Liga NOS – Sporting, 2 – F. C. Porto, 1
No dia em que o agora ex-principal (quase único) marcador (27 golos, o segundo no campeonato) dos leões na época passada, Slimani, teve a sua festa de despedida emocionada – tendo obtido o golo da recuperação para a vitória – o Sporting conseguiu um oportuno e justificado triunfo que o isolou no comando do campeonato, o que serve sempre como um tónico psicológico de grande alcance, quiçá espectável até ao final da competição.
Perante uma plateia de 49.399 espectadores, o Sporting não teve tarefa fácil até porque começou titubeante, algo amorfo, com os vários sectores sem a articulação precisa, notando-se que falta algo. Pois claro! É que João Mário, o dono do meio campo e o motor de chegada aos avançados, não estava lá. Nem estará tão depressa, se é que algum dia voltará à casa sportinguista, porque foi fazer uma viagem até Itália, pelo menos para já.
Com um sentido mais atacante e mais organizado – quiçá embalado pelo magnífico resultado obtido para a Liga dos Campeões – o Porto apresentou-se em Alvalade como candidato ao título, pelo que estava em campo para tentar ganhar.
E foi quem criou mais perigo no primeiro quarto-de-hora, período em que os jogadores do Sporting andaram à procura do sítio certo de cada um, ao ponto de terem aberto o activo aos oito minutos de jogo, num golo algo “trapalhão” e no seguimento de um livre, sobre a direita do seu ataque, marcado por Layun, em que a bola atravessou toda a defesa sportinguista, algo apática (incluindo Patrício), tendo chegado, no lado contrário, a Felipe, que a empurrou para o fundo da baliza.
A perder, em casa, a formação leonina teve que se reorganizar, o que conseguiu num breve espaço de tempo, tão pouco que seis minutos depois (14’), chegou ao empate através de um terceiro remate, desta vez por Slimani.
Na marcação de um livre frontal à baliza, Bruno César rematou forte mas directamente para o poste, tendo a bola chegado aos pés de Gelson que, sozinho, fez a recarga mas sem que a bola entrasse e seguisse para o outro lado da baliza, apesar dos esforços do guardião portista, onde surgiu um Slimani de “raiva” a quase furar a rede.
O Porto retorquiu e André Silva voltou a incomodar Patrício (17’), ainda que sem perigo, para o Sporting voltar à carga e, dez minutos depois (27’), passar para a frente do marcador, com um golo em jeito mas com forte remate de Gelson, que estava colocado no sítio ideal (logo à saída da grande área, defronte para a baliza e só) para dar o melhor caminho a um ressalto da defesa, depois da marcação de um canto a favor dos leões e chegar ao 2-1, nessa altura já merecido para os comandados de Jorge Jesus.
Os homens do Porto queixaram-se de que Gelson teria ajeitado a bola com a mão mas não foi perceptível se isso se verificou.
Depois de André Silva ter rematado (30’), de longe e em arco, a raspar o poste da baliza de Patrício, o Sporting voltou ao comando das operações e Adrien (31’) obrigou Casillas a uma defesa com os pés, no que foi outra boa oportunidade para o Sporting até ao intervalo.
Com a reviravolta no resultado, o Porto acusou o “toque” que, provavelmente, influiu também na parte psicológica, pelo que foi referido e relativamente ao esforço feito no jogo contra o Roma, em Itália, dado que, no segundo tempo, foi ainda o Sporting a comandar o jogo até ao último quarto de hora, em que o Porto pareceu quer “reerguer-se” mas que não conseguiu.
Uma cabeçada de William (55’), no seguimento de um canto marcado por Bruno César, obrigou Casillas a uma grande defesa, para Ruben Semedo (58’) a antecipar-se ao guardião portista mas a cabecear por cima da barra.
O passo imediato foi de alguma confusão, dentro e fora das quatro linhas de jogo, quando William cometeu uma falta que originou um amarelo (60’) para o próprio, se bem que o árbitro não mostrasse também num amarelo a André André, por falta idêntica, o que levou aos protestos do banco sportinguista, onde Jesus e o médico Frederico Varanda se exaltaram e o árbitro expulsou-os do banco leonino (64’).
Reatado o jogo, Slimani (67’) e William (70’) criaram perigo masCasillas resolveu a bem os dois “assuntos”.
O Porto (82’) voltou a criar algum “frisson”, quando André Silva tentar chegar ao golo numa jogada em que surgiu com mais homens seus junto da defesa leonina, mas a questão foi abortada.
Acabou por ser o Sporting, através do estreante Campbell (87’), de William (89’) e João Pereira (90+3’) a criar dificuldades à defesa forasteira, mas o resultado não se alterou, terminando com uma vitória justa do Sporting, que passou a liderar a competição, com 9 pontos, correspondentes a três vitórias, seguido do trio formado por Benfica, Vitória de Setúbal e Sporting de Braga, todos com 7.
Sob a direcção do lisboeta Tiago Martins, que se estreou em “derbys” desta envergadura, gostamos do perfil, da forma como se apresentou em campo e geriu a parte técnica, mas não esteve tão bem no capítulo disciplinar porquanto não teve o mesmo critério para mostrar cartões em faltas idênticas nos dois lados – enquanto os assistentes André Campos e Pedro Mota não deram nas vistas.
As equipas alinharam:
Sporting – Rui Patrício; João Pereira, Coates, Rúben Semedo e Zeegelaar; William Carvalho, Adrien, Gelson (Campbell, 68’) e Bruno César (Carlos Mané, 89’); Brian Ruiz (Bruno Paulista, 68’) e Slimani.
F. C. Porto – Casillas; Layun, Felipe, Marcano e Telles; Herrera, André André (Depoitre, 73’) e Danilo; Corona (Óliver, 45’), André Silva e Otávio (Adrian Lopez, 84’).
Disciplina: amarelos para Gelson e Casillas (27’), Corona (38’), Adrien (41’), Danilo (42’), William (60’), Bruno Paulista (78’) e Bruno César (83’)
Expulsões: Jorge Jesus e Frederico Varandas (respectivamente técnico e médico do Sporting).