Numa cerimónia simples mas emotiva, a bandeira portuguesa foi entregue ao primeiro-ministro, António Costa que, por sua vez, a deu ao comandante do Navio Escola Sagres, António Gonçalves, para a levar até ao Rio de Janeiro e ser desfraldada no desfile de abertura dos Jogos, após o que foi ouvido e cantado o hino nacional.
Depois disso, António Costa começou por salientar o simbolismo da Sagres, não só como navio escola mas pelo que isso significa por recordar os caminhos que Pedro Álvares Cabral desbravou em 1.500 para vencer o Atlântico e chegar ao Brasil, num trabalho de equipa através de superação individual dos que integraram esse roteiro, de valor universal.
Recordou Fernando Pessoa que “a coragem não é chegar mas sim partir” e também, como referiu Pierre de Coubertain “o mais importante que vencer é participar” pelo que esta viagem e a presença portuguesa nos jogos é sinónimo de esperança de uma boa participação portuguesa, relevando a presença de 85 atletas portugueses.
A quem desejou as maiores felicidades com a certeza de que “a Pátria honrai que a Pátria vos contempla”, o lema do Navio Escola Sagres.
Com as velas ao vento, a Sagres deixou Lisboa, “beijou” a Torre de Belém, que recorda todas as odisseias marítimas portuguesas, e seguiu Oceano abaixo, directamente para Cabo Verde, onde estará de 3 a 6 de Julho, seguindo-se a maior viagem (Cabo Verde – Recife) onde estará de 19 a 22 de Julho, passando por Fortaleza (26 a 28 de Julho) e chegando ao Rio de Janeiro a 3 de Agosto, onde ficará até ao dia 22, dois longos meses, regressando de seguida a Lisboa onde chegará a 25 de Setembro.
A cerimónia que contou com a presença do Primeiro-Ministro, António Costa, do Ministro da Defesa, Azeredo Lopes, do Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, dos Secretários de Estado do Desporto e Juventude e da Defesa, João Paulo Rebelo e Marcos Perestrelo, o Chefe do Estado-Maior da Armada Almirante Macieira Fragoso, bem como do Presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, da Vice-Presidente e campeã olímpica, Rosa Mota, do Chefe da Missão Rio 2016, José Garcia, e do Porta-Estandarte da Equipa Olímpica na Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, João Rodrigues.
Como já revelámos, o velejador madeirense João Rodrigues, o mais olímpico de todos os atletas portugueses da história do movimento olímpico nacional, que somará a sétima participação olímpica no Rio de Janeiro, será o porta-bandeira na cerimónia de abertura.
Guarnição da Sagres
A guarnição do NRP Sagres é composta por 128 militares (9 oficiais, 16 sargentos e 103 praças), a que se somam dois mergulhadores e dois aspirantes da Escola Naval, um deles oriundo de Cabo Verde, que cumprem o seu estágio de embarque. Tratando-se de uma viagem de instrução, embarcam os 44 cadetes do 2.º ano da Escola Naval, Curso Jorge Álvares, acompanhados do respectivo director de instrução, do comandante de companhia e de um sargento. Além dos mencionados, também viaja um guarda-marinha da US Navy.
No total, a bordo do navio-escola Sagres está previsto que sigam cerca de 179 pessoas.
O NRP Sagres será a Casa de Portugal no Rio de Janeiro em resultado da parceria entre a Marinha Portuguesa e o Comité Olímpico de Portugal, constituindo um fator de motivação para os atletas da Missão Olímpica Portuguesa. É também a plataforma de excelência para realização de eventos promovidos pelas empresas associadas ao projecto e divulgação dos seus produtos. Os parceiros desta iniciativa são: Indústrias de Defesa Nacional, Banco Santander, Svitzer, Docapesca, Saúde Prime, Martifer, Hotéis Vila Galé, Braga Capital Ibero-Americana 2016, Portugal Sou Eu, Secretaria de Estado da Defesa Nacional e RFM.
Viagem terá paragens em Cabo Verde, Recife e Salvador da Baía
Os portos de escala desta viagem do NRP Sagres foram definidos no âmbito da viagem de instrução dos cadetes do 2.º ano da Escola Naval – Curso Jorge Álvares.
O NRP Sagres vai estar aberto a visitas em todos os portos, estando previsto ficar três dias atracado na Cidade da Praia, três dias no Recife, dois dias em Salvador e 19 dias no Rio de Janeiro. No Rio de Janeiro, em resultado da excelente relação com a Marinha do Brasil, o NRP Sagres vai ficar atracado próximo da praça Mauá, no Cais da Portuguesa, na Ilha das Cobras. Por norma o Navio Escola Sagres abre a visitas entre as 10h00 e as 19h00, sujeito a confirmação para cada dia. Em média, o Navio costuma receber cerca de dez mil visitas por dia.
Durante a estadia no Rio de Janeiro o NRP Sagres servirá nas suas recepções oficiais uma grande variedade de pratos portugueses e também os melhores vinhos nacionais, sendo de destacar o Caldo Verde, o Bacalhau à Brás e o Pastel de Nata.
Após a estadia no Rio de Janeiro o navio inicia a travessia atlântica de regresso a Lisboa, atracando novamente em Cabo Verde, desta vez no Mindelo, Ilha de São Vicente, de 10 a 12 de Setembro.
Sobre o NRP Sagres
Derradeiro símbolo vivo da nossa Marinha, o navio-escola Sagres foi construído em 1937, em Hamburgo. Lançado à água a 30 de Outubro, recebeu o nome de Albert Leo Schlageter e serviu como navio-escola da Marinha Alemã. Para mitigar os prejuízos causados pelos submarinos germânicos, em 1948 foi cedido ao Brasil. Como Guanabara, foi navio-escola da Marinha Brasileira até 1961, altura em que Portugal o adquiriu para substituir a antiga Sagres.
Incorporado na Marinha Portuguesa a 8 de Fevereiro de 1962, além do nome também herdou do anterior navio-escola a Cruz de Cristo que exibe nas velas, assim como a efígie do Infante D. Henrique, patrono e figura de proa do navio. Repositório da nossa tradição naval, o NRP Sagres assume um papel crucial na formação dos cadetes da Escola Naval, que a bordo desenvolvem capacidades de liderança, temperam saberes técnicos e aprendem a respeitar o mar e os seus desígnios. Com uma história que se confunde com lenda, já efectuou três voltas ao mundo, visitou mais de 160 portos estrangeiros em 60 países e acolheu inúmeras figuras ilustres e milhões de visitantes. Na qualidade de Embaixador Itinerante, contribui para a afirmação de Portugal no mundo através da divulgação da cultura, dos valores e dos produtos nacionais, levando o solo pátrio às comunidades portuguesas espalhadas pelos cinco continentes.
Velejadora olímpica Joana Pratas também embarcou
Pelo simbolismo da viagem, em representação do Comité Olímpico de Portugal seguiu a velejadora Joana Pratas, que representou Portugal em três olimpíadas (Atlanta, Sydney e Atenas) integrando os 179 tripuilantes e que irá fazer toda a travessia Atlântica até ao Rio de Janeiro.