Taça de Portugal “Placard”
Sem ser em ouro – esse metal de elevado valor – não há dúvida que o Braga merece o título ao conquistar a Taça de Portugal cinquenta anos depois de ter ganho a primeiro, o que valoriza o trabalho que teve para atingir o triunfo, numa altura em toda a gente já estava muda e a pensar no que se passou há um ano, quando perdeu para o Sporting, também com um final dramático.ais aguerrido ao longo de todo o tempo de jogo, em contra-ataques que puseram os “cabelos em pé” aos defesas portistas, os bracarenses souberam construir um resultado que poderia (e se pensava) ser histórico, não fora a sorte ter estado do lado do Porto no último minuto do tempo regulamentar.
Embora com um jogo jogado mais apoiado, com a bola a passar de pé em pé, a verdade é que o Porto pouco perigo criou para a baliza de Marafona, em especial na primeira parte, com o guardião a servir de espectador, por um lado e, por outro, pelo facto de Rui Fonte ter aberto a “fonte” – ainda com onze minutos de jogo – que só “secou” quando Goiano fez “secar”, de vez, qualquer veleidade dos homens de José Peseiro em dar a volta a um fim anunciado.
Usando o contra-ataque como arma mortífera, com saídas rápidas da defesa para o ataque – onde Rafa e Rui Fonte foram mentores” – e aproveitando os erros da defesa portista, o Braga acabou por tornear alguns obstáculos que se colocaram, pese embora tivesse um Marafona, na parte final, a resolver (quase) tudo, porque não esperava a sorte de André Silva em cima do minuto noventa, quando empatou com um espectacular pontapé de bicicleta, daqueles que só saem poucas vezes. Azar dos azares.
Foi por um erro dos centrais (Marcano e Chidozie, mais este último) e também de Helton – porque se adiantou de mais enquanto os seus colegas pararam – que surgiu o primeiro golo bracarense, com Luís Fonte a insistir, intrometer-se, “sacar” a bola e metê-la na baliza deserta.
A vencer, os bracarenses aproveitaram para equilibrar a posse de bola – apesar de o Porto ter conseguido seis cantos dos quais não obteve qualquer proveito – “obrigando” o Porto a reforçar a acção ofensiva, com Maxi (34’) a poder ter marcado num centro-remate, que foi impedido por um voo de Marafona a desviar a bola pela linha final.
Nesta fase, os jogadores portistas continuaram a insistir mais nas acções individuais, desprezando o colectivo, com o Braga a fechar os corredores de acesso à baliza à guarda de Marafona.
No segundo tempo, Chidozie ficou no balneário (castigo pelo erro que originou o primeiro golo do Braga?), o Porto entrou para tentar virar o resultado a seu favor, tendo Herrera (56’) remata forte mas ao lado.
Na célere resposta – dois minutos depois – o Braga chegou ao 2-0 (58’). Josué infiltrou-se pelo meio, forçou até à grande área, onde Marcano comete um erro fatal e frente a Helton atirou para o fundo da rede. Dois erros, dois golos e o Porto podia, a partir daí, “descambar”.
Mas ainda teve arte para recuperar rapidamente porquanto, dois minutos depois, reduziu para 1-2, com um golo obtido por André Silva, no seguimento de um centro remate de Brahimi.
Com este novo tónico, o Porto “arregaçou” as mangas e (71’) o empate esteve à vista, quando André Silva rematou para uma grande defesa de Marafona e Layún (80’) marcou um canto para Aboubakar cabecear ao lado.
Com um Braga a começar a ficar “cansado”, o Porto carregou nos últimos minutos e os bracarenses sentiram-se em perigo. Tanto que, num lance com alguma confusão dentro da área, a bola chega a André Silva, que num pontapé acrobático (bicicleta) fez o 2-2 em cima do minuto noventa, silenciando por completo a “nação” bracarense. Com o cumprimento de cinco minutos de “descontos”, o empate manteve-se.
Terceiro tempo começou e, por incrível que pareça, a referida claque manteve-se calada. O espectro de 2015 (frente ao Sporting) estava muito fresco.
O andamento andou algo pelo “morno”, sem grandes motivos de alarme para qualquer dos lados, o que se manteve no quarto período, com tudo preparado para as grandes penalidades.
Com Herrera e Maxi Pereira a permitiram a defesa de Marafona, o Braga não perdoou e apenas bastaram quatro penalidades máximas para chegar à Taça. Para gáudio, finalmente, na “nação” bracarense – e também do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que é associado do clube.
Demorou, foi algo angustiante, mas o Sporting de Braga mereceu por completo a Taça de Portugal, onde nem Artur Soares Dias nem os seus auxiliares principais contribuíram, em nada, para o resultado final. Desta vez, o fair play existiu, dentro e fora do campo, com a a “nação” portista a aceitar de bom grado uma derrota que sempre esteve à vista, mais evidente a partir do 2-0 alcançado pelos bracarenses.
O melhor jogador em campo – por votação dos jornalistas presentes – foi André Silva (numa segunda votação face a ter havido prolongamento), inteiramente merecido, precisamente pelos golos que fez e que levou o Porto ao prolongamento.
O prémio Fair Play foi atribuído a Danilo Pereira, de acordo com a decisºao tomada pelo júri para o efeito nomeado.
Destaque ainda para Varela, Brahimi, Danilo Pereira, Maxi Pereira e Layún.
No Braga, Marafona acabou por ser a estrela mais cintilante, a par de Rui Fonte e Rafa, bem como André Pinto. Luiz Carlos, Hassan, Goiano e Josué.
As equipas alinharam da seguinte forma:
F.C. Porto: Helton; Maxi Pereira, Chidozie (Rúben Neves, 45’), Marcano e Layún; Danilo, Sérgio Oliveira (André André, 72’), e Herrera; Varela (Aboubakar, 78’), Brahimi e André Silva.
Sporting de Braga: Matheus; Baiano, André Pinto; Ricardo Ferreira (Boly, 76’) e Goiano; Mauro, Luiz Carlos e Josué (Pedro Santos, 83’); Rafa, Rui Fonte (Stojiljkovic, 59’) e Hassan.
Disciplina: André Silva e André Pinto (86’); Marafona (102’) e Mauro (113’).
Equipa de arbitragem: Artur Soares Dias, auxiliado pelos assistentes Rui Licínio e João Silva (Associação do Porto), bem como o quarto árbitro (Bruno Rodrigues), com Hugo Miguel e Tiago Martins (Associação de Lisboa) a estrearem os árbitros assistentes adicionais (baliza).