Bem se pode dizer que foi uma vitória “arrancada a ferros” a que o Benfica conseguiu ante o Vitória de Setúbal, que se apresentou na Luz de “fato de macaco”, até porque precisava (e precisa) de pontos para evitar cair na despromoção.
Tanto que, na jogada após o apito inicial do árbitro, os setubalenses se colocaram na liderança do marcador aos 14 segundos, numa arrancada fulminante pelo lado direito do seu ataque, com Eliseu e Jardel a não conseguirem refrear o ímpeto de Groupec e deixaram o extremo vitoriano centrar para o meio da grande área onde surgiu um André Claro confiante que, de cabeça, enviou a bola para o fundo da baliza, ante uma certa apatia de Ederson, que ficou admirado pela rapidez do lance e, praticamente, não se fez ao lance.
Com este “balde de água fria”, que ninguém esperava, o Benfica teve que se reinventar e dar enargia suplementar para recuperar um golo que podia fazer muito mal se não fosse resolvido com rapidez a desvantagem.
Daí que os comandados de Rui Vitória começaram a acelerar – Jonas ainda meteu a bola na baliza setubalense mas não valeu porque estava fora de jogo (3’) – mas as investidas tidas esbarraram no excelente trabalho do guardião Ricardo e por alguma falta de pontaria de Mitroglou (7 e 9 e 13’) e de Jonas (12’) que atiraram a bola ao lado ou para o guarda-redes defender.
E foi, ainda, o Vitória a criar perigo, em que o 2-0 esteve perto de se concretizar, quando (15’) Viegas centrou a bola para André Claro (que tinha marcado o primeiro golo) rematar ao lado, bem perto do poste, uma vez mais com a defesa benfiquista (Pizzi e Nelson Semedo) em “mau estado”.
Aos 18’ Jonas começou a tentar dar a volta à falta de golos, pese embora o maior pendor atacante, com muito mais posse de bola mas sem acertar no alvo, obrigado Ricardo a outra boa defesa.
No minuto seguinte, o Benfica chegou à igualdade. O “municiador” (Gaitán) de Jonas começou a acertar nos pormenores e centrou com conta, peso e medida para o melhor marcador da Liga rematar, muito perto da linha de golo, para dentro da baliza, depois de a bola ter sofrido um leve desvio ao tocar levemente num defesa sadino.
O “massacre” foi tão grande que os setubalenses “abanaram” um pouco e não resistiram ao segundo golo benfiquista que, ao nono canto marcado por Gaitán, a bola vai à cabeça de Jardel para atirar, com força, a bola para o fundo da baliza, fazendo o 2-1, naturalmente merecido.
Pizzi (40’) consegue isolar-se na cara do guarda-redes, tentou fazer um chapéu, devagar e com pouca convicção, o que levou a defesa forasteira a afastar para novo canto, do que nada resultou.
No segundo tempo, o Benfica continuou com pressa em aumentar o score, para poder “descansar”, mas a verdade é que as coisas não correram de feição, porque não marcaram e porque o Vitória “chateava”, como se verificou aos 60’, quando Ruca tentou “enganar” Ederson e este fechou o ângulo a tempo, defendendo e evitando um possível golo.
Aos 62’, Lindelof cabeceou para uma grande defesa de Ricardo, enquanto – provavelmente por cansaço – o Setúbal colocou seis defesas em linha numa altura em que se tinha aumentado de ritmo por parte das duas equipas, num forcing para resolver a situação de uma vez.
Rui Vitória – face as desgaste que se pressentia a olhos vistos – mandou entrar Carcela para render Gaitan (com falta de ritmo face a uma lesão que o afastou do jogo com o Bayern para a Liga dos Campeões) e pouco depois Jardel teve nova oportunidade para tentar marcar mas enviou a bola muito por alto.
Com o Benfica sempre a comandar o jogo, os setubalenses não se deixaram abater e continuaram a criar alguns nervos aos benfiquistas, dentro e fora de campo, onde a chuva também caiu com alguma quantidade.
Depois de se saber que estiveram no Estádio Luz 54.855 espectadores, a alegria manteve-se e Carcela (88’) atirou fraco e à figura de Ricardo, com o Vitória sem dar mostras de querer ficar-se por aí. Com fair play foi aceitando a situação mas sempre com cuidados.
Os últimos minutos foram de gritos, com Pizzi a cometer uma asneira de todo o tamanho e que não foi pior porque Ederson estava de olho aberto, vislumbrou a jogada e conseguiu afastar a “redondinda”, depois de Arnold ter o golo à vista. E o jogo acabou por aí antes que fosse … tarde demais!
O resultado ajusta-se ao desenrolar do jogo e o Benfica mantém a liderança e isso é o mais importante para a nação benfiquista.
No Benfica – onde o onze se portou de forma global – deve-se realçar Ederson, Lindelof, Gaitan, Mitroglou, Pizzi, Jonas, Nelson Semedo e Jardel, onde Jonas continua a ser o rei dos golos, enquanto os melhores do Setúbal foram Ricardo, Tiago Valente, Paulo Tavares, André Claro, Arnold e Gorupec.
Rui Costa (Porto) não teve e não provocou problemas de nenhuma ordem, passando incólume, bem ajudado pelos assistentes Álvaro Mesquita e João Silva.
Constituição das equipas:
Benfica – Ederson; Nelson Semedo, Lindelof, Jardel e Eliseu; Pizzi, Fejsa (Samaris, 69’), Renato Sanches e Gaitan (Carcela, 61’); Jonas e Mitroglou (Raul), 81’).
Vitória Setúbal – Ricardo; William Alves, Frederico Venâncio, Tiago Valente e Ruca; Arnold (Shaher Mansour, 90+3’), Dani, Paulo Tavares (Miguel Lourenço, 70’) e André Claro; Gorupec e Vasco Costa (Makuszewski, 67’).
Disciplina: amarelo para Miguel Lourenço (86’), Jonas (90’) e Shaher Mansour (90’+3’).
Artur Madeira