Europeu’2016 – Portugal, 3 – Hungria, 3
É difícil perceber (ou talvez não) se Portugal se apurou com a ajuda de “Fátima e todos os Santos” ou se prevaleceu o “Santo Mendes”, que tem na carteira uma boa mão cheia dos jogadores que tem jogado neste europeu (em especial nesta fase final).
E porquê? Por tudo e por nada porque, na realidade, nada e ninguém liga ao que se passa fora das quatro linhas, mesmo que alguns jogadores joguem sem estar em condições para a exigência que houve para um dos três encontros que fizeram sofrer a bem sofrer todos os portugueses quando, à partida, era quase unânime que Portugal era a mais candidata ao título e, em 270 minutos, apenas demonstrou ser uma equipa mediana ante adversários bem “medíveis” para as nossas cores.
Evidente também se torna para toda a gente que, conseguido o mínimo (apuramento), agora é que o campeonato vai começar a sério. Como portugueses assim o desejamos. Mas a realidade até agora vista não nos dá muita garantia. E se continuar a manter em campo jogadores “fora de forma”, preterindo outros (especialmente Adrien, que deu mostras de estar melhor que Danilo ou Renato).
Portugal teve sempre a maior posse de bola, mas não é sinónimo de superioridade. Muitos dos passes foram laterais, com velocidade reduzida e a produção atacante não foi por ai além, até porque a defesa húngara estava escalonada de forma a fechar muitos caminhos, em especial a Ronaldo.
A primeira prova disso mesmo surgiu quando Nani (7’), no meio campo, segurou a bola e avançou pela ala esquerda até quase à linha de cabeceira, com os olhos postos no chão e não na posição dos colegas, não conseguindo central mas ganhando um canto. E aqui surgiu outro problema: os cantos ou livres começaram a ser marcados (e continuaram até ser substituído) por João Moutinho. Sempre da mesma maneira, pelo que nenhum deu resultado para perigo eminente. Só ele é que sabe marcar? – fica a interrogação.
Aos 18’ Portugal já tinha conquistado meia dúzia de cantos e os húngaros apenas dois. Remates para a baliza e com perigo, não se viram. Mas viu-se muito bem o primeiro golo da Hungria, marcado por Gera (19’), que Patrício não teve capacidade para defender, depois de um erro cometido por Eliseu. Portugal teve mais posse de bola (56/44%) mas a produtividade “goleira” não existiu.
Com os ouvidos (e ou olhos) virados para o Islândia-Áustria (islandeses em vantagem), Portugal, nesta altura, estava afastado dos oitavos-de-final e a produção de Portugal baixou para um 51/49%, sinal de que tinha sofrido com o golo sofrido.
Noutro rasgo, Nani, o mais “velocista” no ataque, recebe um passe de Ronaldo e, descaído sobre o lado esquerdo do ataque, dá dois passos largos e surgiu isolado pelo lado direito do guardião húngaro e ficou livre para fazer um remate forte e levar a bola a entrar na rede, entre o poste e o guardião. Um golo justificado (42’) e marcado no momento ideal, tendo André Gomes, num rasgo individual, rematado forte mas à figura do guardião húngaro.
No primeiro minuto do segundo tempo, os húngaros marcaram o segundo golo. Reatamento rápido, ataque para o meio campo português, existiu uma falta contra um atacante adversário e o árbitro assinalou livre a cerca de 35 metros da baliza de Patrício, numa zona descaída um pouco para a direita da baliza. Chamado a marcar o livre, Dzsudzsak (46’) tentou levantar a bola sobre a barreira, mas foi André Gomes que, com o ombro, desviou a bola directamente para a baliza de Patrício, que tinha o ângulo de visão perfeitamente fechado. O erro voltou a estar presente.
Com uma arrancada de se lhe tirar o chapéu (porque resolve jogos), Cristiano passou a bola a João Mário, sempre em andamento vivo, que a devolveu para Ronaldo fazer um golo de belo efeito, com um desvio de calcanhar, fixando-se, de novo o empate (49’).
Mas nada parava as intenções dos húngaros que, perdendo quase sempre com Portugal, também queriam vencer (o que ficou bem patente desde o primeiro minuto de jogo) e voltaram a adiantar-se no marcador (54’) quando, também de livre, Dzsudzsak rematou forte mas a barreira devolveu a bola para os seus pés, recentrou a sua posição para a zona mais fronteira à baliza e onde voltou a rematar forte e a marcar o terceiro golo magiar, com a bola a ser desviada por toque de Nani, com a Patrício a ficar “escandalizado” porque não viu a bola partir.
Ainda assim, Portugal só “abanou” mais um pouco e ainda conseguiu força para voltar a empatar (a três), com outro golo (61’) de Ronaldo, feito de cabeça e em resposta a um belo centro de Ronaldo.
Dois minutos depois, Patrício é novamente surpreendido e viu a bola bater no poste da baliza que defendia, mas passando o perigo.
Com este resultado – que convinha às duas formações – a Hungria remeteu-se apenas ao seu meio campo e Portugal teve ainda vinte (mais três) minutos para poder tentar chegar ao triunfo, mas o empate, servia melhor a equipa nacional, porquanto “fugia” aos chamados tubarões que estavam nos outros grupos. E assim foi, chegando-se ao fim com o 3-3 da “salvação nacional”. Vamos ver até quando.
O britânico Martin Atkinson (voltou a dar sorte a Portugal) – bem como os seus assistentes – quase nem se deu por ele, por um lado porque não cometeu erros e, por outro, porque os jogadores tiveram bom comportamento, apesar dos quatro amarelos mostrados aos húngaros Guzmics (14’), Juhasz (28’), Gera (34’) e Dzsudzsak (56’).
Constituição das equipas:
Portugal – Rui Patrício; Vieirinha, Pepe, Ricardo Carvalho e Eliseu; André Gomes (Quaresma, 61’), William Carvalho, João Moutinho (João Mário, 46’); Ronaldo e Nani (Danilo, 81’).
Hungria –Kiraly; Lang, Guzmics, Juhasz e Korhut; Gera (Bese, 46’) e Pinter; Dzsudzsak, Elek, Szalai (Németh, 71’) e Lourencsics (Stieber, 83’)
Quadro de jogos dos oitavos-de-final
Suíça-Polónia – sábado, 14 horas, em St. Etienne
País de Gales-Irlanda do Norte – sábado, 17 horas em Paris
Croácia-Portugal – sábado, 20 horas em Lens
França- República Irlanda – domingo, 14 horas em Lyon
Alemanha-Eslováquia, domingo, às 17 horas em Lille
Hungria-Bélgica – domingo, em Tolouse às 20 horas
Itália-Espanha, segunda-feira, em Saint Denis às 17 horas
Inglaterra-Islândia, segunda-feira, em Nice às 20 horas.