Contra mares, marés e marinheiros mais ou menos “doces”, o espanhol Nicolas Almargo “limpou” o Millennium EstorilOpen’2016 com autoridade, sabendo dar a volta a algumas infelicidades que teve pelo meio.
O tenista de 30 anos derrotou Pablo Carreño-Busta, de 24, na tarde deste domingo (por 6-7[6], 7-6[5] e 6-3) e estreia-se a conquistar provas do ATP World Tour em Portugal.
Num duelo 100% espanhol, Almagro (71.º no ranking) partia como o favorito pelas credenciais que ganhou no circuito mundial ao longo de toda a carreira, mas Carreño-Busta (50.º) quis ter uma palavra a dizer naquela que foi a sua segunda final de carreira e adiou ao máximo a decisão. Só após 2 horas e 46 minutos foi possível conhecer-se o vencedor da segunda edição do torneio, que contou com casa cheia para o dia de finais.
Determinado em quebrar o jejum de quatro anos no circuito mundial (o último dos 12 títulos tinha sido conquistado no ano de 2012), Almagro entrou melhor naquela que foi a 23.ª final da sua carreira mas viu Carreño-Busta elevar o nível nos momentos decisivos para devolver quebras de serviço em duas ocasiões e salvar quatro set points no tiebreak para se adiantar no marcador.
No segundo parcial, o cenário repetiu-se: Almagro voltou a quebrar primeiro e a servir para fechar o set, mas viu-se num novo tiebreak onde, aí sim, conseguiu igualar o marcador da final para começar a construir uma “remontada” consumada num terceiro set mais descansado para o mais velho dos dois espanhóis.
Quase três horas depois do começo do encontro, Nicolas Almagro ergueu os braços para celebrar a sua primeira conquista desde o torneio de Nice, em 2012. Emocionado, o número onze espanhol no ranking celebrou com a sua equipa, que desceu ao court para o abraçar, enquanto foi muito aplaudido pelo público que voltou a esgotar o Estádio Millennium.
Um campeão comovido agradeceu o apoio de todos os que sempre estiveram do seu lado e não escondeu a satisfação pelo regresso aos títulos no circuito profissional, quatro anos depois. O jogador espanhol disse “que esta é a recompensa por muito e árduo trabalho tido e não perdeu uma oportunidade para agradecer à sua mulher por todo o apoio.
“Acho que o final do encontro se decidiu por detalhes, e dizer que foi apenas pelo serviço não é correto. Houve momentos de tensão, de ténis muito bom e de ténis não tão bom. Foram 4 anos sem vencer, dois anos com lesões praticamente o ano todo a pensar em recuperar e a voltar. Não estava a encontrar regularidade e sabia que se trabalhasse ia acabar por conseguir voltar a ganhar títulos”, comentou o jogador espanhol.
Almagro recordou os momentos menos bons da carreira e disse que “as pessoas valorizam-se nos momentos difíceis” e que o apoio dos seus entes queridos, apesar de não serem muitos, são essenciais: “posso contar pelos dedos da minha mão quem são os meus amigos. Se não fosse a minha mulher, irmãos e pais não voltava a competir”.
“A nível de ténis foram anos difíceis, mas pessoalmente foram anos que me fizeram crescer como pessoa”, concluiu Almagro, frisando constantemente o apoio de Rafaela, a sua mulher.
Nicolas Almagro segue agora para Madrid, onde vai disputar o Masters 1000 local. Como primeiro adversário está Borna Coric e, em caso de vitória, segue-se Novak Djokovic. Um começo nada fácil.
Nos pares, Eric Butorac soma o terceiro título em Portugal, ao passo que Scott Lipsky leva já cinco troféus por terras lusas, tendo-se consagrado como os novos campeões de pares do Millennium Estoril Open. A dupla norte-americana, quarta cabeça-de-série, derrotou os principais favoritos, Lukasz Kubot e Marcin Matkowski, pelos parciais de 6-4, 3-6 e 10/8 ao fim de 90 minutos.
O nível apresentado por Butorac e Lipsky ao longo da semana já fazia prever que a dupla norte-americana iria ser difícil de derrotar neste domingo. Em pleno Estádio Millennium, os números 42 (Lipsky) e 48 (Butorac) da hierarquia mundial viram até a dupla adversária entrar mais agressiva no encontro, mas um jogo de serviço “roubado” ao 3-3 foi suficiente para arrecadar a primeira partida no quinto set point.
No segundo set, os polacos Kubot e Matkowski ficaram desde cedo com um break de vantagem e, apesar de um deslize na ponta final, encaminharam a decisão dos vencedores para o supertiebreak, onde recuperaram ainda de uma desvantagem de 3-5 mas não foram a tempo de impedir o terceiro título de Butorac e de Lipsky como equipa – o segundo dos quais em Portugal.
“Gostava de saber porque é que tenho tanto sucesso aqui e tentar repetir noutros países! O tempo aqui é fantástico, lembra-me a Califórnia. A cidade é fantástica, a comida é fantástica, o hotel é fantástico…”, confessou Scott Lipsky.
“Ficamos sempre muito felizes por regressar a Portugal”, acrescentou Eric Butorac, “toda a gente é muito hospitaleira e acho que os jogadores ficam bastante relaxados por virem aqui, porque as pessoas parecem mesmo felizes em receber-nos. Ganhámos duas vezes em Portugal, o Scott ganhou cinco vezes e já lhe disse que devia investir numa casa aqui em Cascais!”
Em termos individuais, este é o quinto título de Scott Lipsky em Portugal – o ano passado foi campeão ao lado de Treat Huey -, e por isso não é de espantar que o jogador de 34 anos tenha dito que vai regressar ao nosso país enquanto e mantiver no circuito profissional. Já Eric Butorac somou o terceiro título por terra portuguesas.
O directo do torneio, João Zilhão, teve oportunidade de elogiar o público presente, que cumpriu a expectativa de 38 mil espectadores
“Satisfeito com o aumento do número total de espectadores, o bom tempo e as melhorias feitas em relação à primeira edição” foi assim que João Zilhão se apresentou em conferência de imprensa após a conclusão da final de singulares masculinos, ganha por Nicolas Almagro.
O director do único torneio ATP 250 português fez um balanço muito positivo do número de espectadores: “este ano tivemos quase 38.000, quando em 2015 tínhamos tido cerca de 32.000. Comecei por apontar os 35.000 como a marca que queríamos atingir e estamos muito contentes por ter conseguido superá-la”.
“Recebi um e-mail do chairman da ATP a dizer que todo o trabalho que temos feito é positivo e isso deixa-nos muito satisfeitos”, disse João Zilhão, que salientou o bom tempo que se fez sentir ao longo de toda a semana e os preços acessíveis dos bilhetes para todas as sessões do evento, que foram ainda conjugados com promoções especiais.