Visnakovs, 78’), Rudnevs (Gutkovskis, 87’) e Ikauniers (Zjukins (59’).
Disciplina: amarelos para Kluskins (15’), André Gomes (16’), Maksimov (26’), Gorkss (53’) e Gabors (76’).