Liga NOS – Sporting, 1 – Tondela, 1
Torna-se evidente que poder ficar a cinco pontos do Benfica ao fim da 8ª jornada (faltando ainda 26) não coloca em perigo uma carreira a caminho da conquista do título.
Mas também é mais evidente que a equipa, com quaisquer que sejam os jogadores que entrem em campo, que a formação passa por uma crise de identidade, de união e, em especial, de auto-estima, o que tem levado aos resultados menos positivos alcançados nos últimos meses, tendo ainda em conta a Champions League, onde o Sporting “demora” a recompor-se.
Com o Tondela, a situação não foi muito diferente do jogo em Guimarães e frente ao Borussia de Dortmund, com os resultados que se conhecem.
No jogo deste sábado, o Sporting teve uma larga vantagem de posse de bola (na ordem dos 70-30%), mas a objectividade para o golo só surgiu no último minuto do tempo de descontos (90+6’), depois de uma sofreguidão de se lhe tirar o chapéu, porque pairou até aí o espectro da derrota. Campbell, dando o seguimento certo a um passe de Gelson, rematou para o 1-1 que, do mal, o menos, reduziu o “prejuízo” de menos três pontos para menos dois, dependendo agora do jogo do velho rival (Benfica) neste domingo.
Ao longo dos 90 minutos, a única verdadeira oportunidade criada foi no início da partida quando Gelson (3’) surgiu sobre o lado direito da grande área, fintou um defesa e, já na pequena área, disparou um remate forte que foi à base do poste mais perto, perdendo-se pela linha final.
Após este rasgo, o Tondela tratou de começar a “colar-se” aos jogadores dos leões, jogando homem a homem e não dando espaço de manobra aos comandados de Jesus – também ele afectado animicamente – o que como que “eclipsou” os homens vestidos de verde e branco, porque não conseguiam progredir, antes pelo contrário, não passavam de levar a bola para trás e para os lados (para abrir brechas), mas não nada resultado.
Uma certa apatia também se criou junto de alguns jogadores – em especial no meio campo – enquanto cá atrás Coates e Semedo tiveram que resolver todas as situações “preocupantes” que surgiram por parte dos irrequietos avançados tondelenses que, algumas vezes, obrigaram Patrício a estar atento e actuar em pela certa.
No onze inicial, Jesus voltou a dar preferência a Elias e não a Bruno César, como se tinha verificado no jogo com os alemães, o que voltou a não se perceber dado que Elias não provou frente aos germânicos e foi substituído por Bruno, que acabou por marcar o golo de honra.
Em função disso, Bruno justificou que devia ter tido a primazia de jogar de início, mas Jesus não o entendeu e acabou por suceder o mesmo frente ao Tondela, retirando Elias, que pouco ou nada fez.
No segundo tempo, o Sporting beneficiou (47’) de um livre frontal à baliza de Cláudio, mas a bola bateu ma barreira e foi para canto, do qual nada resultou, num momento que os leões começaram por pressionar os visitantes mas sem obter resultados palpáveis, enquanto o Tondela, sempre atento, aproveitou as abertas proporcionadas pela linha média sportinguista e subia com perigo, com Moreno (65’) a rematar bem perto do poste, com Patrício a ver a bola passar.
Pouco depois (72’), o Tondela marcou mesmo. Mas um momento de passividade da linha média e da defesa sportinguista, permitiu a Murillo iniciar uma arrancada pela direita, passou para Jailson, que a retornou a Murillo, já na grande área, para desviá-la para dentro da baliza de um Patrício desencantado com a situação do atraso dos seus defesas a fazerem a cobertura, que não aconteceu.
Nessa altura já se ouvia dizer, ainda em voz baixa. Ai Jesus!
No último quarto de hoje, o Tondela recorreu mais ao antijogo, que o árbitro permitiu sem reprimir – a não ser a atribuição de um amarelo ao guarda-redes Cláudio por retardar a colocação da bola em jogo.
O Sporting mantinha-se sem estratégia para chegar, no mínimo ao empate.
Que acabou por surgir aos 90+6’, por intermédio de Campbell, dando o melhor seguimento à bola passada pelo genial Gelson que, a talhe de foice, recebeu no Alvalade XXI, o troféu do melhor jogador da Liga no mês de Setembro.
Um empate bem amargo para os leões, com o Tondela a fazer atrasar o Sporting, tal como o tinha conseguido (2-2) na época passada.
No Sporting, realce para Gelson, que foi o homem do jogo pelo que trabalhou, seguindo-se Coates, Semedo, Bryan Ruiz, Schelotto e Patrício, enquanto no Tondela a equipa foi muito coesa, cumprindo à risca a estratégia definida por Petit, salientando-se Claudio, Gonçalves, Moreno, Murillo, Monteiro Amorim e Kaká.
Rui Costa (Porto) andou quase sempre sem problemas, até que o anti-jogo do Tondela começou e nada fez para o impedir, pese embora não tenha errado tecnicamente em muitos lances. Os assistentes Bruno Rodrigues e Tiago Costa estiveram bem.
As equipas alinharam:
Sporting – Rui Patrício; Schelotto, Rúben Semedo, Coates e Zeegelaar (Campbell, 74’); Gelson, William Carvalho e André Filipe (Castaignos, 60’); Bryan Ruiz, Elias (Bruno César, 45’) e Bas Dost.
Tondela – Cláudio; Jailson, Kaká, Rafael Amorim e Mamadu; Fernando Ferreira (Lystcov, 90+2) Bruno Monteiro e C. Gonçalves; John Murillo, Erick Moreno (Crislan, 80’) e Wagner (M. Cardoso, 62’).
Disciplina: Elias (5’), Monteiro (47’), Cláudio (72’), Bruno César (87’), William (90+3’) e Campbell (90+7’)